logotipo do Claro!

 

Vocês são primos?

 

Por Bruna Arimathea

 

Carla e Flávio viveram um amor de infância mais de 20 anos depois. E tudo começou com uma brincadeira, na casa dos tios: “eu vou me casar com você”. Nas férias escolares, os dois primos se encontravam em Petrópolis, no Rio de Janeiro, e a separação não vinha sem muito choro das duas crianças. Afastaram-se na adolescência e nunca mais se viram. Há 6 anos se encontraram pela internet e decidiram viver juntos.

 

Apesar de representar um tabu, o casamento entre primos não ficou restrito às grandes famílias do século passado, onde era comum — e vantajoso — o relacionamento nesse grau para manter as posses e heranças no mesmo sobrenome por gerações. Hoje, sem a tradição e as famílias numerosas, o relacionamento ocorre por escolha. Ou melhor, amor.

 

“Os primos são tidos como amigos, pessoas que podem compartilhar a vida na mesma faixa etária, passando pelas mesmas situações e ciclos da vida individual. Isso envolve uma relação afetiva. Acaba sendo como se não fossem primos”, afirma Andreza Manfredini, psicóloga especialista em relações familiares. Para ela, por conta desse afeto, a relação amorosa pode nascer e se constrói em um campo separado ao do parentesco.

 

Rebecca e Arão se conheceram quando se mudaram para a mesma cidade. Juntos desde a adolescência, o casal não foi bem aceito na família, mas Rebecca afirma que, assim como a maioria dos casais, não existe nenhuma interferência do parentesco entre os dois. “Agimos normalmente em tudo, até porque ninguém sabe que somos primos até ter uma certa intimidade”.

 

Passado o estranhamento na casa dos parentes, o casamento seguiria para uma outra fase, tão complicada quanto o começo da relação: os filhos.

 

As chances de primos de 1º grau terem um filho com doença rara é, no mínimo, 10 vezes maior que o risco da população em geral, explica Gianna Carvalheira, docente de genética da Escola Paulista de Medicina. No caso de Rebecca e Arão, o mapeamento genético foi a escolha para ter certeza que não possuem fatores genéticos de risco.

 

Além das chances aumentadas nos casamentos consanguíneos, se existir algum caso já registrado na relação parental, a gestação pode ser ainda mais perigosa, por isso é necessário identificar o histórico familiar individual. Para todos os casos, Gianna recomenda o aconselhamento genético na hora de pensar em filhos.

 

O casal, porém, tinha clara a intenção de perpetuar o que os uniu e os mantêm juntos apesar de todas as adversidades. Caso os exames apresentassem resultado negativo, a adoção seria o método utilizado pelos dois. O que vale para eles é a certeza de que o amor não escolhe laços sanguíneos para acontecer.

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

Expediente

Contato

Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Bloco A.

Cidade Universitária, São Paulo - SP CEP: 05508-900

Telefone: (11) 3091-4211

clarousp@gmail.com