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A metamorfose de conceitos

 

Por Pedro Gabriel

 

Desde sempre, o ser humano é influenciador e influenciado. A todo instante exerce ambos os papéis constantemente, com a consciência disso ou não. Decerto, sempre passamos por esse processo, às vezes de forma muito sutil como por exemplo quando somos influenciados por um livro ou texto. Mas também somos influenciados e participamos na influência de outras pessoas, mesmo que indiretamente, explica Rafael Araújo, professor do Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP.

Mas afinal, o que é, para a ciência, a influência? De acordo com Beatriz Bambrilla, professora de Psicologia Social da PUC-SP, não há um consenso certo sobre o fenômeno: “é um conceito que ao longo da história também foi se atualizando”. Ela ainda acrescenta, dizendo que durante as décadas de 1960, 1970 e 1980, a psicologia social era baseada em experimentos e discutiu sobre o fenômeno. Antes disso os primeiros trabalhos da filosofia, sobre retórica e da eloquência do discurso persuasivo, já tinham em sua discussão, como plano de fundo, a ideia da influência social. 

Na década de 1960, a Escola de Chicago produziu, no contexto dos experimentos da psicologia social, a perspectiva do interacionismo simbólico que poderia então afetar o que hoje chamamos de influência social. Rafael Araújo diz que essa vertente se baseia na ideia de que os indivíduos interagem entre si e com o habitat, que pode ser uma espacialidade, uma cidade, uma cultura, o ambiente, um conjunto de elementos que compõem esse ambiente. “As pessoas interagem e estabelecem relações para potencializar a sua sobrevivência”, complementa.

Anos antes, Freud e Le Bon, no livro chamado A Psicologia de Massas e a Análise do Eu (1921), descrevem as massas a partir de lideranças que estabelecem vínculos de identidade com os membros do grupo. De acordo com Rafael, seguindo essa tese, esse líder poderia ser tanto uma pessoa viva ou morta, quanto uma ideia, um conceito, uma ideologia ou até mesmo uma religião. Neste caso, a influência social se dá exclusivamente por meio do contato com a liderança, que estabelecem vínculos de identidade com os membros do grupo. 

De toda maneira, Bambrilla ressalta que o contexto em que essas vertentes foram pensadas era muito diferente do atual. Para ela, após os anos 90 passamos a discutir ideologia, pensando disputa (efetivamente disputa de projeto) e como isso se dá na relação indivíduo-sociedade e, inclusive, na relação intergrupal. “Agora o momento exige que a gente pense essa questão da influência social, que não é a mesma que estávamos pensando na década de 60, mas é uma influência das redes sociais, uma influência que é simbólica”. 

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

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