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Conexões variantes

 

Por Leticia Cangane

 

capa-neurodiversidade

Arte por Júlia Carvalho

 

Em Percy Jackson, série de livros lançada em 2005, que ambienta a mitologia grega no século 21, os heróis eram diferentes. Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade, o TDAH? Reflexos para o campo de batalha! Dislexia? Sua cabeça é programada para ler grego antigo! Foi na geração que tornou os heróis clássicos indivíduos neurodiversos que a Giovanna cresceu.

 

Foco e concentração são um desafio para a jovem de 21 anos, que descobriu seu diagnóstico enquanto pesquisava sobre personagens com TDAH: se identificou com as características e foi atrás de uma opinião profissional. Junto com a Dislexia, um transtorno de aprendizagem, e o Transtorno do Espectro Autista (TEA), relacionado ao desenvolvimento e à interação, o TDAH compõe o espectro da neurodiversidade.

 

Esse conjunto é composto por condições neurológicas resultantes de variações normais no cérebro. O Matheus reforça isso. Além do TDAH, ele também está no espectro autista. Você não julgaria um cachorro por sua habilidade de chocar ovos, nem um coelho por sua habilidade de escalar árvores. Tenho dificuldade em atividades incompatíveis com a minha forma de ser. Sou um ser humano, minhas conexões cerebrais só trabalham de forma diferente.

 

Cada uma das condições variantes se manifesta de muitas formas diferentes. A dislexia pode apresentar desde dispersão até dificuldade no desenvolvimento da linguagem. Já o TEA pode se manifestar na sensibilidade sensorial, nas interações, em comportamentos repetitivos ou interesses restritos. 

 

Mas cada indivíduo é diferente, tanto nas manifestações dos transtornos quanto na forma como lida com eles. Como diz a Sophia, é preciso conhecer as nuances de cada pessoa para ver como a condição vai se manifestar. Cada pessoa é única, e por consequência, cada pessoa neurodiversa é única.

 

Sophia é mestranda em comunicação, autora de sete livros e documentarista. Ela é autista, assim como sua mãe, Selma. O interesse na comunicação vem com a vontade de entender as trocas entre as pessoas. Tati também buscou no seu diagnóstico de dislexia um caminho, ressignificando sua relação com a condição pela prática da pedagogia. 

 

Para Tati, a palavra chave é conhecimento. Primeiro, autoconhecimento, para enfrentar os obstáculos e encontrar sua voz. Depois, conhecimento dos outros sobre a neurodiversidade. 

 

Colaboraram:

Desirée Cabello, 21 anos, estudante de pedagogia; é irmã do Henrique, de 11 anos, diagnosticado com TEA

Giovanna Picconi, 21 anos, estagiária de people analytics; possui o diagnóstico de TDAH

Lívia Beatriz Inácio, 33 anos, estudante de recursos humanos; está passando pelo processo de confirmação do seu diagnóstico de TDAH

Matheus Figueiredo Feitosa, 20 anos, calouro de farmácia na USP; foi diagnosticado com TEA e TDAH

Sophia Mendonça, jornalista e mestranda na UFMG; foi diagnosticada aos 11 anos com TEA

Tatiane Ferreira, 19 anos, estudante de pedagogia; trabalha com acompanhamento pedagógico; foi diagnosticada com Dislexia e TDAH

 

Fontes: 

A Menina Neurodiversa, por Alice Casimiro, disponível em: https://ameninaneurodiversa.wordpress.com/ 

Associação Brasileira de Dislexia (ABD), disponível em: https://www.dislexia.org.br/ 

Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), disponível em: https://tdah.org.br/ 

Instituto ABCD, disponível em: https://www.institutoabcd.org.br/ 

Mundo Autista, disponível em: https://omundoautista.com.br/ 

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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