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Como sobreviver em lugares desconhecidos

 

Por Carolina Pulice

 

Vai fazer uma viagem por lugares desconhecidos? Ótimo, afinal, conhecer novos lugares é ter novas experiências. Mas cuidado, se perder nem sempre é tão legal. Fernanda Drummond, que é jornalista e escoteira, dá algumas dicas:

 

Dica 1:

fogueira

 

Segurança imediata: saia de perto de qualquer perigo iminente. Se você estiver próximo a um precipício, ou a um lugar que esteja pegando fogo, tente se afastar da área. Se estiver em uma tempestade, procure um abrigo.

 

Dica 2:

Cruz

 

Primeiros-socorros: Uma vez que você saiu do perigo imediato, está na hora de checar sua saúde. Está com algum ferimento grave? Alguma lesão? Trate-a. Estanque o sangue, limpe os ferimentos.

 

Dica 3:

galho2

Agora que você já está “bem”, pense em como sair daquele lugar. Antes de começar a andar, prepare-se para se proteger de animais selvagens e para trilhar caminhos perigosos. Um pedaço grande de um galho de árvore pode te auxiliar nesses dois possíveis problemas, pois com o galho você pode se apoiar, e ainda se proteger de um provável ataque um animal.

 

Dica 4:

mapa

O ideal é que você já tenha em mãos uma bússola e um mapa. Porém, se não tiver, tente ir para um local alto, para ter uma visão mais clara do local, e lembre-se: o sol sempre nasce do lado leste, e se põe do lado oeste. Observe o curso d’água, seja ela um riacho ou um rio. Os rios sempre desembocam em um rio maior (que pode te levar a um caminho maior e mais “preciso”).

 

Dica 5:

sementes

Se você sentir fome ou sede, pense antes de comer e beber qualquer coisa. Por mais que a água que você encontrar pareça limpa, nem sempre ela é potável. Então, se você conseguir, ferva a água antes de bebê-la; se não puder fazer uma fogueira, prefira a água de um córrego com fluxo, ou do orvalho das plantas. Não coma cogumelos ou frutinhas e fique longe de animais de cores vibrantes, normalmente são venenosos.

 

Dica 6:

sos

Ainda está perdido? Crie sinais para ser achado. Procure uma clareira e escreva em letras bem grande SOS (do inglês save our souls, ou salve nossas almas); além disso, tente fazer uma bandeira na cor diferente da do ambiente (vermelha, se você estiver em uma selva, por exemplo), e ande com ela o tempo todo.

 

À minha espreita

 

Por Flávio Ismerim

 

“Moço que estava de jaqueta jeans amarrada na cintura por cima de uma calça preta, de tênis preto com sola branca, 1,75 m, camisa cinza com âncoras desenhadas, cabelo liso, franja, chegou com dois amigos às 07h55 antes da aula de terça… Percebi que você ficou chateado com o atraso deles, mas ó, eu jamais deixaria você me esperando, viu? Uma pena eu não conseguir falar com você pessoalmente, já que você foi a única coisa na qual eu pensei enquanto observava seus 7 minutos de conversa com os amigos atrasados. ):

Deixou contato!”

 

Não vou mentir, adorei saber que eu alguém finalmente reparou em mim. Decidi buscar o perfil do autor desse spotted, mas o perfil não trazia nenhuma informação. Achei estranha essa descrição minuciosa, parece que ele sabia mais de mim do que eu mesmo. Mas relevei. Os spotteds funcionam assim, não?

Não se passou muito até que eu notasse uma mesma pessoa em todos os lugares. Um rapaz de altura mediana, cabelos pretos, o clássico camiseta e jeans. Eu o via sempre. Na saída das minhas aulas, na lanchonete onde passo meus intervalos, nas minhas idas ao semanais no supermercado, na estação de metrô próxima de casa, na porta do estágio.

Era o mesmo rosto. E sempre me olhando como se quisesse minha alma. Foi quando eu passei a não andar sozinho, foi quando eu deixei de sair à noite. Jamais repeti um só trajeto na tentativa de despistá-lo. Ele estava lá até nos meus atrasos e me arrepiava a espinha sentir que ele estaria ali para sempre.

Em um domingo, uma correspondência chegou para mim em casa. Além de me descrever tão bem quanto a postagem no facebook, ela falava sobre algo bonito e inalcançável. E usava metáforas belas como o voo de Ícaro, a conquista do espaço e as grandes navegações. Depois tentava me convencer de que o sentimento do autor estava além do controle humano, algo inerente a ele. Como se essa caçada absurda fosse nosso destino.

A cartinha trazia confrontos. Escrita por uma mão certamente doente, tinha como golpe final uma intimação. Ele dizia que essa seria a última tentativa de aproximação.

Eu nunca havia me sentido tão exposto, tão invadido. Eu percebi que ele controlava a minha vida de tantas maneiras… como se a vida já não fosse mais minha. Eu não determinava mais a minha rotina. Minhas escolhas não eram mais pautadas pela minha vontade e ali eu temi que aquilo nunca acabasse.

E assim ele sumiu tão de repente como surgiu. Será que arranjou outro alvo? Me alivia perceber que ele já não me acompanha mais em todos os momentos, e será que vou ter minha vida de volta daqui pra frente?

 

*Construído com base na vivência de Carolina Maran, estudante de publicidade e propaganda, e Bianca Kirklewski, estudante de jornalismo.

 

Pelas frestas, o buraco

 

Por Felipe Saturnino

 

Conto 1

Houve uma vez que um buraco num canto do Universo tão tão distante tão tão adensado e a gravidade puxava puxava — que chupou a todos muito bem e indiscriminadamente e ninguém sobra para terminar a histó.

 

Conto 2

Diz uma criança, É um lugar muito escuro que não vemos — distraiu-se com algo no céu, uma estrela, o lusco-fusco. Em brilho duradouro, pela demora da luz viajante, já virara em buraco (fora devorada) faz tempo, enquanto o infante acenava, em ilusão ou despedindo-se.

 

Conto 3

Começo. A singularidade central é densa; há muita gravidade; ameaça explodir. Quando foi a última vez que a vimos? O que nos torna o que somos é inexplicável. O coração dos buracos — crias de estrelas colapsadas — ferve o tempo e o espaço, ao mesmo que vela seu segredo. Fim?

 

Conto 4

Eu estava desatento e tranquilo quando me disseram  — “Já pensou a Terra fosse um buraco negro?”. A gaveta aberta guarda um papel, amassado e repousado à mesa. — “Se eu fosse Deus — sou ateu — e fizesse a Terra deste tamanho, densa, gravidade altíssima… Não escaparíamos.” (Mas Deus é grande.)

 

Conto 5

Um feixe de luz jorrado dum canto do espaço sideral, qualquer coisa como a mais célere coisa que há, fiadora de nossas plantações, equilíbrio vitamínico do corpo, alumiadora da vida em geral, foi pleitear sua liberdade e ancorando-se na sua rapidez pensou: “Antes o mundo era tão, tão maior, mas agora parece-me que ele logo acaba”, e então o buraco: “Não há problema se ele findar agora”, e aprisionou-a.

Contato imediato com o desconhecido

 

Por Lidia Capitani

 

Era outubro de 1977 quando a população da pequena ilha de Colares, no Pará, presenciou estranhos fenômenos. O povo começou a relatar ataques de luzes que vinham do céu, perseguiam-nas e colhiam seu sangue. A médica da cidade, Dra. Wellaide, recebia pacientes reclamando de fraqueza, paralisia e pequenas queimaduras de radiação, porém, continuava cética, até que duas mulheres vieram a óbito. A população estava apavorada por causa do ‘chupa-chupa’, como chamaram o raio de luz. O prefeito e algumas famílias fugiram com medo dos ataques. Jornalistas e a Força Aérea foram acionados, e assim começou a Operação Prato, um dos maiores fenômenos estudados pela ufologia brasileira.

O inesperado veio em dezembro, quando a Operação foi abortada pelo governo militar e os arquivos foram classificados como confidenciais por mais de 20 anos. Até que, em 1997, Uyrangê Hollanda, comandante da operação, deu entrevista aos editores da revista UFO, revelando tudo. Em outubro do mesmo ano, Hollanda foi encontrado morto em seu quarto por asfixia, mas ainda restam dúvidas se a morte teria sido acidental, suicídio ou homicídio.

Esse e outros mistérios são estudados sob diversas óticas dentro da ufologia. Desde vertentes mais científicas e históricas, até espiritualistas e filosóficas.

Já ouviu falar sobre os Antigos Astronautas e o Paleocontato? André de Pierre é historiador e explica que o Paleocontato consiste na ideia de que extraterrestres já visitaram a Terra na Antiguidade, e, segundo escritos antigos, teriam sido considerados deuses por algumas civilizações.

Segundo André de Pierre, os egípcios, por exemplo, teriam aprendido com suas divindades as faculdades da filosofia, da música, da magia, e a escrita egípcia. Já os escritos sumérios relatam a existência de reis que viviam idades sobre-humanas, como Alulim, que governou Eridu por 28.800 anos.

O historiador ainda ressalta que há citações na literatura indiana sobre aeronaves chamadas Vimanas. Na chinesa, há especulações sobre seu fundador Fu Xi, ao qual se atribui a invenção da escrita, da caça, da pesca e do sistema de trigramas e hexagramas do Livro das Mutações. A disposição dos hexagramas de Fu Xi é idêntica ao sistema de números binários utilizado atualmente na matemática moderna.

A escala Hynek, a mais utilizada por ufólogos, classifica os tipos de contatos imediatos entre humanos e aliens contato de primeiro grau (avistamento de ovnis), segundo grau (avistamento e marcas físicas), terceiro grau (contato com seres), quarto (abdução) e quinto (contato psíquico), sexto (quando há mortos ou feridos) e sétimo (contato sexual).

Juliano Pozati é um dos que dizem já ter experimentado o contato imediato de quinto grau. Em sua experiência, seres disseram que sua missão era divulgar o conceito de expansão da consciência, para alertar os humanos de que fazemos parte de uma família universal, como já afirmou Chico Xavier em 1971 no programa Pinga Fogo. É diretor do documentário No Meio de Nós (2017) e atualmente realiza uma pesquisa sobre os contatos mentais com outros seres inteligentes, em que até agora conseguiu 501 respostas.  

Ovnis, aliens, raios de luz, abduções, agroglifos e contatos imediatos sem dúvida formam campos de pesquisa misteriosos e que geram muita curiosidade. Quer saber mais? Há muitos documentários, revistas, arquivos oficiais e casos que você pode pesquisar sobre. Seguem vídeos e links de referências para matar a curiosidade:

 

Documentário No Meio de Nós

 

Programa Pinga Fogo com Chico Xavier (52:30)

 

Pesquisa No Meio de Nós

 

Blog do André Pierre

http://andredepierre.com/2016/01/contatos-extraterrestres-descritos-nas-antigas-escrituras-2/

 

Entrevista Uyrangê Hollanda

 

Revista UFO

http://ufo.com.br/home

 

Documentos oficiais

http://www.ufo.com.br/servicos/documentos/1

 

Casos:

Caso de Varginha, Operação Prato, Noite Oficial dos UFOS, Antônio Villas Boas, Fotos de Almiro Baraúna, Caso Onílson Patero

 

Diário de um pagão

 

Por Bianka Vieira

 

Querido Diário,

Finalmente fui convidado para fazer parte de um clã (!!!)

Na real, foi tudo muito rápido e eu ainda tô digerindo. Meu ritual de iniciação aconteceu ontem de manhã mesmo, lá no Parque do Ibirapuera. Em meio às bicicletas e skates que alvoroçam o circuito central e aos rolezinhos que acontecem por ali, não é que encontramos um cantinho quase ermo para praticar nossos ritos e meditações? Deu pra tocar na terra com os pés, sentir o vento passar, ouvir as folhas dançando nas árvores, captar a energia mítica das deusas que se manifestam na surdina dos bosques… Sabe, ser pagão na cidade de concreto tem lá seus desafios, mas a gente sempre dá um jeito de cativar esse contato com a natureza.

Mas, recapitulando.

Eu mal comecei, e já pude ver como é ótimo ter com quem dividir meus aprendizados e experiências. Lembra daquela fase do ensino médio, quando eu era um bruxinho solitário? Eu morria de medo de tudo! Meus livros viviam às escondidas no fundo do meu guarda-roupa, e eu sequer tinha coragem suficiente para praticar qualquer tipo de feitiço — nem mesmo simpatia com semente de romã para trazer um grande amor de volta. Na minha cabeça, bastava que meus pais descobrissem qualquer afeto meu pela bruxaria e pronto: estaria armada uma fogueira dentro de casa.

Só que não é assim tão fácil entrar nessa sociedade secreta, confesso. Pra começar, você precisa ser convidado — e eu, que nem sabia da sua existência, acabei recebendo um convite. Pelo que me explicaram, quase sempre é assim: se algum bruxo estiver por perto e perceber que você leva a coisa a sério, provavelmente ele te recrutará. É que a magia é um lance que requer muito estudo, conhecimento, sabedoria, discernimento e ética, então não dá pra sair convidando todo mundo via post de Facebook, como alguns clãs menos sérios têm o hábito de fazer.

Tudo bem que passei um bom tempo sem cuidar do meu lado espiritual e não sou o bruxo mais exemplar desse mundo. Só que agora eu descobri que o paganismo possui um leque i-men-so de culturas, religiões e egrégoras, e foi como se as coisas voltassem a se encaixar na minha vida e algumas certezas se fixassem em minha mente. Ok, já estou com 29 anos nas costas, mas antes tarde do que nunca, né?

Sei que, da forma como estou te contando, fazer parte de uma sociedade parece ser algo natural, esperado. E até que é, diário! Com exceção, obviamente, de algumas coisas muito peculiares que acontecem, como por exemplo…

Ih, acho que tenho que parar por aqui. Hoje é noite de lua cheia e logo menos eu tenho que encontrar o pessoal. Outro dia te conto um pouco mais, tá bem?

Até breve, diário.

 

Até a última palavra

 

Por Helena Mega

 

Os homens dizem “ele Gocidi” e as mulheres “ele awii”.

Entre os kadiwéu, falantes da língua de mesmo nome, todos conseguem se entender, mas usam expressões diferentes de acordo com o gênero que o nascimento lhes atribuiu. Para nós, um “boa tarde” já bastaria.

Não é assim com todas as palavras, mas com um bom número delas.

O idioma kadiwéu pertence à mesma família linguística de outras línguas faladas por povos indígenas do Paraguai e do norte da Argentina, a Guaikuru. No Brasil, no entanto, é usado somente pelas 1.413 pessoas* que formam o povo kadiwéu, dividido em cinco aldeias pelo Mato Grosso do Sul.

A pedido dos índios, é em uma dessas aldeias que a mestre em Linguística Lilian Ayres está ensinando o português, um projeto para o seu doutorado. “Eles querem ter domínio da língua majoritária do país, pois consideram isso um poder para não serem enganados e saberem reivindicar seus direitos”, explica.

Antes desta nova fase, Ayres passou três anos fazendo visitas periódicas a eles, de no máximo uma semana, com a intenção de mapear as diferenças entre as falas feminina e masculina que existem por ali.

Apesar desse período de convivência, a comunicação com a tribo não é tão simples. “Fazer análise linguística não significa que você sairá falando o idioma. Eu não sei falar kadiwéu! E acho que dificilmente aprenderei sem morar com eles”, ela diz.

Mesmo para quem nasce na aldeia, o processo de aprendizado não é igual para todos. No caso das meninas, por exemplo, ele pode ser mais simples. Afinal, sob cuidado das mães, o primeiro contato das crianças pequenas com o kadiwéu acontece pela fala da mulher.

Dos meninos, espera-se que, ao crescerem, parem de reproduzir o vocabulário feminino com que estavam acostumados e passem a dominar o jeito que os homens falam.

Isso porque a diferença na fala dos homens e das mulheres pode surgir não apenas nas palavras, mas também na pronúncia de termos que são usados de forma igual por ambos. Portanto, mesmo quando um homem for reproduzir a fala de uma mulher, a variação entre os gêneros estará presente — e vice-versa.

Ainda assim, dentro da escola, os meninos e as meninas estudam juntos o kadiwéu e o português. Em alguns momentos, porém, os exercícios são aplicados de maneira separada, e a diferenciação de fala também ocorre nas perguntas e nas respostas que são direcionadas aos alunos.

Hoje, mais de 150 línguas maternas sobrevivem no Brasil dentro das 252 etnias que habitam o país, de acordo com o Instituto Socioambiental (ISA).

Já a estimativa da Unesco é de que a cada 14 dias um idioma seja extinto no mundo; muitos caindo para sempre no universo do desconhecido.

 

*Siasi/Sesai, 2014

 

Psiu

 

Por Bianca Kirklewski e Larissa Lopes

 

Ei! Tá olhando o que?! Sua mãe nunca te ensinou que é feio espiar pelo buraco da fechadura? O que você pretende encontrar vendo as coisas por uma perspectiva tão pequena? Vamos, abra essa porta! Ah, tem medo do desconhecido? Tadinho! Quando você vai se dar conta de que não sabe de nada? Você não conhece nem a irmã da sua própria mãe, aquela sua tia dentista. Quanto menos aquele rapaz da sua faculdade que você acha tão previsível, sempre de jeans e moletom. Ou até mesmo aquela pessoa que você viu uma vez no ônibus e achou que fosse o amor da sua vida. E se ela, sei lá, estiver envolvida em algum tipo de sociedade secreta? Vamos, abra essa porta! Gire a maçaneta. Talvez você caia em algum ambiente extremo, mas posso tentar te ajudar! Espera… Isso aí é medo de morrer, né? Afinal, será que existe mesmo vida após a morte? Que egocêntrico ficar pensando só na própria vida, sendo que você não sabe nem se existe vida em outro planeta.

A porta se abriu.… Vai encarar? Ou ainda está com medo do desconhecido?

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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