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O Universo também tem lembranças

 

Por Laura Scofield e Mariah Lollato

 

Imagine que você é um jovem alien curioso que chegou à Terra e quer descrever as fases da vida humana. A melhor maneira de fazer isso é ver um bebê nascer e crescer, mas sua viagem tem apenas um dia. Marcelo Rubinho, astrônomo dos Planetários de São Paulo, usa a analogia para explicar seu trabalho.


A solução seria observar a maior quantidade possível de seres humanos crianças, adolescentes, adultos e idosos e criar uma teoria evolutiva. Na Astronomia é parecido: “Temos uma ‘foto estática’ do céu e a consciência de que nunca veremos uma estrela desde o dia em que nasceu, mas buscamos cobrir as lacunas do conhecimento”.
O estudo de estrelas e galáxias é exemplo deste método, elas são analisadas pelo que já foram e o conhecimento é usado para entender o todo. A astronomia é uma ciência histórica, porque usa elementos existentes em diferentes fases da própria evolução para constituir a memória do Universo.

 

Estrelas, galáxias e histórias

Algumas estrelas variam o brilho periodicamente. Em alguns casos, como conta Eduardo Cypriano, pesquisador de aglomerados de galáxias do IAG-USP, elas estão cercadas por nuvens de gás e poeira: as nebulosas. 

 

Um fenômeno causado pela luz emitida por esses astros evidencia a importância do passado no estudo do espaço: numa mesma imagem, podem ser vistos resquícios de diferentes fases da vida da estrela. Como a luz demora para viajar, na nebulosa, “as regiões mais próximas do astro refletem luz emitida há pouco tempo, enquanto nas regiões mais distantes, vê-se refletida a luz que a estrela produziu antes”, diz Eduardo. 

 

O fenômeno aí representado se chama “Eco de Luz”. No gif, a luz emitida no ponto 1 é mais recente, por estar mais perto da estrela. No ponto 2, a luz é mais antiga já que, pela distância, levou mais tempo para chegar ali. Isso acontece em função da velocidade da luz e é acentuado por se tratar de uma estrela variável.

O fenômeno aí representado se chama “Eco de Luz”. No gif, a luz emitida no ponto 1 é mais recente, por estar mais perto da estrela. No ponto 2, a luz é mais antiga já que, pela distância, levou mais tempo para chegar ali. Isso acontece em função da velocidade da luz e é acentuado por se tratar de uma estrela variável.

 

Outra forma de entender mais sobre a vida e história desses astros é por meio de seu lugar nas galáxias. Como no espaço as distâncias são muito grandes, a galáxia continua evoluindo enquanto a luz que emana dela se desloca, como explica Mírian Castejon, pesquisadora de aglomerados de galáxias, também astrônoma dos Planetários de São Paulo. Quando chega, vem com muito atraso. Um exemplo que torna isso bem claro pode ser visto na Alfa Centauri, a estrela mais próxima de nós, depois do Sol. Sua luz demora quatro anos para nos atingir, ou seja, o que vemos é a imagem de como a estrela era quatro anos atrás. 

 

Por meio de suas cores, as galáxias espirais e elípticas são ótimas contadoras de histórias. O centro das espirais é avermelhado, com estrelas mais frias, de menor massa e vida razoavelmente longa. Já em suas extremidades estão estrelas azuis brilhantes de muita massa, jovens e de vida mais curta. 

 

GalaxiaAzulVermelha

 

 

Em uma galáxia elíptica, a pouca quantidade de gases impossibilita o surgimento de novas estrelas, azuis. É uma galáxia velha, que conta sua história em vermelho, laranja e amarelo. 

 

Eliptica (ilustração)

 

Ao mesmo tempo, se vê no Universo estrelas azuis jovens, de meia idade vermelhas, e anciãs amarelas. As cores presentes nas diferentes fases de vida de cada estrela descrevem seu “nascer, crescer e morrer”, respectivamente. 

 

Como capturar o passado?

“Para entender o passado, é preciso estudar todo o processo dali até o presente, observando bem o caminho”, afirma Eduardo. Ou seja: é preciso ter certeza de que a criança, o jovem e o adulto dizem respeito a fases diferentes e subsequentes do mesmo ser, para constituir sua memória. “As dificuldades são encontrar os fenômenos adequados, reconhecer sua equivalência, e examiná-los com rigor para não perder detalhes”, explica o pesquisador.

 

Entretanto, os desafios não são só teóricos. Estudar algo que aconteceu há bilhões de anos também apresenta desafios práticos – e que só tecnologias avançadas e investimentos são capazes de resolver.

 

Mas como conseguir financiamento para um projeto que começa hoje, mas só vai ser publicado em vinte anos? Eduardo ressalta que há que se ter paciência para esperar o tempo passar e novos equipamentos surgirem. E, depois de prontos e instalados, paciência para conseguir locar os grandes e inovadores telescópios. 

 

Mesmo assim, o pesquisador não desanima: “Vejo tudo mais como um desafio! É um privilégio da astronomia ter toda a história disponível.” A animação não é recente.

 

Se o jovem alienígena do início deste texto tivesse chegado ao nosso planeta em 1987 e caísse justamente numa escola específica em São Paulo, encontraria Eduardo com 16 anos tomando café. Com o jornal impresso na mão, o jovem, que sempre quis ser cientista, lia com fascínio sobre a primeira supernova identificada. Muita coisa já mudou na Terra, mas até hoje ele espera uma nova supernova surgir para revelar mais a respeito da memória, do presente e do futuro do universo. 

 

Colaboraram:

Elcio Abdalla, físico especialista em estudo das partículas elementares, gravitação e cosmologia do IF-USP. 

Marcelo Porto Allen, doutor em astronomia, estuda astrofísica de altas energias.

Henriette Righi, doutora em biotecnologia e biofísica dos Planetários de São Paulo.

Dinah Moreira Allen, doutora em astronomia, estuda composição química de estrelas e é ligada ao Planetários de São Paulo e à Escola Municipal de Astrofísica. 

Contato imediato com o desconhecido

 

Por Lidia Capitani

 

Era outubro de 1977 quando a população da pequena ilha de Colares, no Pará, presenciou estranhos fenômenos. O povo começou a relatar ataques de luzes que vinham do céu, perseguiam-nas e colhiam seu sangue. A médica da cidade, Dra. Wellaide, recebia pacientes reclamando de fraqueza, paralisia e pequenas queimaduras de radiação, porém, continuava cética, até que duas mulheres vieram a óbito. A população estava apavorada por causa do ‘chupa-chupa’, como chamaram o raio de luz. O prefeito e algumas famílias fugiram com medo dos ataques. Jornalistas e a Força Aérea foram acionados, e assim começou a Operação Prato, um dos maiores fenômenos estudados pela ufologia brasileira.

O inesperado veio em dezembro, quando a Operação foi abortada pelo governo militar e os arquivos foram classificados como confidenciais por mais de 20 anos. Até que, em 1997, Uyrangê Hollanda, comandante da operação, deu entrevista aos editores da revista UFO, revelando tudo. Em outubro do mesmo ano, Hollanda foi encontrado morto em seu quarto por asfixia, mas ainda restam dúvidas se a morte teria sido acidental, suicídio ou homicídio.

Esse e outros mistérios são estudados sob diversas óticas dentro da ufologia. Desde vertentes mais científicas e históricas, até espiritualistas e filosóficas.

Já ouviu falar sobre os Antigos Astronautas e o Paleocontato? André de Pierre é historiador e explica que o Paleocontato consiste na ideia de que extraterrestres já visitaram a Terra na Antiguidade, e, segundo escritos antigos, teriam sido considerados deuses por algumas civilizações.

Segundo André de Pierre, os egípcios, por exemplo, teriam aprendido com suas divindades as faculdades da filosofia, da música, da magia, e a escrita egípcia. Já os escritos sumérios relatam a existência de reis que viviam idades sobre-humanas, como Alulim, que governou Eridu por 28.800 anos.

O historiador ainda ressalta que há citações na literatura indiana sobre aeronaves chamadas Vimanas. Na chinesa, há especulações sobre seu fundador Fu Xi, ao qual se atribui a invenção da escrita, da caça, da pesca e do sistema de trigramas e hexagramas do Livro das Mutações. A disposição dos hexagramas de Fu Xi é idêntica ao sistema de números binários utilizado atualmente na matemática moderna.

A escala Hynek, a mais utilizada por ufólogos, classifica os tipos de contatos imediatos entre humanos e aliens contato de primeiro grau (avistamento de ovnis), segundo grau (avistamento e marcas físicas), terceiro grau (contato com seres), quarto (abdução) e quinto (contato psíquico), sexto (quando há mortos ou feridos) e sétimo (contato sexual).

Juliano Pozati é um dos que dizem já ter experimentado o contato imediato de quinto grau. Em sua experiência, seres disseram que sua missão era divulgar o conceito de expansão da consciência, para alertar os humanos de que fazemos parte de uma família universal, como já afirmou Chico Xavier em 1971 no programa Pinga Fogo. É diretor do documentário No Meio de Nós (2017) e atualmente realiza uma pesquisa sobre os contatos mentais com outros seres inteligentes, em que até agora conseguiu 501 respostas.  

Ovnis, aliens, raios de luz, abduções, agroglifos e contatos imediatos sem dúvida formam campos de pesquisa misteriosos e que geram muita curiosidade. Quer saber mais? Há muitos documentários, revistas, arquivos oficiais e casos que você pode pesquisar sobre. Seguem vídeos e links de referências para matar a curiosidade:

 

Documentário No Meio de Nós

 

Programa Pinga Fogo com Chico Xavier (52:30)

 

Pesquisa No Meio de Nós

 

Blog do André Pierre

http://andredepierre.com/2016/01/contatos-extraterrestres-descritos-nas-antigas-escrituras-2/

 

Entrevista Uyrangê Hollanda

 

Revista UFO

http://ufo.com.br/home

 

Documentos oficiais

http://www.ufo.com.br/servicos/documentos/1

 

Casos:

Caso de Varginha, Operação Prato, Noite Oficial dos UFOS, Antônio Villas Boas, Fotos de Almiro Baraúna, Caso Onílson Patero

 

Expansão das fronteiras do planeta Terra

 

Por Rafael Ihara

 

 

Estrelas
O tão vasto Universo, que estamos longe de desbravar. Foto: xxx

 

Já tentou se concentrar pra ouvir a conversa alheia no metrô, no restaurante, na fila do banco? Ou já diminuiu a velocidade do seu carro pra saber como foi o acidente que está obstruindo a avenida? É provável que sim. As pessoas fazem isso simplesmente porque existe algo dentro delas: a chamada curiosidade. Graças a ela descobrimos muita coisa na ciência, na história… Chegamos até a pisar na Lua. A curiosidade natural do homem faz com que ele queira sempre  – inclusive as do nosso planeta.

 

 

Segundo o vice-chefe do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP), professor Roberto Costa, é essa curiosidade que impulsiona os estudos desenvolvidos tanto na astronomia (estudo dos planetas, da estrutura do universo), quanto na astronáutica (prima da engenharia, que consiste na exploração espacial com foguetes, sondas, satélites, naves).

 

 

O pesquisador do IAG fez questão de salientar que muitas pessoas e veículos de comunicação acreditam que deve-se explorar se outros planetas possuem condições de abrigar a vida humana porque a Terra não conseguirá mais, daqui a algum tempo, abrigar seres humanos. Costa explicou seu posicionamento dizendo que a Terra ficará inabitável daqui aproximadamente dois bilhões de anos – os Homo sapiens existem há 300 mil anos, e os macacos pelados, como disse Roberto Costa, não existiam há 100 milhões. Portanto, os ciclos de vida dos humanos e dos planetas possuem escalas de tempo absolutamente diferentes. Quando a vida na Terra não for mais possível, os humanos de hoje já terão se transformado em outros seres absolutamente diferentes.

 

 

Mas essa curiosidade pelo que acontece no universo só pode ser sanada graças a grandes investimentos em pesquisas, tecnologia, inovação, capacitação. Sabe quanto o Brasil já gastou só com o estudo da astronomia de 1965 até o ano de 2014? 212 milhões de dólares já ajustados pela inflação da moeda no período, segundo levantamento do IAG-USP. E olha que estamos falando só do Brasil que, segundo o professor Costa, é um dos países que menos investe nessa área. Com essa grana seria possível construir 48 hospitais com capacidade para atender, cada um deles, a uma população de 40 mil pessoas.

 

 

E então fica a pergunta: será que vale a pena investir tanto dinheiro em astronomia e astronáutica? Basta olhar para os equipamentos mais usados pela população hoje. Celulares, computadores e tablets só existem por conta de tecnologias desenvolvidas por esses dois campos de estudo, segundo o vice-chefe do IAG-USP. Os Estados Unidos são o país que mais investe em astronomia e astronáutica, o que explica o fato do país ser um dos maiores desenvolvedores de novos produtos tecnológicos. Talvez eles queiram mostrar que não é suficiente serem a nação mais poderosa da Terra: eles também precisam dominar o universo.

 

 

Descobertas pela Terra

 

Por Luiza Magalhaes

 
 

 

Entre fotos de amigos e textos sobre política, encontrei uma citação, daquelas que circulam na internet e a gente não sabe quem é o autor. “Somos os filhos do meio da história”, começa a frase, “Nascemos muito tarde para explorar a Terra e muito cedo para explorar o Universo”. A inquietação me pareceu razoável: o mundo é vasto, já dizia Carlos Drummond, mas ultimamente ele tem mesmo parecido cada vez menor.

 

 

Nós já descobrimos todos os continentes, mapeamos cada pedaço de terra e, através da internet, temos acesso aos lugares mais distantes do planeta sem precisar sair de casa. Já pisamos no topo do Monte Everest e até na superfície da Lua – mas a exploração interestelar, talvez a próxima grande fronteira a ser conquistada, só será possível num futuro muito distante, mesmo se considerarmos as perspectivas mais otimistas. O que restaria, então, para os exploradores do século XXI?

 

 

A resposta, creio eu, é que talvez estejamos pensando pequeno quando achamos que nascemos tarde demais para explorar a Terra. Se a sensação é de que já conhecemos tudo o que tem por aí, eu diria que na verdade o buraco é mais embaixo – 11.033 metros, para ser exata, se estivermos falando da Fossa das Marianas, o local mais profundo do oceano e talvez o menos explorado do planeta.

 

 

“Na verdade, tem muita coisa ainda para explorar”, diz o biólogo Luis Felipe Toledo quando lhe pergunto a respeito. “Não precisa nem ser nas profundezas do oceano: na areia da praia que as pessoas vão tem organismos ainda não conhecidos, no terreno baldio em São Paulo tem espécie nova de sapo”. Toledo estuda os anfíbios, e recentemente coordenou uma pesquisa que descobriu uma nova espécie de rã: a Pseudopaludicola jaredi. Encontrada na caatinga, nos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte, a nova rã pôde ser diferenciada pelo som. “Cada espécie tem um canto diferente. Então às vezes, indo pro mato, a gente acaba escutando uns cantos que a gente nunca ouviu, e aí com a análise do DNA consegue descobrir que é uma espécie nova”, conta o biólogo.

 

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Luis Felipe Toledo. Foto: Arquivo pessoal

 

E por que não explorar o passado? “Tenho todo dia a possibilidade de me deslumbrar com a realidade da extinção e a enormidade do tempo geológico. É uma grande lição de humildade, ‘ressucitar’ os nossos ancestrais biológicos e olhá-los nos olhos. Eles têm muita história para contar”, relata a paleontóloga Aline Ghilardi, líder de uma equipe que, por meio de um osso fossilizado, descobriu uma nova espécie de dinossauro na cidade de Sousa, na Paraíba.

 

 

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Aline Ghilardi. Foto: Arquivo pessoal

 

 

“Novas ferramentas para buscar mais conhecimento estão sendo desenvolvidas a todo instante. Temos muita gente trabalhando por isso”, diz Aline. “Em breve, vamos quebrar mais uma fronteira. Alguns colegas dizem que é o espaço, mas eu te digo, com a minha experiência como paleontóloga, que ainda temos muita coisa para descobrir por aqui mesmo”.

 

 

Ambos os pesquisadores com quem conversei são apenas dois exemplos das infinitas possibilidades de descobertas que podem ser feitas na Terra – não só de novas espécies, mas também novas tecnologias, novos avanços na medicina, entre muitas outras. Talvez sejamos os filhos do meio da história, mas essa posição não me parece menos interessante que as outras. Não vivenciamos a descoberta do Novo Mundo, mas temos vários novos mundos aqui, esperando para serem explorados.

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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