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Por clarousp

 

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Bombardeio de imagens | Editorial

 

Por Hugo Vaz e Yasmin Oliveira

 
Conceito: Bianca Muniz e Caio Mattos/Desenho: Bianca Muniz

Conceito: Bianca Muniz e Caio Mattos/Desenho: Bianca Muniz

 

Vivemos em um mundo de imagens. Pode parecer óbvio, afinal, você acorda, checa a tela do celular, depois o espelho, liga a televisão, espia as fotos do jornal, as selfies dos amigos, topa com a publicidade na rua e recebe aquela montagem absurda nas redes sociais como se fosse a coisa mais natural do mundo. Nosso mundo é visual e, por vezes, desconcertante.

 

Mas é justamente por conta dessa onipresença que precisamos mergulhar um pouco mais a fundo para compreender o que elas representam, o que buscam transmitir, como, por que, e por quem são formadas. Recebemos as imagens passivamente: não questionamos sobre o que representam e como chegaram até nós.

 

“A imagem não mente.” Mentira. “Vi com meus próprios olhos.” E daí? Esqueça essas noções antiquadas. Imagens podem ser construídas e desconstruídas, são projetadas e recebidas. Entre doze reportagens, exploraremos esse universo tão vasto quanto maleável para descobrir o que está por trás, à frente e por todos os cantos nas imagens que nos cercam.

 

Lembramos que imagens são nossa interface com o mundo e com nós mesmos. Elas contam histórias e despertam sensações. Para verificar, basta fechar os olhos. Lá estarão elas nos nossos pensamentos e memórias, borrando completamente a distinção entre percepção e realidade. Esperamos que as imagens, textos e áudios desta edição do claro! levem a uma jornada surpreendente por dentro deste assunto inesgotavelmente fascinante.

 

Expediente – Reitor: Vahan Agopyan. Diretor da ECA-USP: Eduardo Henrique Soares Monteiro. Chefe de departamento: André Melo de Chaves Silva. Professora Responsável: Eun Yung Park. Editores de Conteúdo: Hugo Vaz e Yasmin Caetano. Editoras online: Mariana Cotrim e Sofia Aguiar. Editores de Arte: Bianca Muniz e Caio Mattos. Repórteres: Caroline Aragaki, César Costa, Diego Bandeira, Fernanda Pinotti, Gabrielle Torquato, Gabrielle Yumi, José Carlos Ferreira, Karina Merli, Laura Alegre, Leonardo Lopes, Letícia Camargo, Maria Laura López, Mariana Arrudas, Mayumi Yamasaki, Pedro Ezequiel, Pedro Teixeira, Tainah Ramos, Renan Sousa, Samantha Prado e Vital Neto. Capa: Bianca Muniz e Caio Mattos. Endereço: Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, prédio 2 – Cidade Universitária, São Paulo/SP, CEP: 05558-900. Telefone: (11) 3091-4211

 

Vitrine inconveniente

 

Por Samantha Prado

 
Conceito: Bianca Muniz e Samantha Prado/Desenho: Bianca Muniz

Conceito: Bianca Muniz e Samantha Prado/Desenho: Bianca Muniz

 

Cansada da aula, Clara* decide gastar cinco minutinhos no Instagram enquanto o professor responde uma dúvida. O aplicativo tinha sido deletado e reinstalado pela terceira vez no mês. Ela dizia para si (de novo) que agora seria diferente: nenhuma imagem irá lhe subir à cabeça. Dirá não a todo óleo essencial que prometa seu bem estar, a todo brinco que é a sua cara, a toda bota que só ela ainda não tem. Não, não e não.

 

Passa por fotos de amigos e produtos através da tela do celular quebrada há meses – nunca sobra dinheiro para consertá-la, poupar parece impossível. A cada tentação arrasta a tela mais rápido, finge que não viu.

 

Não demora muito para sentir aquela familiar estranha sensação: um misto de ansiedade, irritação e cansaço mental. O que era aquela vitrine virtual que ela não pediu para ver? De onde vinham todas aquelas fotos?

 

Era um terreno perigoso, Clara sabia. Um milésimo de segundo bastava para seu olhar ser fisgado e sua mente perdida. É um poder que atua pelas vias do inconsciente, basta um click emocional para atravessar a linha tênue entre gostei e preciso.

 

Repentinamente, algo a toca. Foi pelos olhos, mas ela se sente atravessada. Uma bolsa com a sensação de encontro: modelo preferido, cor preferida e que lhe diz que era isso que lhe faltava. Não está escrito, mas é o que ela sente. Clica. Só vou ver.

 

Presa em cada imagem, tudo parece conversar com ela. A composição, as cores, os objetos. Não vou comprar nada dessa vez. Sai da página, mas a mente não. A possibilidade martelando em sua cabeça. Mas, e se?

 

Volta. Entrega-se àquele mundo de emoções que lhe foi proporcionado: seleciona produtos, faz contas, cria argumentos. Clara se sente desafiando o próprio senso de impossibilidade. Tudo o que vê, ela pode materializar. Ah, o super poder provindo de alguns dígitos do cartão.

 

Confirma a compra e sente-se inundada pela satisfação. Por um instante ela não está vivendo o real, mas sim dentro daquelas imagens.

 

O tom de despedida na voz do professor a chama de volta a realidade. Tinha perdido toda a aula nisso e se dá conta do roteiro que está por vir: pode levar horas ou dias, mas a culpa chegará de uma vez só. Se sentirá vencida, comprada (veja só, por imagens). O conserto da tela do celular vai ficar para o mês que vem. Mais uma vez.

 

* Clara é uma personagem fictícia inspirada nos relatos de Bárbara Namie, Edmiraldo Campos, Daniela Madeira, Laís Lahoud, Laura Gomes e Thamires Vieira.

 

Colaboraram:

Luciana do Rocio Mallon, professora de semiótica

Viviane Meccatti, publicitária

Sandro Abreu, publicitário

 

Revivendo histórias através das cores

 

Por Karina Merli e Vital Neto

 
Conceito: Caio Mattos/Desenho: Caio Mattos

Conceito: Caio Mattos/Desenho: Caio Mattos

 

A capacidade das obras audiovisuais de manipularem a realidade chega, muitas vezes, a nos emocionar. Da tonalidade sépia de “E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?” (Joel e Ethan Coen, 2000), o preto e branco com detalhes coloridos de “Sin City” (Frank Miller, Quentin Tarantino, e Robert Rodriguez, 2005) aos tons pastéis de “O Grande Hotel Budapeste” (Wes Anderson, 2014), as produções em vídeo têm processos e intenções que muitos desconhecem. Elas exploram os nossos sentidos, principalmente a nossa visão, que se encanta com o amplo universo das cores.

 

E isso não é por acaso. Segundo Mirella Gualtieri, neurocientista especialista em psicologia sensorial e de percepção, o colorido é o que mantém “a característica original da vida” e como os seres humanos não enxergam em preto e branco, filmes monocromáticos criam um distanciamento, ao invés de aproximar o espectador.

 

Justamente para ficar mais perto da realidade, desde o século XIX, quando a fotografia foi inventada, até os dias de hoje, fotógrafos e cineastas continuam criando e aperfeiçoando técnicas para trazer cores aos seus trabalhos. Antes dos anos de 1930, período em que surge o cinema colorido, existia um método chamado colorização, que tinha por objetivo acrescentar cores a filmes originalmente filmados em preto e branco. É o caso, por exemplo, da adaptação da peça de Shakespeare, Rei Lear ( Gerolamo Lo Savio, 1910).

 

Hoje, após diversos avanços tecnológicos, as equipes de produção de obras audiovisuais contam com centenas de profissionais, dentre eles, o colorista. Esse especialista trabalha na pós-produção, sendo responsável por destacar, corrigir e melhorar os tons da imagem através da luz, com base na paleta de cores escolhida pelo diretor, bem como os diretores de arte e de fotografia.

 

A seleção de tons vai de acordo com a ideia que se quer transmitir na obra e pode depender de outros elementos, como a iluminação, por exemplo. O intuito também pode variar. Em “Sin City”, o telespectador consegue compreender o tempo da narrativa através das cores utilizadas. Enquanto na série “Breaking Bad” (2008-2013), os produtores atribuíram paletas específicas a certos personagens para relacioná-los com elementos que quiseram destacar, como o verde nos momentos em que Walter White, interpretado por Bryan Cranston, lutava por dinheiro.

 

Cau Nunes, colorista e sócio de um estúdio de criação, explica que a profissão não se limita ao cinema, mas também está presente na publicidade e em videoclipes. Uma das estratégias utilizadas pelos profissionais para causar sensações ou transmitir ideias ao público é o direcionamento do olhar do espectador para aquilo que se quer destacar, algo atingido através de vinhetas, desfocagem seletiva, e outros elementos de realce visual.

 

Atualmente, também é possível restaurar e colorir digitalmente obras filmadas em preto e branco, como fizeram as séries “America in color” (2017) e “Britain in color” (2019), que transportam os espectadores aos principais momentos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, no início do século XX. Ross Baker, colorista senior, que atuou nas duas obras, comenta que há diversos desafios ao se trabalhar em projetos como esses, entre eles, o de lidar com películas antigas e finas.

 

Além disso, ele afirma que é fundamental se dedicar ao trabalho de pesquisa para obter o material de referência, como jornais e documentos que mostrem quais eram as cores dos objetos, roupas e paisagens na época dos filmes. A atenção deve ser ainda maior com possíveis mudanças de cor, como uma logomarca que era vermelha e ficou laranja, por exemplo.

 

A neurocientista Mirella Gualtieri afirma que este processo tem o poder de sensibilizar. Cientificamente, isso pode ser atribuído ao fato de nossos cérebros terem as áreas de processamento de cores e de atenção visual próximas uma da outra, algo vinculado à nossa escala evolutiva, explica a especialista. Dessa forma, ao vermos algo colorido, a nossa atenção aumenta. Para Baker, colorizar imagens históricas pode ser uma forma de revivê-las, mostrando às pessoas como seria estar ali.

 

Colaboraram:

Bruno de Mello Baltarejo, coordenador de audiovisual do AvMakers
Cau Nunes, artista visual, sócio e diretor do Estúdio Insólita
Luca Leocádio Soares, colorista da O2 Pós.
Mirella Gualtieri, neurocientista especialista em psicologia sensorial e de percepção, e professora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP).
Ross Baker, colorista senior da Halo Post production, quatro vezes indicado ao Royal Television Awards

 

Não vejo dessa forma

 

Por Diego Bandeira e Pedro Ezequiel

 
Conceito: Caio Mattos e Sofia Aguiar/Desenho: Caio Mattos

Conceito: Caio Mattos e Sofia Aguiar/Desenho: Caio Mattos

 

A deficiência tem a ver com você. Com nós, na verdade. Ela diz respeito ao mundo que não é preparado para receber uma pessoa com determinada característica e que, assim, coloca barreiras para ela. Impossibilitar alguém de viver experiências porque não enxerga é uma delas.

 

Sara Bentes canta, dança, compõe e escreve. E viaja por esse mesmo mundo em festivais de música internacionais — em lugares como Argentina, Estados Unidos, Suíça, Tailândia e Turquia. “A gente enriquece com uma viagem”, a artista afirma. E por quê? “Eu absorvo por outros sentidos, interajo mais com pessoas por não ter a imagem. Percebo mais pelas pessoas, pela música e pela comida. Mergulho em outros sentidos”.

 

A música é a trilha do seu caminho. Muitas vezes, o som se torna o acesso para ler um momento. Na Turquia, quando foi abrir o Festival Internacional de Arte Acessível, ela só se sentiu acolhida no país quando estava em um carro e pôde ouvir a canção que vinha do rádio. “Ali eu ‘aterrissei’ na Turquia. A música criou imagens na minha cabeça”, lembra.

 

Por isso, ela questiona algo: por que não temos cegos na TV, interpretando? As novelas contam com atores videntes e que, muitas vezes, reforçam o estereótipo de que a pessoa sem visão não tem autonomia.

 

Os rótulos criticados por Sara também não se encaixam na amplitude do que é a deficiência visual. O Conselho Brasileiro de Oftalmologia define a falta de visão como leve, moderada, severa e a cegueira a partir de testes feitos com a capacidade de reconhecer a distância e o campo de visão. E a capacidade de adaptar também é múltipla.

 

“Há outros estímulos do ambiente que são captados pelo organismo de alguma maneira”, afirma Márcio Rogério Penha. O psicobiólogo, que trabalha com o comportamento cognitivo e sua relação com o ambiente, reconhece que a visão ajuda em um reconhecimento primário. Mas não é a única fonte.

 

Sem ela, seu organismo “busca outras informações” com outros sentidos. “Eles se ajustam. Escuto o mesmo que você. Só que tenho uma necessidade auditiva para atravessar a rua. A sua é visual, de ver o carro. A necessidade vai ser canalizada para isso. Assim, algumas informações passam a ser valorizadas”, diz, com o aval dos estudos e da própria experiência.

 

Esse processo de aprender também pode ser uma arte igual a que pratica Sara. A audiodescrição deixa de ser um caminho só de acessibilidade para ser uma abertura de “novas possibilidades”. “Ela aumenta o repertório de imagens e desenvolve relações simbólicas”, define Isabel Machado, audiodescritora há mais de 20 anos.

 

Descrever envolve a forma, o conteúdo, o estudo sobre a obra e, também, uma peculiaridade no olhar de quem está contando. E as cores não ficam de fora. Isabel entende que elas são compreendidas através de associações. “Antes da deficiência, tem a pessoa. Desde que ela nasce, ela tem uma literatura e até um repertório imagético”, afirma.

 

Apesar de a descrição ser fundamental, tem uma preocupação para não descrever demais e acabe interferindo no aprendizado. “A pessoa precisa ter sua própria opinião, seus próprios conceitos. Então tem que ser algo muito cuidadoso”, ressalta Regina Oliveira, coordenadora de revisão de texto na Fundação Dorina Nowill.

 

Outra possibilidade para ler o mundo é o Braille. O sistema com pontos em relevo serve na leitura de textos e até de imagens, com diagramações definidas. “Existe todo um processo para esse aprendizado, preparação de coordenação motora fina da criança, desenvolver o tato”, conta Regina.

 

O tipo de leitura de uma bolinha para outra ou escutando a descrição são caminhos objetivos e artísticos para entender o mesmo mundo. Mas ele tem que parar de criar barreiras, relembra Sara, a artista. “Precisamos de mais inclusão para que a nossa característica seja apenas uma característica”.

 

Uma antiga foto despertou uma avalanche de transfobia

 

Por Pedro Teixeira

 
Conceito: Bianca Muniz e Pedro Teixeira/Desenho: Bianca Muniz

Conceito: Bianca Muniz e Pedro Teixeira/Desenho: Bianca Muniz

 

Renata Gracin acordou com suas redes sociais entulhadas de notificações em julho de 2020. Após publicar uma montagem com o antes e o depois de sua transição, ela foi exposta em grupos de WhatsApp por ser a primeira mulher transgênero a permanecer no Exército sem precisar recorrer à Justiça.

 

Imagens da major anteriores à sua transição de gênero circularam pelas redes sem seu consentimento e acompanhadas de mensagens transfóbicas. Apesar de não ter acionado a Justiça, a militar poderia ser amparada pelo artigo 7º da Lei Geral de Proteção de Dados para pedir a retirada de qualquer conteúdo que ferisse a sua honra, segundo o professor de Direito Felipe Dalenogare Alves.

 

Autor de um artigo sobre o direito do ‘transexual’ ao esquecimento, Alves defende que “a possibilidade de apagar imagens não mais contemporâneas representa uma garantia para as pessoas trans de um recomeço amparado na liberdade de gênero.”

 

Há páginas institucionais ou portais de notícia que mantêm no ar fotos e citações vinculadas às antigas identidades de homens e mulheres transgênero, ainda que o direito de alterar o registro civil no cartório tenha sido conquistado por eles.

 

A discussão sobre direito ao esquecimento para pessoas transgênero é, porém, mais acadêmica do que prática, na análise de Márcia Rocha, a primeira advogada a atuar com nome social na OAB. Embora não considere a ideia sensata, Rocha, que fundou a Associação Brasileira de Transgêneros (Abrat), pontua: “Uma pessoa detém o direito privado de querer esquecer o seu passado, ter uma vida isolada, mudar de cidade e apagar fotos como quiser”.

 

“A pressão pelo esquecimento surgiu quando a transexualidade ainda era tratada como doença”, observa a psicanalista Letícia Lanz, também fundadora da Abrat. Até meados da década de 60, ocultar o passado e transformar o corpo buscando uma adequação ao padrão de gênero imposto pela sociedade era a receita indicada às pessoas trans.

 

Há pouco mais de dois anos, Renata Gracin teve o direito de optar pelas intervenções estéticas “para adequar o seu corpo à sua mente”. Após os primeiros ataques que recebeu por tornar pública a sua transição, ela conta: “fiquei apreensiva, mas já havia decidido não esquecer meu passado”.

 

A história de Gracin repercutiu na imprensa e gerou mais de 260 mil interações nas redes sociais¹.

 

¹Dados obtidos com o CrowdTangle, uma ferramenta de análise de audiência em redes sociais que não mensura interações de perfis privados.

 

Colaboraram:

Renata Gracin, major do exército brasileiro e mulher transexual

Márcia Rocha, uma das fundadoras da Abrat e advogada integrante da Comissão Especial da Diversidade Sexual da OAB SP, com assento no Comitê de Direitos Sexuais da World Association for Sexual Health

Letícia Lanz, uma das fundadoras da Abrat, é mestra em Sociologia pela UFPR, psicanalista e especialista em Gênero e Sexualidade pela UERJ

Felipe Dalenogare Alves, doutor em Direito Público pela Universidade de Santa Cruz do Sul e professor de Direito Constitucional do CEISC

 

Para além do cartão de visita

 

Por Jose Carlos Ferreira e Leonardo Lopes

 
Conceito: Caio Mattos e Zeca Ferreira/Desenho: Caio Mattos

Conceito: Caio Mattos e Zeca Ferreira/Desenho: Caio Mattos

 

Caderno de classificados em uma mão e algumas dezenas de currículos em outra, além de, claro, bastante disposição para perambular pelo centro da cidade. Há duas décadas, essa era a maneira mais comum de se procurar emprego, porém a popularização da internet alterou esse cenário.

 

Em 2020, a oferta e busca por trabalho através de sites especializados e redes sociais está difundida e consolidada. Se antes, o postulante a uma vaga tinha que se preocupar apenas em montar o “currículo perfeito”, agora ele também deve ter cuidado com a gestão de sua imagem nas redes.

 

É fundamental que o candidato direcione seu discurso para cada tipo de vaga, argumenta Rodrigo Vianna, CEO da Mappit, empresa especializada em recrutamento para início de carreira. Isso não significa, no entanto, transmitir uma imagem irreal, esclarece o especialista.

 

O CV ainda hoje pode ser visto como o principal cartão de visita para se conseguir um emprego. As informações e experiências escolhidas a dedo pelo candidato expressam sinteticamente a imagem que é apresentada ao empregador. Mas, graças à internet, elementos como as interações do cotidiano com outras pessoas e expressões de opiniões particulares hoje também compõem o perfil que é analisado para a escolha de uma vaga.

 

Uma das maiores plataformas de interação entre trabalhadores é a rede social LinkedIn. Para se ter uma ideia, apenas no Brasil há 46 milhões de usuários conectados nela. Mundialmente são 722 milhões. “As pessoas estão em uma vitrine virtual onde tudo aquilo que você faz está sendo observado o tempo todo”, afirma Ariel Acosta, gerente de comunicação do grupo Adecco no Brasil – uma das maiores agências de emprego do mundo.

 

Se por um lado, o ambiente virtual tornou as oportunidades de emprego mais acessíveis, por outro, aumentou a exposição do candidato. E como consequência, a atenção que ele deve ter no gerenciamento de sua imagem. Para Acosta, a gestão da imagem deve ser utilizada como uma estratégia sempre que possível. Se o usuário sempre planejar como se portar nas redes, ele poderá definir como será visto pelos outros.

 

Vianna relembra que esse autogerenciamento é visto como praxe há anos para os profissionais de recursos humanos. Desde a rede social Orkut, que operou entre 2004 em 2014, se recomendava que as pessoas não entrassem em grupos que passassem uma imagem ruim. Por exemplo, uma comunidade que as pessoas se reuniam por “odiar acordar cedo”.

 

Por outro lado, ter um cuidado com a própria imagem não significa se inibir de usar a internet. A gerente de comunicação do LinkedIn, Erica Firmo, acredita que a saída para aquele que procura uma vaga é potencializar suas interações que não sejam nocivas. Por exemplo, debates construtivos com dicas de trabalho são discussões que não confrontam opiniões diretamente.

 

A primeira impressão é a que fica. Para Acosta, o jargão popular tem seu fundo de verdade, e por isso aquele que procura emprego deve sempre ter uma estratégia de gestão da própria imagem em mente. “Pense muito antes de publicar. É sua imagem que estará em jogo, cuide dela”, conclui.

 

Colaboraram:

Ariel Acosta, gerente de Marketing e Comunicação do Grupo Adecco
Erica Firmo, gerente de Comunicação do LinkedIn
Rodrigo Vianna, CEO da Mappit, empresa do Talenses Group especializada em recrutamento para início de carreira

 

Lançar tendências é mais fácil que acompanhá-las

 

Por Leticia Camargo e Maria Laura Lopez

 
Conceito: Bianca Muniz e Letícia Camargo/Desenho: Bianca Muniz

Conceito: Bianca Muniz e Letícia Camargo/Desenho: Bianca Muniz

 

Para vender qualquer produto ou serviço, uma organização precisa identificar seu público e convencê-lo a comprar. Com a nova geração de consumidores, mais jovens e com mais acesso à informação, surgiu também o uso de bandeiras sociais como estratégia de marketing. E as marcas que querem conquistar esse público passaram a adotar posturas mais ativistas.

 

De acordo com Ricardo Sales, pesquisador e consultor de diversidade, a tendência começou nos Estados Unidos dos anos 1970, em resposta à pressão dos movimentos de contracultura da década anterior. “No Brasil, esse debate chega no final de 1990, embora ganhe mais relevância nos últimos anos”, afirma. O estudo Delivering through diversity, publicado este ano pela consultoria Mckinsey, explica: empresas com diversidade de gênero entre os funcionários podem aumentar o lucro em até 21%, e quando há diversidade racial o crescimento chega a 35%.

 

Isso graças ao comportamento dos clientes, que cobram posicionamentos das empresas. “As pessoas têm se mostrado cada vez mais atentas a esse debate, e é uma pauta que faz ainda mais sentido para as novas gerações”, explica Sales. Nessa lógica, quem também apostou na imagem ativista foi a Grant Thornton Brasil, filial da multinacional que oferece consultoria na área de contabilidade e que aderiu ao Pacto Global da ONU de meio ambiente e direitos humanos.

 

“Queremos contribuir de alguma forma com o mundo”, conta Daniel Maranhão, CEO da GT Brasil. De acordo com ele, o objetivo é mostrar compromisso com a agenda socioambiental e com a diversidade. “A assinatura do pacto da ONU só veio depois que construímos uma estrutura interna condizente com essa mudança”, afirma. Mas o marketing feito sem responsabilidade pode custar caro.

 

A política interna de uma empresa deve refletir o mesmo que divulga externamente. Ou pode acontecer de ser penalizada pelo mercado por se apropriar de uma luta que na prática não apoia. “Como aconteceu com a Uber promovendo a luta antirracista e às escondidas impedindo a entrada de minorias na empresa. Isso foi notado nos EUA”, recorda Fernanda Budag, pesquisadora de mercado e consumo.

 

Por outro lado, Budag acredita que empresas que pautam atitudes nos quesitos missão, visão e valores saem vitoriosas. Eles são primordiais para uma marca, pois definem a identidade e o propósito da empresa. E, quando são alinhados com as bandeiras que a empresa ergue, os consumidores logo reconhecem. Eles sabem identificar quais marcas são engajadas. As críticas ao anúncio da Apple de banir carregadores e fones das caixas este ano mostraram isso, pois percebeu-se que o objetivo não era favorecer o meio ambiente.

 

Essa percepção deve influenciar cada vez mais a escolha do consumidor. Em um estudo feito ano passado pela Futerra, uma agência de estratégia nacional de sustentabilidade, já foi possível constatar isso. Segundo os dados divulgados, a Geração Z (com 22 ou menos) já é mais engajada do que os Millennials (entre 23 e 38 anos). No Global Summit 2019, evento para debater o comportamento dos consumidores, Solitaire Townsend, co-fundador da Futerra, afirmou que “A Geração Z foi levantada para questionar notícias falsas, desconfiar do sigilo e manter a sinceridade como sagrada”. A nova geração busca provas de que as ações das empresas são genuínas, e não só voltadas ao lucro.

 

Para Lina Moreira, também pesquisadora do mercado e professora do curso de Publicidade, a consciência do poder das empresas é o que está causando isso. “Se elas podem usar pautas relevantes para ganhar dinheiro, também podem usá-las para entregar algo positivo à sociedade”. Para seguir com o ativismo, as marcas precisarão ser consistentes tanto na mensagem quanto na ação. Caso contrário, o consumidor engajado e jovem fará seu papel e votará pelo bolso naquelas que mais acredita.

 

Colaboraram:

Fernanda Budag, docente na Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (Fapcom) e pesquisadora de mercado, consumo e percepções de marca
Lina Moreira, coordenadora do curso de Publicidade e Propaganda na Universidade Zumbi dos Palmares
Daniel Maranhão, CEO da Grant Thornton Brasil
Ricardo Sales, consultor de diversidade e pesquisador da Escola de Comunicações e Artes da USP
Pesquisa da Futerra em parceria com a The Consumer Goods Forum, divulgada em junho de 2019 no evento Global Summit
Relatório Delivering through diversity publicado em outubro deste ano pela consultoria Mckinsey

 

Quando os olhos não veem a verdade

 

Por Diego Macedo e Gabrielle Torquato e Tainah Ramos

 
Conceito: Bianca Muniz/Desenho: Bianca Muniz

Conceito: Bianca Muniz/Desenho: Bianca Muniz

 

Jovem, norte-americano, e uma mensagem importante a passar para população de seu país: “Vote, porque eu não posso”. As imagens de Joaquin Oliver foram amplamente divulgadas através de um comercial nos meses que antecederam as eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2020 e, a princípio, poderiam se passar como mais uma campanha de incentivo ao voto, mas elas carregam uma diferença importante das demais: Joaquin está morto.

 

O jovem de 16 anos foi uma das vítimas do massacre da escola de Parkland, na Flórida, no ano de 2018, e por isso sua mensagem desincentiva o voto em candidatos armamentistas. O vídeo causou impacto nas redes sociais e só foi possível ser realizado graças a uma técnica conhecida como deepfake, tecnologia que usa Inteligência Artificial (IA) e um algoritmo de “aprendizado profundo” que permite que computadores substituam o rosto de alguém pela imagem de outra pessoa através da alteração de cores, proporções, texturas e movimentos faciais.

 

O alto grau de realismo que alguns deepfakes conseguem alcançar foi o que iniciou um alerta para a possibilidade de este ser mais um passo na evolução das fake news. Isso porque diferente de outros formatos, os vídeos têm um apelo visual muito maior e conseguem enganar com facilidade. O famoso “ver para crer”.

 

Segundo explica Ana Erthal, doutora em Comunicação Social pela UERJ e especialista na área de comunicação multissensorial, a visão é um dos cinco sentidos que mais damos importância. Ela adquiriu predominância durante a Modernidade com muita influência da arte, uma vez que foi nesta época que os pintores passaram a usar a perspectiva para fazer retratos mais fiéis de pessoas e ambientes.

 

Até hoje, cerca de 250 anos depois, esta influência está tão presente no cotidiano que é difícil para o ser humano descrever uma experiência que não seja visual. Nessa conta, a tecnologia agrega alguns pontos ao criar ainda mais apelos visuais através das redes sociais. “A imagem atua hoje na sociedade como código predominante na comunicação”, afirma Ana.

 

Por outro lado, apesar de tão difundidas no mundo digital, o uso das imagens também esbarra em restrições legais. A questão se acirrou ainda mais com as leis de proteção de dados, explica Christian Perrone, coordenador da área de Direito e Tecnologia do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio).

 

De acordo com Perrone, ao veicular uma fotografia ou um vídeo na internet, o usuário transmite dados e o direito de imagem se sobrepõe também às informações pessoais – sobre quem pode usar, como pode usar, em qual circunstância e onde ficarão armazenados.

 

O grande temor sobre as deepfakes é a perda de noção da realidade a ponto de que não se consiga mais discernir o que é real e o que é IA, já que nem mesmo os olhos provam a verdade.

 

 

Colaboraram:
Ana Erthal, doutora em Comunicação Social na linha de Tecnologia de Comunicação e Cultura pela UERJ
Dima Shveits, co-fundador do REFACE APP, aplicativo gratuito de face swapping
Ivan Paganotti, fundador do projeto Vaza Falsiane
Christian Perrone, coordenador da área de Direito e Tecnologia do Instituto de tecnologia e sociedade

 

Holograma: a luz que se torna o artista

 

Por Caroline Aragaki e Giovanni Marcel e Renan Souza

 
Conceito: Caio Mattos/Desenho: Caio Mattos

Conceito: Caio Mattos/Desenho: Caio Mattos

 

A série de televisão britânica Black Mirror, famosa por trazer temáticas absurdas que acabam fomentando o debate público, trouxe no último episódio da sua 5ª temporada, estreada em 2019, a história fictícia de Ashley O, uma famosa cantora que, após adoecer, entra em estado de coma, sendo então substituída por um holograma.

 

Ashley O, interpretada por Miley Cyrus, na série Black Mirror/Créditos: Gfycat.com

Ashley O, interpretada por Miley Cyrus, na série Black Mirror/Créditos: Gfycat.com

 

A trama gira em torno da ganância da produtora em continuar lucrando com a imagem da artista, mesmo não tendo voz ativa nas novas produções e performances. Seus shows agora são comandados por um holograma à imagem da cantora, que imita seus movimentos e suas músicas. Apesar de parecer uma situação bastante futurista, a realidade não está tão distante.

 

Holograma da cantora sendo apresentado em um show durante o episódio/Créditos: next.reality.news

Holograma da cantora sendo apresentado em um show durante o episódio/Créditos: next.reality.news

 

A primeira aparição de um holograma na cultura pop foi no primeiro Star Wars, de 1977, em que é possível ver que a técnica depende de um aparato de projeção, possui imagens animais e simula a presença física. Depois dessa cena, outras situações similares foram criadas no cinema, em especial com a temática de ficção científica.

 

“Você é minha única esperança”, diz a princesa Leia antes de encerrar a mensagem/Créditos: Gfycat.com

“Você é minha única esperança”, diz a princesa Leia antes de encerrar a mensagem/Créditos: Gfycat.com

 

E fora das telas?

O maior marco holográfico na indústria de shows é o do rapper Tupac Shakur, reproduzido na 13ª edição do festival Coachella, na Califórnia, Estados Unidos. A apresentação ocorreu em 2012, quando o artista já havia falecido.

 

As vendas dos álbuns de Tupac aumentaram em 500% após o show, segundo a empresa Digital Domain, responsável por criar o holograma/Créditos: Tenor.com

As vendas dos álbuns de Tupac aumentaram em 500% após o show, segundo a empresa Digital Domain, responsável por criar o holograma/Créditos: Tenor.com

 

Um ano depois, Cazuza foi projetado com a mesma técnica em dois shows gratuitos, um no Parque da Juventude, em São Paulo, e outro na Praia de Ipanema, no Rio de Janeiro. Olhando a platéia, era um show como todos os outros: luzes de celular vibrando no ritmo da música, coro em todos os refrões e até mesmo lágrimas emocionadas. O parque lotou com 40 mil pessoas, e na praia havia uma legião até onde dava pé no mar, com 500 mil espectadores.

 

Em show de 1h40min dedicado a homenageá-lo, 20 minutos foram com um holograma do artista/Créditos: Giphy

Em show de 1h40min dedicado a homenageá-lo, 20 minutos foram com um holograma do artista/Créditos: Giphy

 

Fã do cantor desde a época em que ele era integrante do Barão Vermelho, Rosana Mancini o conheceu pessoalmente após uma apresentação em 1986 e fez questão de ir nos dois shows holográficos. Ao olhar para os palcos em 2013, ela teve sentimentos mistos: apesar de saber se tratar de uma projeção, a emoção batia forte em forma de nostalgia e saudosismo.

 

Após o show deste ingresso de 1986, Rosana - que tinha 16 anos - esperou por meia hora em uma fila próxima ao camarim do cantor para conseguir um autógrafo/Créditos: Arquivo Pessoal/Giphy

Após o show deste ingresso de 1986, Rosana – que tinha 16 anos – esperou por meia hora em uma fila próxima ao camarim do cantor para conseguir um autógrafo/Créditos: Arquivo Pessoal/Giphy

 

Ela conta que o holograma até interagia com o público, reproduzindo gravações de shows anteriores, porém causava certa estranheza nos momentos em que a música acabava, pois era desligado até retomar na próxima canção. Apesar dos gaps tecnológicos, Rosana confessa que se emocionou: “Me vi cantando e chorando ao lado de um desconhecido, unidos pelo amor a Cazuza”.

 

Rosana não hesita em dizer que iria em outros shows holográficos de Cazuza, independente de preço e fila. “Por quê? Fã é assim!”/Créditos: Giphy

Rosana não hesita em dizer que iria em outros shows holográficos de Cazuza, independente de preço e fila. “Por quê? Fã é assim!”/Créditos: Giphy

 

Quem tem direito sobre o holograma?

Reproduzir a imagem de uma pessoa não é a mesma coisa que tocar um CD com as músicas dela. Nesse caso, estão envolvidos o direito de personalidade e propriedade intelectual, tratados de maneira diferente pela lei.

 

No show de Cazuza, por exemplo, foi feito um acordo com a família para a reprodução da imagem do artista/Créditos: Giphy

No show de Cazuza, por exemplo, foi feito um acordo com a família para a reprodução da imagem do artista/Créditos: Giphy

 

Quando a pessoa já morreu, a família passa a ter os direitos sobre a imagem da pessoa, enquanto a obra (músicas, escritos, etc), pode estar sob domínio de uma empresa. Nos dois casos, a reprodução em holograma segue tal como seria pedir para um artista se apresentar: é preciso pedir para quem tiver os direitos (parentes, gravadora, etc) e pagar.

 

Pela lei brasileira, a obra se torna de domínio público 70 anos após a morte do artista/Créditos: Tenor.com

Pela lei brasileira, a obra se torna de domínio público 70 anos após a morte do artista/Créditos: Tenor.com

 

Um novo espectro de artista

Ao contrário de Rosana, Amanda Lumi foi a um show para encontrar sua idol mais viva do que nunca. Hatsune Miku é uma ídolo pop japonesa que tem um diferencial: é e sempre foi completamente digital, ganhando vida através da técnica de hologramas.

 

Hatsune Miku (ao meio) faz parte do software de sintetização de voz Vocaloid, junto com outras variações/Créditos: pinterest

Hatsune Miku (ao meio) faz parte do software de sintetização de voz Vocaloid, junto com outras variações/Créditos: pinterest

 

Em um pocket show de pouco mais de 30 minutos no Anime Friends de 2018, no Anhembi, a artista gerou gritos de animação com seus pré-gravados “Oi” e “Obrigada”. E, diferente de artistas de carne e osso, uma rápida transição junto com cenário basta para aparecer com um novo figurino e pronta para a próxima música.

 

A idol ganha forma através de outros compositores e artistas que fazem uso da voz digital/Créditos: Gifer

A idol ganha forma através de outros compositores e artistas que fazem uso da voz digital/Créditos: Gifer

 

Assim, a distância entre o virtual e o real fica ainda menor com a técnica dos hologramas, questionando a nossa concepção do que é ser artista. “Toda existência dela depende de uma programação prévia, então acho que é o mais próximo que eu conseguiria chegar (da idol)”, conta Amanda.

 

Colaboraram:
Amanda Lumi, graduanda de Biblioteconomia na ECA-USP e fã de Vocaloid.
Claudia Torres, produtora cultural que executou a planilha orçamentária do holograma do Cazuza no Projeto GVT Music Live: Cazuza
Eduardo Tomasevicius Filho, professor de direito civil na USP
Júlia Ticianelli, advogada pós graduanda em propriedade intelectual
Roberto Tietzmann, professor de Comunicação da PUC-RS, com especialização em imagem e tecnologia aplicada
Omar Marzagão, produtor cultural e curador do Projeto GVT Music Live: Cazuza
Rosana Mancini, fã do cantor Cazuza
Samara Kalil, jornalista e autora do doutorado “Comunicação e Hologramas de Entretenimento: Representações de artistas mortos em palcos de shows de música ao vivo”

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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