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Tantra: libertação, sexo e prazer

 

Por Vitor Garcia

 

TANTRA

 

Imaginado como sexo exótico, o Tantra vai além. Sua filosofia pode ser definida como estado de presença, no qual instintos mandam menos. Para seus adeptos, é respeitar e conhecer a própria natureza. Sem se castrar, sexualmente ou não, pelo controle moral. É, no fundo, um tesão pela vida. Uma vida orgástica.

 

O conjunto de preceitos é amplo. Sem uma data de origem definida, sabe-se apenas que seus princípios remontam uma sociedade que existiu onde hoje é o Paquistão e a Índia. Lá, florescia uma cultura onde o feminino era cultuado, a natureza era parte integrante da vida e a relação com a sexualidade e os corpos era outra. A energia sexual era vista como criativa e transformadora.

 

Hoje, a prática surge não apenas como forma de se ter mais prazer no sexo, pelo prolongamento e multiplicação dos orgasmos. A real intenção é levar a energia sexual, Kundalini, para todas as esferas da vida. Desvincular orgasmo de genitália e penetração. Afastar-se de modelos pornográficos e de prazer imediato. Tudo por meio de respiração, meditações ativas, mantras. E as famosas massagens.

 

No método Deva Nishok, os quatro níveis delas seguem uma ordem específica. Isso garante que a mente se afaste, aos poucos, da fantasia erótica. Na sensitive massagem, há o primeiro contato: um leve toque da mão por todo o corpo. Depois, parte-se para as genitais, sem se limitar a esse local: as massagens do Êxtase Total, do Yoni/Lingam (vagina e pênis, respectivamente) e de estímulo à glândula de Gräfenberg, o ponto G feminino, e à próstata, o ponto P masculino.

 

Para seus adeptos, as técnicas são meios para se ampliar a consciência. Com isso, nos valorizamos mais e passamos a compreender a fundo o eu e o outro. Daí um motivo pelo qual o Tantra age na cura de disfunções sexuais, transtornos psicológicos e na liberação de hormônios do prazer.

 

Ultrapassando visões de sexo como algo pecaminoso, busca-se viver o prazer em sua plenitude, com o uso dos cinco sentidos. O sexo torna-se mais natural, libertador. Empodera a vida em sua totalidade.

 

Ao mesmo tempo, há ressignificação de experiências traumáticas e derrubada de interdições impostas desde a infância por família e religião. Nesse sexo, ninguém existe para dar prazer ao outro. Prazer apenas se compartilha, pois está em nós.

 

Colaboraram as/os terapeutas Rosana Cidrão, Junior Ciuniti (que possui um projeto para homoafetivos) e Thais Kaveesha (que desenvolve um trabalho exclusivamente com mulheres).

 

Mindfulness: prestando atenção no aqui e agora

 

Por Lázaro Campos

 

MINDFULNESS

 

Definição

A técnica de meditação Mindfulness, traduzida como “atenção plena”, leva a consciência focar no presente com atitude aberta e não julgadora. Um de seus exercícios básicos é praticar a concentração na respiração. Ajuda a lidar com o estresse cotidiano, as emoções e as relações com os outros.

 

Possibilidade de tratamento

É opção terapêutica comprovada para quadros clínicos de transtornos de ansiedade e depressão, além da dor crônica. A técnica também ajuda na prevenção dessas doenças. Desde 2006, já está prevista na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS, no bojo da meditação. Porém falta ser implementada. No Reino Unido, o Mindfulness já é incorporado à política pública.

 

Contraindicações e alertas

Em casos de graves sintomas de ansiedade e depressão, o Mindfulness não é indicado sem primeiro haver o tratamento farmacológico. A técnica contribui para diminuir as recaídas. Para pessoas com esquizofrenia e transtorno de personalidade, adota-se um protocolo específico de acompanhamento por profissionais capacitados.

 

Nem concentração nem relaxamento

Na verdade, o Mindfulness desenvolve a autopercepção. Sua prática permite que diante de um estímulo, a resposta não seja no “piloto-automático”. Por exemplo, diante do estresse, o objetivo é percebê-lo e evitar um comportamento inadequado.

 

Uso empresarial

De acordo com a revista americana Inc., em 2016, o mercado de Mindfulness movimentou 1,1 bi de dólares nos Estados Unidos e 22% dos empregadores norte-americanos ofereceram atividades com essa técnica aos seus contratados. Ainda que muito divulgado por empresas que contratam workshops na área, o aumento da produtividade deve ser encarado como efeito colateral positivo, mas não é o objetivo da prática.

 

*Colaboraram:
Edson Noboyuki: Participou do curso de Mindfulness na Febracis.
Marcelo Demarzo: Professor da Escola Paulista de Medicina (Unifesp), coordena o Centro Mente Aberta de Mindfulness na Unifesp.

 

O relaxamento que move montanhas

 

Por Raphael Concli

 

taichi

 

Celebrado pelos diversos benefícios ao corpo, como melhora da flexibilidade e circulação e desenvolvimento de consciência corporal, o Tai Chi Chuan não é apenas um exercício físico ou uma arte marcial. É uma associação entre prática corporal e mental intimamente articuladas a elementos do pensamento filosófico chinês, abrangendo princípios confucionistas, taoístas e budistas, apontam Angela Soci e Paula Faro, respectivamente diretora e instrutora na Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan em São Paulo.

 

Ambas seguem o estilo da família Yang, um dos cinco estilos tradicionais da modalidade, caracterizado por “movimentos cadenciados num ritmo único de velocidade, manutenção de alturas e movimentos limpos, sem floreios e pela preocupação com os processos internos que se dão na prática”, comenta Angela.

 

A ideia de equilíbrio, como a própria expressão Tai Chi pode ser traduzida, é fundamental. Já Chuan designa luta, punho. Praticar o Tai Chi Chuan é buscar equilíbrio num permanente jogo de opostos complementares. Os movimentos exigem soltura e maleabilidade, mas são precisos e firmes. O relaxamento que a prática propicia não é a do descanso e da fuga, mas vem pela concentração e disciplina.

 

Neste balé marcial, elementos da natureza compõe o nome de movimentos. Empurram-se montanhas ao invés de pneus. E no lugar de chacoalhar cordas, caudas de pássaro se desenham nas mãos. Ao se realizar o movimento, as imagens evocadas por seus nomes ilustram o que o corpo deve fazer, como guias.

 

Embora os discursos médico e científico sufoquem os aspectos filosóficos da prática, não é algo para se lamentar. Isso colabora para que o público compreenda o que pode esperar da modalidade e mostra aproximação da linguagem tradicional da arte com a academia, abrindo caminho para pesquisas, pondera Angela.

 

As raízes da prática são mais amplas e não podem ser esquecidas, pois também lhe sustentam. Mas as transformações na forma como é entendida fazem parte do que é o próprio Tai Chi, lembra Paula: algo cuja definição está em constante movimento.

 

Ondas de concreto

 

Por Rafael Paiva

 

ONDAS DE CONCRETO (pág. 9)

De fala mansa, equipamento de proteção completo, Wilton de Souza, 33, tem uma relação nova com o skate. Amante do mar, há cerca de dois meses comprou um modelo com “mecanismo que simula os movimentos do surfe”. As ondas logo se desenham por meio da sua movimentação simples e curvilínea em cima do objeto.

 

Mais descolado, tanto no modo de falar quanto na expressão corporal, Guilherme da Silva, 29, é praticante desde a juventude. Utiliza somente um capacete. Estudioso dos movimentos, arrisca manobras de diferentes graus e alturas. Arquétipo do skatista clássico: extremamente à vontade entre “piscinas” e inclinações. “Quando você acerta uma manobra, bate o sentimento de superação na hora”, diz.

 

O cenário de um parque voltado para os esportes radicais evidencia o quanto novatos e veteranos deixam os receios fora da pista e, em uma espécie de harmonia conjunta, visam a superação dos mais variados obstáculos. Os introspectivos e os extrovertidos caminham na mesma direção.

 

Além de propiciar, em uma parcela dos atletas, redução do estresse, da ansiedade e uma melhora no humor, um esporte pode, por meio da liberação das endorfinas no organismo, ocasionar uma sensação de euforia conhecida popularmente como runner´s high (“barato do corredor”), de acordo com Camila Aparecida Machado de Oliveira, professora do Departamento de Biociências da Unifesp.

 

“É uma válvula de escape para você sair um pouco daquela correria de cidade grande, das cobranças, e dar uma relaxada”, diz Wilton, que “despluga a tomada” da realidade quando está em ação.

 

Fato é que, ao saber respeitar os limites das pressões físicas e psicológicas, um praticante pode encontrar na modalidade elementos de ressignificação pessoal. “Quando você lida com situações de muito risco ou muito medo, de alguma forma mostra pra si mesmo o nível de coragem que tem. Com isso, passa a acreditar que consegue superar qualquer coisa”, explica Alberto Filgueiras, professor do Instituto de Psicologia da Uerj com experiência em Psicologia do Esporte.

Trivial que acalma

 

Por Igor Soares

 

DIETA DO SOSSEGO (pág. 8)

Se um dia alguém fizer um ranking das frases mais ditas pelos paulistanos, “estou estressado” facilmente aparecerá no top 10.

 

Mas pouca gente sabe que alguns alimentos comuns da dieta do brasileiro podem auxiliar no alívio da tensão. Na verdade, alguns deles podem estar jogados no fundo da sua bolsa, como aquela banana comprada na feira do domingo.

 

A fruta é rica em triptofano, uma substância natural que ajuda o organismo a sintetizar a serotonina, conhecida como hormônio do prazer.

 

“A banana faz um bem danado!”, brinca Daniela Cyrulin, nutricionista funcional sócia da Nutri & Consult, uma consultoria em nutrição.

 

O triptofano também é usado no tratamento da depressão e controle da ansiedade, melhorando o sono e o humor.

 

Se na correria da manhã não deu tempo de colocar a banana na bolsa, não tem problema. O tal do triptofano está na dupla favorita do brasileiro: arroz e feijão. As carnes também são ricas na substância, assim como salada de alface que acompanha o prato na hora do almoço.

 

Mas se engana quem pensa que a hortaliça serve só pra isso. A alface pode ser consumida como suco, atuando como uma ótima bebida calmante. Isso é possível devido a uma substância natural chamada lactucina, que tem de sobra na verdura e tem potencial relaxante.
Outra opção de bebida é o chá. Antes de se tornar o drink favorito dos britânicos, era originalmente utilizado com fins medicinais, como conta Dani Lieth, especialista no assunto e fundadora do Instituto Chá, primeira escola do país a oferecer um curso de Formação em Sommelier.

 

Chás de ervas como a camomila são ricos em teína, substância análoga à cafeína que atua mantendo o organismo ativo e relaxado.

 

Além de contribuir para o bem-estar, vários possuem catequina, um polifenol antioxidante que ajuda na prevenção do envelhecimento precoce. Tá aí uma ótima alternativa pro break da tarde nesse inverno paulistano. Bon Appétit!

Há meditação bastante em não pensar em nada

 

Por Rodrigo Santana

 

HÁ MEDITAÇAO BASTANTE EM NÃO PENSAR EM NADA

São cinco e meia da tarde de uma quarta-feira cinzenta. Saio do metrô, tem muita gente voltando para casa. O ritmo da cidade nas buzinas e nos semáforos contrasta com a fachada sóbria do templo Busshinji, na rua São Joaquim, na zona central da cidade.

 

Entro, sento em uma cadeira na área externa do templo. Aos poucos, outras pessoas chegam. Às seis em ponto, desce um dos praticantes, que será nosso instrutor. Ele faz uma reverência, com as mãos em gassho, palma com palma, como quem faz uma prece. Na sua voz plácida, explica que a prática durará até as oito, quem tiver compromisso nesse período não deve participar.

 

Pelas escadas, somos 20 pessoas conduzidas à parte superior. Tiramos os sapatos, calçamos chinelos, entramos na área onde acontecem as meditações.

 

A luz baixa, as vozes sempre sussuradas, os passos curtos, os pés próximos, o cheiro leve de incenso. É como se no meio do frenesi paulistano houvesse uma ilha calma em que a paz te deixa entrar e depois fecha as portas.

 

Sentamos no zafu, uma almofada arredondada, as pernas estão dobradas, as mãos em posição de mudra cósmico, mão esquerda sobre a direita, os polegares se tocando. Entre as mãos, uma elipse simboliza o formato do universo. “Eu estou no cosmos, o cosmos está em mim”, explica a mesma voz plácida. A coluna ereta, os ombros alinhados, estamos em posição de Zazen.

 

O praticante nos orienta a respirar. “Inspire devagar. Sinta o ar preenchendo o peito. Expire, deixe sair tudo. Respire conscientemente. Pensamentos virão à sua cabeça. Não se apegue a nenhum, sejam eles bons ou ruins. Contemple-os. Do mesmo modo que os pensamentos entraram, eles vão sair. Contemple-os e deixe-os passar”.

 

É difícil conseguir esse estado de concentração. O tempo inteiro pensando nas escolhas que fiz, naquelas que podia ter feito, nas que farei para conquistar o que quero. Em vez de meditar o silêncio, medito sobre as coisas da minha vida. “Contemple os pensamentos e deixe-os passar”.

 

Se não consigo controlar, será que domino meus pensamentos ou são eles que me dominam?

 

Minhas costas doem, minhas pernas estão dormentes até a lombar. Preciso vencer essa dor. A mente é uma casa com muitos habitantes. Preciso conhecê-los todos, sejam eles a dor, a alegria, a angústia, a tristeza. Nenhum desses moradores pode se tornar o dono da casa, são viajantes pousados em uma estalagem. Que convivam sempre bem, e que façam boa viagem.

 

Todas as percepções da mente são transitórias, portanto, todas elas são ilusões. O budismo chama o mundo de samsara: um universo de ilusões que nos enreda em meio a tantas causas e consequências. Preciso perceber a ilusão como ilusão, a mente precisa parar de mentar para perceber o que permanece quando retiramos as camadas de poluição.

 

A respiração dos ansiosos é ofegante, dos apaixonados, dilatada. Minha respiração segue calma. As pontas dos dedos, que se tocavam com força, agora fazem uma pressão leve, como se segurassem um papel de seda sem o amassar. Meu olhar semicerrado, mirando a parede, já quase não vê, as pernas não doem.

 

Quanto tempo se passou depois disso não sei. Um tempo breve, com certeza. A gente só percebe que parou de pensar quando volta a pensar de novo.

 

Seria um erro dizer que o Zazen é um relaxamento. Relaxar é ficar disperso nos nossos pensamentos e sensações, entregue aos caminhos da mente. Sentar em Zazen é o contrário disso: é contemplar esses pensamentos, saber que eles passam, deixá-los passar. Então, com a mente quieta, viver o presente, sem causas nem consequências. Viver sem ser vivido.

 

Alguns templos e centros de meditação que você pode conhecer em São Paulo:

Centro de Estudos Budistas Bodisatva: rua Maestro Cardim, 1024.

Centro de Meditação Kadampa Mahabodhi: rua Artur de Azevedo, 1360. Pinheiros.

Comunidade Zen Budista, Templo Taikozan Tenzui Zenji: rua Desembargador Paulo Passaláqua, 134 – Pacaembu.

Templo Busshinji: R. São Joaquim, 285 – Liberdade.

 

Quando adormecer cansa

 

Por Maria Beatriz Barros

 

MEDICAMENTOS

 

Dores de cabeça e no corpo, baixo rendimento no trabalho, insônia ou excesso de sono estão entre os sintomas que levam os pacientes de estresse a procurarem um médico, em primeiro lugar. “São queixas sintomáticas. Os pacientes dizem estar cansados, estafados, antes de serem diagnosticados com essa doença”, conta o professor Luiz Vicente Figueira, do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP.

 

Isabela Biz, 22, foi ao médico por causa de uma privação de sono e saiu com o diagnóstico de estresse crônico. Desde criança, a estudante não costumava dormir muito, mas seu tempo na cama começou a cair drasticamente a partir de 2011, ao ponto que, quando entrou na faculdade, em 2014, dormia apenas três horas por noite.

 

Em casos como o de Isabela, o médico recomenda a combinação de antidepressivos de uso prolongado com a psicoterapia. Durante colapsos nervosos – quando a pessoa experimenta um pico de estresse agudo, que a impede momentaneamente de desempenhar suas atividades normais –, Figueira explica que o tratamento do estresse é feito pela administração de tranquilizantes por até 72 horas.

 

A promessa de uma vida livre do estresse, no entanto, não vem sem preço. Entre os muitos efeitos colaterais citados na bula do medicamento receitado a Isabela, estão coceiras na pele, náuseas, perda de apetite, amnésia e inquietação – dos quais a estudante experimentou vários. “Quando comecei a tomar o remédio, não conseguia me concentrar. Em menos de uma hora, eu passava de um estado muito sonolento para a total hiperatividade, a ponto de obrigar os meus professores da faculdade a me tirarem da sala de aula porque não parava quieta”, lembra.

 

Entre as vantagens citadas do tratamento despendido para estresse crônico, o médico cita a ausência de risco de dependência do paciente ao medicamento. Isabela, contudo, teme por sua vida sem o medicamento, apesar dos sintomas experimentados nas primeiras semanas terem melhorado com o tempo. “Se eu esquecer de tomar, provavelmente voltarei ao dia 1.”

 

A fisiologia do estresse

 

Por Matheus Morgado

 

estresse

 

Em sua fase inicial, o estresse causa a chamada “resposta de luta ou fuga”: um estado de alerta em que o corpo se mantém preparado para situações de grande gasto de energia, e isso se traduz em maior concentração e produtividade. Esta mesma reação está associada às atividades de caça e busca de alimentos de povos primitivos, o que demonstra que o estresse não é exclusividade do nosso tempo e é consequência normal do organismo. Ele só começa a se tornar um problema de fato quando em excesso.

 

Além da primeira fase, que conta com disparos de adrenalina e cortisol, aumento da pressão arterial e contração dos músculos, o estresse pode se desenvolver em mais três estágios. O segundo diz respeito à fase de resistência, que leva à produção de muito cansaço e falta de memória. As fases finais são as de quase-exaustão e exaustão, quando o corpo não consegue mais resistir ou se adaptar ao estresse e começa a entrar em colapso. É nesses estágios que aparece o risco de desenvolvimento de doenças.

 

Obesidade, hipertensão, depressão, úlceras são exemplos de consequências do estresse, assim como a psoríase, doença autoimune que produz escamas na pele. Não há unanimidade quanto à questão: alguns especialistas afirmam que não parece haver relação direta entre o estresse e o desenvolvimento de doenças autoimunes, apenas a possibilidade de piora de quadros já existentes; mas outros discordam, indicando que essa relação pode, sim, existir.

 

Além disso, segundo a endocrinologista Rejane Vaz, a forte conexão entre os sistemas nervoso, endócrino e imunológico pode desencadear enfermidades silenciosas (cujos sintomas se manifestam tardiamente ou passam despercebidos), como doenças reumáticas, que atingem o aparelho locomotor, esclerose múltipla e distúrbios da tireóide.

 

Colaboraram com a matéria: Dr. Daniel di Renzo e Dra. Rejane Vaz, especialistas em endocrinologia; e Dra. Marilda Lipp, diretora do Instituto de Psicologia e Combate ao Estresse.

É necessário disciplina

 

Por Artur Zalewska

 

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Quem nunca tentou colocar em prática uma ideia de relaxamento que viu em uma revista e se frustrou com os resultados? Isso pode acontecer porque aquele método de relaxamento não é o ideal para você. Segundo o psiquiatra Rodrigo Fonseca Martins Leite, diretor de ambulatórios do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, ao escolher uma atividade que leve ao relaxamento, é essencial levar em conta o quanto você se identifica com aquilo.

 

O processo envolve tentativa e erro, até descobrir o que funciona. Para escolher quais atividades testar, concentre-se no foco. “É quando o aluno consegue sair do controle e focar a mente em um ponto, como o ritmo da respiração, que ele finalmente experimenta o relaxamento”, diz a professora de yoga Carla Vila Verde, idealizadora da Casa Mandalla, em São Paulo.

 

Tocar um instrumento musical, ouvir música ou cozinhar são algumas das muitas atividades que podem levar a esse estado de foco. Para quem não se dá bem com práticas mais sossegadas, as atividades físicas são uma opção.

 

Uma das barreiras que muitos enfrentam é a pressão sobre si mesmos para conseguir relaxar rapidamente. Mas o psiquiatra lembra que é normal não acertar de primeira: “As pessoas acham que relaxar é natural, mas não é. Exige aprendizado”.

 

Qualquer que seja a atividade escolhida, é necessário ter comprometimento e praticá-la com regularidade, mesmo quando a vontade é ficar na cama sem fazer nada. É fundamental ter disciplina, criar uma rotina e mantê-la. “Muitas vezes a busca do relaxamento envolve um desprazer porque reagimos negativamente a qualquer disciplina”, destaca Rodrigo.

 

Febre de relaxar

 

Por Ana Helena Corradini e Juliana Lima

 

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“Relaxe!”. O imperativo está em nossa mente a todo tempo. Relaxar tornou-se uma obrigação; e a calma, mercadoria de valor. Precisamos encarar com tranquilidade todos os pequenos e grandes problemas que nos assolam; não podemos sucumbir. A simples possibilidade de falhar nesta tarefa gera estresse. Não conseguir relaxar é frustrante. Entramos, assim, em um ciclo vicioso.

 

Afinal, não é normal ficar estressado? Estamos cada vez mais conectados e atarefados, lidando com vários assuntos ao mesmo tempo. Cada um tem suas próprias formas de lidar com o estresse, mas quando ele que nos consome, a solução é adotar um novo lifestyle: aulas de yoga, curso de mindfulness, livros de colorir, spas… As opções são diversas e, às vezes, caras. O estresse sempre volta e continuamos consumindo relaxamento.

 

Relaxar é preciso, mas por que estamos tão preocupados em atingir um estado de espírito em que nada mais nos abale? A resposta não é um grande segredo, todos buscamos ser mais saudáveis, felizes ou mesmo mais produtivos. São cada vez mais populares entre empresas, iniciativas que incentivem o relaxamento de seus funcionários, ajudando-os a se livrarem, ou ao menos relevarem, o estresse causado no trabalho. Com esse intuito, têm se tornado comuns ambientes focados no bem-estar dos funcionários.

 

A ânsia por livrar-se do estresse movimenta uma espécie de mercado do relaxamento, com opções que variam desde técnicas milenares, cujo propósito principal nem sempre é simplesmente relaxar, até adaptações modernas, que em seus discursos garantem uma vida mais tranquila.

 

Nesta edição, o claro! traz algumas dessas inúmeras formas de relaxamento, passando pela simplicidade de uma dieta, a técnicas pouco conhecidas, como o Tantra, ou mesmo as populares meditações Mindfulness. Entendemos as nuances do estresse e os diversos significados de relaxar, que podem ser completamente subjetivos.

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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