Resumo

A produção científica brasileira tem crescido expressivamente e a mesma evolução observa-se em química e em química analítica. Há algumas décadas a visão da subárea de química analítica era prejudicada por um senso comum que apontava para uma evolução excessivamente lenta comparativamente a outras subáreas em química. O crescimento da química analítica brasileira nas últimas décadas desarticulou de forma consistente a miopia do senso comum e constata-se uma evolução contínua fundamentada em sólidos alicerces anteriormente estabelecidos.

Esse crescimento expressivo em química analítica foi demonstrado por Fatibello-Filho et al. [1] compilando indicadores de produção que comprovaram a evolução e crescente penetração internacional. Recentemente, Rocha et al. [2] atualizaram esses dados e concluíram que “a química analítica brasileira é saudável e segue crescendo e está preparada para apoiar o papel do Brasil como uma nova potência no complexo cenário mundial”.

Diferentes dados confirmam essa conclusão e leitura similar pode ser obtida a partir de trabalho publicado pelo corpo técnico do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico sobre os bolsistas de produtividade em pesquisa em química. Nesse caso, Santos et al. [3] apresentaram dados que  novamente demonstram o crescimento da área, como por exemplo a duplicação do número de bolsistas de produtividade da subárea de química analítica na última década.  Contudo, as rápidas mudanças observadas em um mundo cada vez mais integrado e acelerado exigem contínua atenção e cuidadoso estabelecimento de metas para a continuidade da evolução até aqui observada. Esse é um exercício permanente para a comunidade analítica e as múltiplas respostas exigirão discussões para estabelecimento de prioridades e rotas evolutivas.

Certamente será consensual a vital necessidade de formação de recursos humanos com qualidade e volume compatíveis com as necessidades do país. Provavelmente polemizaremos sobre conteúdos curriculares, ênfases e estratégias. Entretanto, a discussão é profícua e desejável e, entre as necessidades que poderiam ser apontadas, permito-me destacar um centro nacional de produção de materiais de referência certificados, o desenvolvimento de fabricantes nacionais de instrumentação analítica e a expansão dos esforços em bioanalítica.

1. Fatibello-Filho, O., Neves, E.A., Rocha, F.R.P., Nóbrega, J.A., Quim. Nova, 25, 2002, 61.
2. Rocha, F.R.P., Pereira-Filho, E.R., Nóbrega, J.A., J. Braz. Chem. Soc., 20, 2009, 1759.
3. Santos, N.C.F., Cândido, L.F.O., Kuppens, C.L., Quim. Nova, 33, 2010, 489.