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A arte de apresentar o que não existe

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Reforma política é possível?

 

Ana Luiza Tieghi

A 31ª edição da Bienal de São Paulo aborda a representação do impalpável e busca atrair um público amplo

Como pensar coisas que não existem? Como sentir, representar, escrever sobre essas coisas? Essas são as indagações que movem a 31ª Bienal de São Paulo, que começa no dia 6 de setembro. Plural como a própria arte, a linha condutora do evento possui várias versões e não deve ser considerada um tema, explica Pablo Lafuente, um dos curadores. “A 31ª Bienal não tem tema. É um projeto que quer estabelecer uma troca com a situação contemporânea, mas sem impor uma urgência pessoal dos curadores ao público”, esclarece.

Dois mil colaboradores indiretos e 150 colaboradores diretos trabalharam durante um ano e meio para realizar a 31ª Bienal de São Paulo, que começa dia 6 de setembro. Foto: divulgação Fundação Bienal

Dois mil colaboradores indiretos e 150 colaboradores diretos trabalharam durante um ano e meio para realizar a 31ª Bienal de São Paulo, que começa dia 6 de setembro. Foto: divulgação Fundação Bienal

Com um orçamento de R$ 24 milhões, a expectativa para este ano é aumentar o público, que nas últimas duas edições ultrapassou 500 mil visitantes. A Fundação Bienal de São Paulo, responsável pela realização do evento, conta que houve mais preocupação com a divulgação na internet e nas redes sociais, por serem veículos fora da grande mídia. “O objetivo dessas ações é atingir um público não especializado e que não costuma frequentar exposições de arte”, afirmam.

Organizar e promover um evento nessas proporções exige a participação de muitas pessoas. Segundo informações da Fundação Bienal, são necessários um ano e meio de trabalho e 150 colaboradores diretos e 2 mil indiretos para que o evento aconteça.

Com grande preocupação em integrar a sociedade com a arte, esta edição da Bienal realizou encontros prévios e abertos com instituições e artistas de diversas regiões do Brasil, para que, juntos, pudessem construir a 31ª edição do evento. “As questões que aparecem na Bienal são o resultado dessas conversas nos encontros abertos, são respostas a situações locais. Todas essas linhas de ação dão uma imagem incompleta da nossa situação contemporânea”, afirma Lafuente.

O cartaz de divulgação da Bienal de São Paulo contém desenho do indiano Prabhakar Pachpute, que também tem obras em exposição. Crédtio: Prabhakar Pachpute/divulgação Fundação Bienal

O cartaz de divulgação da Bienal de São Paulo contém desenho do indiano Prabhakar Pachpute, que também tem obras em exposição. Crédtio: Prabhakar Pachpute/divulgação Fundação Bienal

A descentralização de influências permitiu que os diferentes cenários culturais e políticos do Brasil fossem incorporados à mostra, que nesta edição conta com muitos artistas nacionais de fora do eixo Rio-São Paulo. Outra característica dos artistas que irão expor na 31ª Bienal é a juventude. A maioria dos expositores tem menos de 40 anos e também pratica uma arte renovada, tudo para trazer frescor e novidade ao público visitante.

Olhando o desenho escolhido para divulgar a mostra já é possível ter uma ideia da essência desta Bienal. O trabalho do artista indiano Prabhakar Pachpute apresenta uma estrutura sendo carregada por vários seres. A representação de uma situação imaginária, que não existe, e ao mesmo tempo construída pela coletividade, dá o tom da 31ª edição do evento.

A mostra também vem sendo chamada pelos curadores de “trans Bienal”, por valorizar o aspecto transformador da arte, que joga luz sobre temas que estão desarticulados na sociedade. Com quase 50% de obras inéditas, o evento quer realmente promover uma aproximação do público que não está acostumado com arte contemporânea, e, mais do que isso, tocar essas pessoas. “Esperamos ter pessoas que não têm familiaridade com a arte contemporânea. O importante não é que eles ou elas fiquem interessados na arte, mas que a Bienal seja uma ocasião para uma experiência especial, transformadora”, afirma o curador Lafuente.

Pablo Lafuente integra o time de curadores desta edição da Bienal, que quer fazer com que um público mais amplo conheça a arte contemporânea. Foto: Sofia Colucci/Fundação Bienal

Pablo Lafuente integra o time de curadores desta edição da Bienal, que quer fazer com que um público mais amplo conheça a arte contemporânea. Foto: Sofia Colucci/Fundação Bienal

A arquitetura do Pavilhão Ciccillo Matarazzo, conhecido como o Prédio da Bienal e sede do evento, favorece a contemporaneidade da exposição. A 31ª edição da Bienal de São Paulo será a primeira realizada após a morte de Oscar Niemeyer, arquiteto do prédio que apresenta claramente as características que o tornaram conhecido no mundo todo. Estudar a arquitetura do edifício e trabalhar para que ela contribua com a exibição da arte é um dos desafios dos organizadores da exposição, que em todas as edições buscam inovar na apresentação das obras.

Serviço

Um dos mais importantes eventos do circuito artístico internacional, a Bienal de São Paulo pode ser visitada no Parque do Ibirapuera até o dia 7 de dezembro. A entrada é gratuita. Nas terças, quintas, domingos e feriados, a visitação ocorre das 9h às 19h (com entrada somente até 18h). Já nas quartas-feiras e sábados, o público pode conferir as obras das 9h às 22h (com entrada até 21h). A Bienal fecha às segundas-feiras. Confira mais detalhes sobre a exposição e os artistas no site http://www.31bienal.org.br/pt/.

Obra de Prabhakar Pachpute, autor do desenho do cartaz de divulgação, ainda em construção no prédio da Bienal. Foto: Pedro Ivo Trasferetti/Fundação Bienal

Obra de Prabhakar Pachpute, autor do desenho do cartaz de divulgação, ainda em construção no prédio da Bienal. Foto: Pedro Ivo Trasferetti/Fundação Bienal

Endereço: 31ª Bienal de São Paulo – Pavilhão Ciccillo Matarazzo, Parque do Ibirapuera, portão 3, São Paulo/SP

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