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Arte em suas mais variadas formas

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Tratamento de saúde na era digital

 

Por Ana Luiza Tieghi
A litografia é outra técnica que pode ser utilizada para originar uma gravura. Na imagem, obra Accordeon, feita em 1994 por Alex Cerveny

A litografia é outra técnica que pode ser utilizada para originar uma gravura. Na imagem, obra Accordeon, feita em 1994 por Alex Cerveny

Exposição na Caixa Cultural apresenta cem anos de gravura no Brasil e toda a versatilidade da técnica

 

Em comemoração dos 25 anos do Museu de Gravura da Cidade de Curitiba, a Caixa Cultural São Paulo recebe a mostra “Alma brasileira – 100 anos de gravura”. Aberta até o dia 30 de novembro, a exposição conta com um acervo de 101 obras de 37 artistas nacionais, que passam por vários estilos da técnica, plural em sua essência.

Como explica a curadora da exposição, Fernanda Lopes, a definição clássica de gravura, a gravação de uma imagem sobre uma superfície, dá espaço para a utilização das mais diversas técnicas artísticas. Um exemplo são as garrafas de Coca-Cola modificadas por Cildo Meireles, que usa um material adesivo na superfície do vidro, do seu modo também gravando uma imagem em uma superfície. As técnicas de carimbo e xilogravura são outros exemplos de criações que fogem do desenho no papel.

O carimbo do paranaense Luciano Mariussi faz parte do acervo do Museu de Gravura da Cidade de Curitiba, que completa 25 anos

O carimbo do paranaense Luciano Mariussi faz parte do acervo do Museu de Gravura da Cidade de Curitiba, que completa 25 anos

Fernanda selecionou as obras expostas em “Alma brasileira” dentro do acervo de cerca de cinco mil gravuras que pertence ao Museu de Gravura da Cidade de Curitiba. “Fui ver o acervo sem um recorte predefinido, queria muito saber o que tinha lá. A museóloga que trabalha no museu me disse que a maioria dos trabalhos nunca saiu de Curitiba, muitos inclusive nunca saíram da reserva técnica, estão sendo vistos pela primeira vez”, conta.

Com um acervo riquíssimo e pouco conhecido, Fernanda optou por seguir três vertentes no processo de escolha do que seria exposto na Caixa. A primeira era composta por gravadores clássicos, seguidos pela segunda vertente, que incluía obras de artistas que trabalham com outras técnicas além da gravura, mas que em algum momento optaram por ela. A última vertente ficou por conta de obras que a curadora não veria como gravuras no sentido tradicional da palavra. “Como exemplo, temos uma placa de metal perfurada da Jac Leirner”, aponta Fernanda, que também ressalta a presença de 42 carimbos de cinco artistas diferentes.

A serigrafia de Carlos Scliar, feita em 1977, integra a exposição “Alma brasileira – 100 anos de gravura”

A serigrafia de Carlos Scliar, feita em 1977, integra a exposição “Alma brasileira – 100 anos de gravura”

Apesar de seguir as três vertentes durante o processo de escolha das obras, a curadora conta que a exposição não apresenta divisões: “A ideia é que fique tudo misturado, que não tenha nenhuma ordem cronológica ou agrupamento por técnica”. Ela optou por não conferir rótulos às gravuras para deixar claro que a exposição não pretende traçar um panorama da evolução da gravura no Brasil. “Queremos mostrar como a própria noção de gravura vai se ampliando e se tornando cada vez mais complexa, sem que uma técnica exclua a outra”, afirma, “mostrar um pouco para o público como a ideia de gravura pode ser mais ampla do que a gente costuma ver, para a qual costumamos olhar”.

 

Técnica versátil

 

A artista Anna Bella Geiger é a criadora desta gravura em metal intitulada Brasil 1500

A artista Anna Bella Geiger é a criadora desta gravura em metal intitulada Brasil 1500

É grande o número de artistas consagrados em outros formatos que se aventuram pela gravura. Na mostra “Alma brasileira”, alguns exemplos são Iberê Camargo, Lygia Pape, Carlos Zilio, Waltercio Caldas e Anna Bella Geiger. “Talvez um elemento que possa interessar os artistas, que outras técnicas não têm, seja a questão do múltiplo. Na exposição temos alguns trabalhos que lidam com a ideia de sequência, acho que isso pode interessar artistas das mais diferentes origens, heranças e interesses”, conta Fernanda. A forte dimensão manual da gravura também é ressaltada pela curadora como algo que atrai o interesse dos artistas.

A exposição inclui até mesmo gravuras com água, feitas a partir da impressão deixada por copos molhados em papel. “Talvez essa ideia de poder experimentar mais, de ser um meio mais simples, no bom sentido, atraia os artistas. É uma relação na qual o artista consegue ficar muito mais próximo do material”, afirma Fernanda, que também acredita que a gravura seja um meio tão atual e instigante quanto outros que surgiram recentemente, como o vídeo.  “A questão é como você olha para essa técnica, pensando no que essa técnica pode te dar como possibilidade de trabalho”, afirma.

As garrafas de Coca-Cola modificadas por Cildo Meireles podem ser vistas na exposição da Caixa Cultural até 30 de novembro

As garrafas de Coca-Cola modificadas por Cildo Meireles podem ser vistas na exposição da Caixa Cultural até 30 de novembro

Mesmo sem ter a pretensão de apresentar uma evolução da gravura nacional, na exposição é possível observar as mudanças pelas quais a técnica passou. Fernanda acredita que o desenvolvimento tecnológico foi um dos fatores que contribuíram para a ampliação da possibilidade de atuação dos artistas na gravura. Ao longo do tempo, a alta especialização dos artistas deu espaço para uma maior versatilidade, fato comprovado na exposição pelas obras criadas por pessoas que se dedicaram a diversas formas de arte. “A obra mais antiga da exposição é de 1909. Na primeira metade do século 20 ainda se dividia os artistas entre pintores, gravadores, desenhista, você tinha especialistas. A partir dos anos 60, com a arte contemporânea, se tem uma contaminação muito maior”, aponta.

Uma exposição plural como a técnica que busca retratar, “Alma brasileira – 100 anos de gravura” pode ser visitada até o dia 30 de novembro, de terça-feira a domingo, das 9h às 19h. A entrada é franca. A Caixa Cultural São Paulo fica na Praça da Sé, número 111.

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