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Edusp sai com seis ganhadores do Prêmio Jabuti de 2013

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A saúde brasileira tem cura?

 

Por Giovanna Gheller
José Luiz Goldfarb é curador do Jabuti há 22 anos, e desde seu ingresso vem inserindo mudanças construtivas na premiação

José Luiz Goldfarb é curador do Jabuti há 22 anos, e desde seu ingresso vem inserindo mudanças construtivas na premiação

A grande representatividade na 55ª edição do evento demonstra a força e o tamanho que a Editora alcançou em sua área

 

No ano de 2013, em sua 55ª Edição, o Prêmio Jabuti, que consagra os melhores autores de diversos ramos da literatura, teve seis membros da Editora da Universidade de São Paulo entre os ganhadores de cinco categorias diferentes, sendo, dentre estes, um primeiro lugar. O primeiro colocado recebe, além do troféu, um prêmio em dinheiro.

Os resultados foram divulgados em 17 de outubro. Da Edusp para as três primeiras colocações saíram Design Sem Fronteiras: A Relação Entre o Nomadismo e a Sustentabilidade, de Lara Leite Barbosa, como terceiro lugar na categoria Arquitetura e Urbanismo; O Profeta e o Principal: A Ação Política Ameríndia e Seus Personagens, de Renato Sztutman, em segundo lugar pela categoria de Ciências Humanas; Polinizadores no Brasil: Contribuição e Perspectivas Para a Biodiversidade, Uso Sustentável, Conservação e Serviços Ambientais, de Vera Lucia Imperatriz Fonseca, Dora Ann Lange Canhos, Denise de Araujo Alves e Antonio Mauro Saraiva, terceiro lugar na categoria Ciências Naturais; Crítica em Tempos de Violência, de Jaime Ginzburg, e A Narrativa Engenhosa de Miguel de Cervantes: Estudos Cervantinos e a Recepção do Dom Quixote no Brasil, de Maria Augusta da Costa Vieira, em segundo e terceiro lugar, respectivamente, na categoria Teoria/Crítica Literária; e o primeiro campeão na categoria Artes e Fotografia Estou Aqui. Sempre Estive. Sempre Estarei: Indígenas do Brasil Suas Imagens (1505-1955), de Carlos Eugênio Marcondes de Moura.

A figura do jabuti, inspirada no personagem de Monteiro Lobato, foi escolhida como símbolo do Prêmio, que surgiu em um contexto de valorização da cultura nacional

A figura do jabuti, inspirada no personagem de Monteiro Lobato, foi escolhida como símbolo do Prêmio, que surgiu em um contexto de valorização da cultura nacional

Participando do prêmio com 15 finalistas em oito categorias, e tendo ganhado 13 troféus nos últimos cinco anos, a editora vem exercendo grande força na premiação, segundo acredita José Luiz Goldfarb, professor doutor em História da Ciência e curador do Prêmio Jabuti desde 1991. “Após me tornar livreiro e curador do prêmio, acompanhei ainda mais de perto o processo de consolidação de uma editora universitária que atingiu o padrão das grandes editoras similares no mundo. A Edusp, sem dúvida, foi pioneira como universitária a dar um grande salto e a se tornar altamente competitiva em sua área de atuação”. Em seguida, o fenômeno entre as editoras das universidades se expandiu, e hoje, em algumas categorias, estas têm seus representantes entre as maioria dos finalistas ou premiados.

O Prêmio Jabuti foi criado no final dos anos 1950, como uma iniciativa de Edgar Cavalheiro e Mário da Silva Brito, respectivamente presidente e secretário da Câmara Brasileira do Livro, que se interessaram por premiar autores, editores, ilustradores, gráficos e livreiros de destaque do ano. A premiação, que acontece anualmente desde sua origem, é dividida em 27 categorias — Capa, Ilustração, Ilustração de Livro Infantil ou Juvenil, Arquitetura e Urbanismo, Artes e Fotografia, Biografia, Ciências Exatas, Tecnologia e Informática, Ciências Humanas, Ciências Naturais, Ciências da Saúde, Comunicação, Contos e Crônicas, Didático e Paradidático, Direito, Economia, Administração e Negócios, Educação, Gastronomia, Infantil, Juvenil, Poesia, Psicologia e Psicanálise, Reportagem, Romance, Teoria/Crítica Literária, Projeto Gráfico, Tradução e Tradução de Obra de Ficção Alemão-Português —, as quais possuem 10 candidatos concorrentes em uma primeira fase classificatória, que vêm de uma lista, em geral, de mais de 2 mil inscritos totais. Na segunda etapa já saem os resultados finais. Podem participar editores, escritores, escritores independentes, tradutores, ilustradores, produtores gráficos e designers. Somam-se a estas as indicações de Livro do Ano – Ficção e Livro do Ano – Não Ficção, da qual participam os associados da Câmara Brasileira do Livro, Sindicato Nacional dos Editores de Livro (SNEL), Associação Nacional de Livrarias (ANL) e Associação Brasileira de Difusão do Livro (ABDL) como representantes do mercado, e os jurados das etapas anteriores, e cuja divulgação se dá somente no dia da cerimônia premiatória.

 

Panorâma histórico

Estou Aqui. Sempre Estive. Sempre Estarei: Indígenas do Brasil Suas Imagens (1505-1955), obra campeã de Carlos Eugênio Marcondes de Moura

Estou Aqui. Sempre Estive. Sempre Estarei: Indígenas do Brasil Suas Imagens (1505-1955), obra campeã de Carlos Eugênio Marcondes de Moura

O período da fundação do Prêmio Jabuti era de recursos escassos e segmento pouco articulado. Como conta José Luiz Goldfarb, o Prêmio atua com dupla função: a de promover a produção editorial de qualidade em destaque, incentivando assim o livro e a leitura, ao mesmo tempo em que valoriza o autor nacional. “Estas eram metas da CBL que encontraram no Jabuti eficiente instrumento de execução. Desde de então, seguem diretrizes fundamentais para quem almeja um país de leitores”, diz. Ao longo de seus 55 anos, a premiação se transformou atenta às novas tendências do mercado editorial: buscando sempre formas mais transparentes de avaliação, aumentou seu corpo de jurados e criou o conselho de curadores, com apurações públicas e auditoria atuante; aumentou de 7 para 27 categorias; em 2004, passou a ter seu próprio evento de celebração — primeiramente, no Memorial da América Latina e, em seguida, na renomada Sala São Paulo —, que antes acontecia durante as Bienais do Livro; ganhou referência no cenário do livro no Brasil, atingindo a mídia tradicional e digital. Algumas palavras de Goldfarb resumem a repercussão do prêmio: “o Jabuti gera polêmicas, recebe elogios e críticas. Enfim, cumpre fielmente as metas estabelecidas pelos fundadores”. Hoje, é considerado o maior e mais completo prêmio do livro no Brasil.

Quando questionado sobre como se deu o início de sua participação como curador, o professor conta: “No início da década de 90, eu entrei na diretoria da CBL como diretor-livreiro, convidado, acredito, pelo trabalho que então realizava na Livraria Belas Artes. Pensava que iria atuar no tema das livrarias, mas nos primeiros meses de atuação recebi o convite para atuar na curadoria do Prêmio junto a Marcos Gasparian, que depois teve de se ausentar de São Paulo.” Em 1991, quando iniciou o trabalho, o Prêmio já havia adquirido importante prestígio, mas era preciso expandir os horizontes: “propus à diretoria um investimento maior, com pagamento a jurados profissionais, e também prêmios em dinheiro para os vencedores. O Jabuti passou a ter uma inscrição paga para viabilizar as novidades”. Diz que, a partir disso, o Prêmio só cresceu, demonstrando que sua credibilidade e representatividade vêm se consolidando a cada edição.

 

Os renomados nomes que passaram pelo Jabuti

O Prêmio Jabuti já passou pelas mãos de ilustres figuras da literatura brasileira desde sua primeira edição, quando Jorge Amado foi consagrado na categoria Romance pela obra Gabriela, Cravo e Canela. “Fico sem graça em citar nomes pois seria uma lista enorme. Já tive a honra de receber no palco Haroldo de Campos, Raquel de Queiroz, Marilena Chauí, Maria Lucia Santaella, cientistas de tantas universidades e centros de pesquisa do país, ministros de Estado, jornalistas, quase todos os escritores de destaque da nossa literatura, incluindo o polêmico Prêmio a Chico Buarque”, conta o curador, referindo-se à Budapeste, que ficou em terceiro lugar na categoria Romance e, ao mesmo tempo, venceu como Livro do Ano de Ficção de 2004, o que aconteceu pelo fato de esta categoria receber votos também do mercado editorial além dos oriundos dos jurados.

 

E agora, com a tecnologia?

Sobre a influência tecnológica no modo como se vê a literatura hoje em dia, Goldfarb não nega as mudanças nas formas de transmissão de conhecimentos proporcionadas pelas mídias sociais, mas faz uma reflexão: “qual o destino da leitura solitária, concentrada, tão característica do livro impresso, e que a todos tanto tem beneficiado com nossa imersão no mundo dos livros? Como serão os leitores nativos digitais?” O curador vê o surgimento de grandes eventos voltados à divulgação e à premiação literária como uma conscientização reinvidicatória do direito de acesso aos livros e à leitura para e por todos os brasileiros.

 

 

 

 

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