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Exposição trata de aspectos da urbanização

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Carros e meio ambiente em São Paulo

 

Por Lucas Tomazelli

DivulgaçãoInstalação constituída de fontes d’água propõe uma reflexão sobre o local que habitamos e seu entorno

A definição das esferas pública e privada vem sendo amplamente discutida nos últimos anos. A exposição “A casa das fontes” da artista paulistana Sandra Cinto tenta realizar uma reflexão sobre o tema. Concebida especialmente para a Casa do Sertanista, a exposição inaugurou o espaço que é uma das unidades do Museu da Cidade de São Paulo da Secretaria Municipal de Cultura e passou por obras de restauro.
A instalação consiste em um conjunto de fontes d’água funcionais de diferentes dimensões, que variam de um metro e meio a três metros de diâmetro, e ocupam os cômodos da casa. Toda ela é fruto da investigação realizada pela artista nos últimos meses sobre a arquitetura da casa e seu uso. “Tenho pesquisado o uso das fontes em praças públicas e parques em diferentes momentos da história. A decisão de produzir e instalar três fontes na parte interna da casa vai de encontro ao meu desejo de deslocar o que é da esfera pública para o ambiente íntimo e propor uma reflexão”, conta. A artista revela sua ideia inicial: “Neste caso, minha intenção foi propor um pensamento sobre o lugar que habitamos, sua memória e como nos relacionamos com a cidade nos dias de hoje”.

Fluidez da água se destaca em meio à concretude das fontes

Fluidez da água se destaca em meio à concretude das fontes

O local que recebe a instalação também teve grande importância para a artista: “A Casa do Sertanista está cercada por um lindo jardim, onde se pode ouvir sons de pássaros. É um pequeno oásis. Acredito que as fontes reforçam o desejo de uma atmosfera tranquila e calma, mesmo numa cidade como São Paulo”. Segundo Sandra, outro fator interessante é a sonoridade das fontes que se liga com a ideia de que algo está em constante movimento. Além disso, as formas também possuem sua importância na significação das obras: “A circularidade da água e das formas arredondadas são metáforas que encontrei para falar de tempo”, explica a artista que também vê na água um “elemento simbólico de transformação, purificação e vida”.

Sandra revela a importância do material com que as fontes foram construídas: “Outro elemento importante foi o uso do concreto na construção das fontes, material ícone da modernidade e do urbano que estabelece um contraponto com a taipa, material usado na construção da Casa do Sertanista”. Há também um forte imaginário ligado às chamadas “fontes do desejo”, onde ao jogar uma moeda é concedido o direito de realizar um pedido: “Gosto muito da tradição de jogar uma moeda em uma fonte e fazer um pedido. Neste simples gesto, sinto que há um sentimento profundo de esperança, algo que sempre me interessou muito, porque a arte também provoca este desejo de transformação nas pessoas”.
Todos esses fatores corroboram com o objetivo central da exposição: “Minha intenção é proporcionar ao visitante uma experiência sensorial a partir da sonoridade das fontes e do deslocamento das mesmas para o interior de uma casa. Proponho um diálogo entre dois tempos: passado e presente, através de elementos simbólicos e metafóricos”, explica Sandra. A instalação se relaciona com os trabalhos anteriores da carreira da artista: “Os elementos simbólicos como a vela, o cavalinho de carrossel e o corpo (formas esculpidas nas fontes), já apareceram em minha obra em outros trabalhos. Assim como a água, a representação de mares, rios, fluxos e o uso de fragmentos de utilitários”.

Exposição inaugura a Casa do Sertanista

Exposição inaugura a Casa do Sertanista

O trabalho da artista foi auxiliado por pessoas ligadas à Casa do Sertanista. “Desde o início, fui convidada a desenvolver um projeto que criasse um diálogo com a arquitetura e com a memória da casa. Tive reuniões com o curador da exposição, com historiadores e arquitetos da Prefeitura que estavam cuidando do restauro da casa. Eles me ajudaram com informações muito importantes sobre a vida na época e a técnica construtiva utilizada no período”, conta. “A Casa das Fontes” tem muito valor para a carreira de Sandra: “Fazer um trabalho de arte para dialogar com esta arquitetura (da Casa do Sertanista) foi um grande desafio. Estes desafios ajudam os artistas na descoberta de novas possibilidades estéticas e poéticas”.
Sobre ser responsável pela exposição que inaugura a Casa do Sertanista, local que já abrigou Núcleo de Cultura Indígena e o Museu do Folclore Rossini Tavares de Lima, a artista mostra gratidão: “Inaugurar a casa significa uma honra, fiquei muito feliz com este convite. O diálogo entre arquitetura, arqueologia, história, literatura e arte pode ser muito rico especialmente para as crianças que visitam o local”. Sandra exalta a iniciativa: “Projetos que convidam artistas a fazer instalações em locais históricos são muito importantes, pois é possível realizar várias leituras em diferentes níveis do conhecimento. A arte fica mais próxima da vida”.

A Casa das Fontes
Local: Casa do Sertanista – Praça Dr. Enio Barbato s/nº

Período expositivo: até 25/8 de terça a domingo, das 9h às 17h

Preço: entrada franca

Mais informações: www.museudacidade.sp.gov.br

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