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Por Ana Luiza Tieghi
Santa Ana é a mais representada entre as peças do acervo

Santa Ana é a mais representada entre as peças do acervo

ARTE

Exposição no Museu de Arte Sacra reúne 459 imagens de santos, também chamadas de paulistinhas

 Um santo dá nome ao Estado e à sua capital. Em São Paulo, parece existir uma relação especial com as entidades que são símbolos da religião católica. Consciente dessa ligação, o Museu de Arte Sacra (MAS) aproveitou a data comemorativa do aniversário da cidade, 25 de janeiro, para lançar a exposição “459 Paulistinhas”.

São chamadas de paulistinhas as imagens de santos que têm algumas características especiais e misturam-se com a história da maior metrópole da América Latina. Na mostra, os 459 anos da cidade de São Paulo são representados pelo mesmo número dessas imagens de santos, vindas do acervo do MAS.

Para receber o apelido que faz referência ao Estado, as imagens de santos precisam estar dentro de alguns padrões, como conta Maria Inês Coutinho, diretora executiva do museu e curadora da exposição: “A nomenclatura é de um tipo característico da imaginária sacra.

Parte do acervo de paulistinhas em exposição no Museu de Arte Sacra

Parte do acervo de paulistinhas em exposição no Museu de Arte Sacra

Em sua maioria, elas têm tamanho reduzido e são produzidas em barro”. As paulistinhas típicas possuem também uma base alta e cavidade interna. Além do aspecto físico e do material utilizado, a origem das imagens é igualmente importante. As paulistinhas geralmente foram modeladas no Vale do Paraíba, durante os séculos 18, 19 e início do 20, fazendo parte do processo de formação do Estado paulista, ainda na época do café. “Das mãos dos santeiros às mãos dos devotos, um incalculável número de pessoas utilizou estas diminutas imagens sacras em cultos domésticos”, afirma o presidente do Conselho do museu, José Roberto Marcellino dos Santos.

Artesãos especializados em criar imagens sacras, os chamados santeiros, buscavam atender à demanda por artigos religiosos, que crescia à medida que a cafeicultura prosperava na região do Vale do Paraíba. As imagens feitas em pequena escala, com altura variando entre 5 e 30 centímetros, tinham a função especial de trazer a religião e a religiosidade para mais perto das pessoas, já que poderiam ser carregadas e guardadas com facilidade. Por serem obras tão populares e numerosas, a autoria de muitas das paulistinhas em exibição é desconhecida, o que não diminui em nada seu valor histórico.

Paulistinhas são um tipo de escultura para representar santos

Paulistinhas são um tipo de escultura para representar santos

Exibida em grupos ao longo de uma das salas de exposição do museu, com destaques individuais, a coleção de imagens que o público pode conferir é a maior já exposta pelo Museu de Arte Sacra. É interessante notar como cada imagem tem um estilo próprio, consequência de seu local de origem e da época em que foi feita, além do próprio estilo do santeiro que a criou. “As típicas paulistinhas estão em maior número na exposição. Destacam-se as maiores, com cerca de 30 centímetros, chamadas de ‘paulistinhas de capela’ ou ‘paulistões’”, explica Maria Inês.

Por mais curioso que pareça, o próprio São Paulo não está representado por um grande número de peças na exposição. Um dos motivos para isso é que ele só foi declarado padroeiro da Arquidiocese da capital em 2008, pelo Papa Bento XVI. Por causa desse reconhecimento apenas recente recebido por São Paulo, a santidade que mais vezes aparece representada em forma de paulistinha é Santa Ana, eleita em 1782 pelo então Papa Pio VI a protetora e patrona da cidade de São Paulo e de sua Arquidiocese. Sendo padroeira da cidade há mais de dois séculos, a santa é naturalmente destaque na exposição.

O tamanho reduzido das imagens permitia sua portabilidade

O tamanho reduzido das imagens permitia sua portabilidade

A maior parte do Museu de Arte Sacra de São Paulo é tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Existem mais de 14 mil peças em sua coleção, que conta com nomes conhecidos, como Frei Agostinho da Piedade, Frei Agostinho de Jesus e Aleijadinho. Entre as peças da mostra “459 Paulistinhas”, grande parte é fruto de doações recebidas pelo museu. Como informa Maria Inês, “quase a totalidade das peças expostas foram doadas ao MAS pelo colecionador Eduardo Etzel”. Além das imagens sacras, o museu possui uma grande coleção de presépios, mobiliário, livros e itens de prata e ourivesaria, entre outros.

A exposição “459 Paulistinhas” pode ser vista até o dia 24 de março. O Museu de Arte Sacra de São Paulo fica na avenida Tiradentes, 676, no bairro da Luz da capital paulista. A visitação ocorre de terça a domingo, sempre das 10h às 18h e o ingresso custa R$ 6,00, com meia para estudantes e entrada gratuita aos sábados.

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