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IMS traz retrospectiva de Manuel Álvarez Bravo

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O fim das sacolas plásticas

 

Raphael Martins

Menina vendo passarinhos, 1931

Exposição traça panorama do trabalho do fotógrafo mexicano na primeira metade do século 20

A exposição “Manuel Álvarez Bravo: Fotopoesia” fica em cartaz no Instituto Moreira Salles (IMS) de São Paulo até o dia 8 de julho. Com entrada gratuita, a mostra traz cerca de 180 obras do fotógrafo mexicano que é referência na fotografia moderna em seu país, enfatizando sua produção entre os anos 1920 e 1950.

Aberta desde março, a exposição foi produzida em colaboração com a Associação Manuel Álvarez Bravo, dirigida por Aurélia Álvarez Urbajtel e Colette Álvarez Urbajtel, respectivamente filha e viúva do fotógrafo.

Sua obra, que visitou tendências da modernidade e das vanguardas, aproximando-se posteriormente do cinema, manteve uma linha estética e artística ancorada no potencial poético das imagens que criava. Seu trabalho influenciou diversos fotógrafos no México e em outros países, entre eles Marcel Gautherot. Além das obras de Bravo, a exposição inclui um pequeno conjunto de imagens realizadas por Gautherot, no México, entre 1936 e 1937, que demonstram a relação entre os fotógrafos.

Manuel Álvarez Bravo é o nome de maior relevância na fotografia mexicana do século 20. Nascido na Cidade do México, cresceu em uma família que valorizava o contato com a cultura. Frequentou museus, livrarias e sebos, dando início à sua própria biblioteca. Nesse período, foi introduzido à fotografia por Luis Ferrari, um amigo de escola de Tlalpan.

Seus primeiros trabalhos fotográficos, no começo dos anos 1920, exploram alguns elementos da tradição fotográfica pictorialista, influenciados pela obra de fotógrafos então atuantes no país, como Hugo Brehme, Guillermo Kahlo, pai da pintora Frida Kahlo, e Agustín Casasola, que documentou grande parte da Revolução Mexicana.

Lembrança de Atzompan, 1943

Na segunda metade dos anos 1920, Bravo desenvolve uma abordagem mais autoral, baseada primordialmente em imagens de natureza experimental, formal e abstrata. Essa primeira fase tem caráter mais geométrico e purista e é influenciada pela fotografia direta (straight photography) norte-americana, em virtude da presença, naquele momento, no México, dos fotógrafos Edward Weston e Tina Modotti.

Porém, são os ecos da Revolução Mexicana, que aconteceu entre 1910 e 1920, e a influência temática de fotógrafos como Hugo Brehme – que contribuiu para estabelecer a iconografia fotográfica mexicana centrada em sua cultura indígena, em sua gente e em sua paisagem –, que levam Bravo a uma fotografia de vanguarda desconstrutivista, em meados dos anos 1930. O mexicano, assim como muitos outros fotógrafos do período – como Paul Strand, nos EUA, e Thomaz Farkas, no Brasil –, estabelece a produção de fotografias mais complexas e simbólicas.

Nas fotografias de Bravo, a crítica em direção a uma linguagem mais engajada manifesta-se através de uma profunda estética “fotopoética”, tendo a cultura e o povo mexicano como seu tema principal. Há um resgate dos valores da cultura popular e, ao mesmo tempo, uma negação da sobrevalorização da autoria na obra de arte.

O trabalho fotográfico de Manuel Álvarez Bravo dialoga ainda com diversos movimentos artísticos dos anos 1930. A guerra anunciada na Europa fez com que muitos artistas e intelectuais europeus e norte-americanos migrassem para o México. A presença de André Breton na Cidade do México nesse período e sua interação com Manuel Álvarez Bravo permitem uma colaboração entre os dois artistas em torno do movimento surrealista. Isso contribuiu também para a aproximação ainda mais forte do mexicano com a lingugem poética, já que o próprio movimento surrealista caracterizou-se por incluir a poesia como ponte para a descrição de aspectos do subconsciente.

Filha dos dançarinos, 1933

Os resultados destes diversos episódios e variadas influências na vida do fotógrafo podem ser vistos na exposição “Manuel Álvarez Bravo: Fotopoesia”. Paralelamente à exposição, o IMS lançou o livro de mesmo nome, com 374 imagens do fotógrafo. Além das fotos, o volume conta com prefácio de Colette Álvarez Urbajtel, viúva do fotógrafo, ensaios de apreciação crítica assinados pelo historiador da fotografia francês Jean-Claude Lemagny e pelos romancistas John Banville (irlandês) e Carlos Fuentes (mexicano).


Manuel Álvarez Bravo: Fotopoesia

Local: Instituto Moreira Salles – rua Piauí, 844 (1º andar) – Higienópolis
Fone: (11) 3825-2560
Ingressos: Entrada gratuita
Horários: de terça a sexta, das 13h às 19h. Sábados, domingos e feriados, das 13h às 18h
Temporada: até 8/7

 

 

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