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Incor deve lançar ventrículo artificial infantil em 2013

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Raphael Martins

Medicina

Vinte anos depois da primeira implantação em adultos, hospital está em fase final de testes da versão infantil do dispositivo de suporte cardíaco


Dorvílio Alves Madeira estava em fase terminal da doença de Chagas quando foi o primeiro paciente a receber o Dispositivo de Assistência Ventricular (DAV), popularmente conhecido como ventrículo artificial. Duas décadas depois, o instituto promete o lançamento da versão infantil do dispositivo.

“Em 1993, quando o primeiro ventrículo adulto foi implantado, a repercussão foi enorme. Saiu em todos os jornais e revistas alguma matéria falando a respeito. Quando o infantil for totalmente desenvolvido e implantado, tem tudo para ser outro sucesso”, conta Noedir Stolf, diretor da Divisão de Cirurgia do Incor e intimamente envolvido em todo o processo de criação do primeiro ventrículo adulto.

Gráficos explicam o funcionamento do ventrículo

Este é um importante passo para a medicina e para o Incor. Assim como o adulto, o dispositivo poderá dar suporte a crianças com problemas cardíacos, aumentando a possibilidade de sobrevivência de casos mais graves na fila de transplantes. “O ventrículo que compõe o DAV é externo ao corpo, ligado ao coração através de tubos. Há também um controlador externo que regula o funcionamento de acordo com a necessidade do paciente, por isso ele fica internado enquanto espera o transplante”, explica Marcelo Mazzetto, bioengenheiro do Incor.

Produção conjunta entre o Departamento de Bioengenharia e a equipe de cirurgia pediátrica do Incor, o aparelho está atualmente em fase final de testes. “O infantil terá o mesmo princípio de funcionamento, que é ajudar o bombeamento do sangue do paciente através de um acionamento pneumático que substitui o trabalho do ventrículo saudável”, conta o cardiologista do Incor Marcelo Jatene, médico envolvido desde o início com as pesquisas e experimentações para fabricação da versão do dispositivo infantil.

Apesar de o infantil ser comumente associado a uma versão menor do ventrículo adulto, trata-se de um dispositivo diferente. Além do tamanho, o aparelho ajusta automaticamente uma série de fatores para manutenção das funções vitais do paciente, como, por exemplo, a quantidade de batimentos cardíacos. Como as demandas dessas funções são diferentes, comparando-se adultos e crianças, é necessário todo um estudo para o desenvolvimento da versão infantil. “São feitos experimentos em diversas etapas, para testar todas as funções do aparelho antes da implantação em humanos. Atualmente, estamos na última fase de testes em animais, aqueles com problemas crônicos. Passado este momento, ele estará pronto para implantação em humanos”, diz Jatene.

O intervalo de 20 anos desde o lançamento do ventrículo adulto e do infantil é facilmente explicado: os custos de pesquisa são bastante altos. “Estamos atrasados? Sim, mas é a realidade do instituto”, afirma Jatene. Noedir Stolf explica que o dispositivo sempre foi um procedimento experimental, que demandava muito investimento e não tinha retorno financeiro. Assim, era inviável desenvolver os dois dispositivos simultaneamente: “Pela maior necessidade e demanda, foi desenvolvido o adulto até o melhor que se poderia, com um desenvolvimento tecnológico enorme. O conceito é exatamente o mesmo, só otimizaram o funcionamento”.

Marcelo Mazzetto explica os mecanismos de funcionamento e regulagem do aparelho

Stolf está à frente do Estudo Nacional Multicêntrico, que acontece desde julho e promove a implantação do ventrículo do Incor em outras seis instituições de cardiologia do País, como Dante Pazzanese (SP), Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul e Instituto Nacional de Cardiologia (RJ). Além da transmissão do conhecimento, o estudo permitirá que o aparelho seja utilizado como prática médica usual em breve e passe por possíveis aperfeiçoamentos propostos por novos pesquisadores.

Detalhe da válvula pneumática que impulsiona o sangue para dentro do corpo

O Instituto do Coração (Incor) comemora 20 anos da primeira implantação do DAV no início de 2013. O aparelho mostrou-se completamente eficaz prolongando a esperança de conseguir um doador e essa disseminação do conhecimento trará benefícios inestimáveis aos pacientes na fila de espera. Estima-se, de acordo com a assessoria do Incor, que cerca de 30 mil crianças no mundo nasçam com alguma má-formação que pode requisitar um futuro transplante. Com mais essa alternativa, a tendência é que grande parte desse contingente se recupere e volte a viver normalmente.

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