Raphael Martins

Árvore da Sustentabilidade representa a adesão dos funcionários ao programa

Junto com outras 14 instituições de saúde, o Instituto de Psiquiatria (IPq) foi um dos ganhadores, deste ano, do Prêmio Amigo do Meio Ambiente. O anúncio foi feito durante o 4º Seminário Hospitais Saudáveis, evento que aconteceu nos dias 26 e 27 de setembro, no Centro de Convenções do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês. Em 2011, a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Secretaria da Saúde, Sírio-Libanês, Vigilância Sanitária e a ONG Saúde sem Dano promoveram o evento que, além das premiações, apresentou cases de sustentabilidade e discussão de temas como reciclagem, resíduos de laboratórios clínicos, formação de gestores ambientais para a área da saúde, entre outros.

Batizado de Ano de Responsabilidade Socioambiental, o projeto premiado do IPq foi apresentado à comissão julgadora, descrevendo as várias medidas aplicadas no hospital.

Andreza Aparecida Miranda dos Santos, diretora do Centro de Infraestrutura e Logística do IPq, conta que, internamente, foram feitas inúmeras pesquisas buscando novas medidas sustentáveis para implantação no instituto. Aquilo que não pôde ser colocado em prática passou por processo didático para conscientização dos funcionários. Sabendo que o maior impacto do hospital é papel e resíduos específicos hospitalares, foi montado um programa de instrução voltado especialmente para esse problema.

Sidionira Del Bianco é diretora técnica da Divisão de Saúde do Centro de Planejamento e Gestão do hospital

Segundo Andreza, o projeto buscou unir e disseminar as medidas sustentáveis já aplicadas para conscientizar todos de sua importância: “Este ano, o diferencial foi a implantação um fórum permanente de Responsabilidade Socioambiental. Elencamos tudo o que já fazíamos e acrescentamos uma dimensão educacional nisso. Buscando referências de medidas, percebemos que a maioria delas já era aplicada aqui, mas de forma pulverizada. O que nós fizemos foi disseminar essas medidas por todo o instituto”.

Sidionira Santos Del Bianco, diretora técnica da Divisão de Saúde do Centro de Planejamento e Gestão do IPq, pontua: “A gente quer a conscientização dos pacientes e dos nossos funcionários”. Segundo ela, a ideia surgiu do Setor de Planejamento Estratégico, mas também da implantação de um Modelo de Excelência de Gestão, em que um dos critérios específicos é a Responsabilidade Socioambiental. Muitas ações já vinham sendo tomadas, mas com a inserção do projeto o planejamento seria expandir para todas as práticas possíveis em todos os setores do instituto.

Placa de premiação do Prêmio Amigo do Meio Ambiente

Para aplicar corretamente o projeto na cultura hospitalar, foi formado um Comitê de Responsabilidade Socioambiental. A ideia inicial era formar uma comissão multiprofissional que pudesse avaliar todos os aspectos da implantação do plano no hospital. Os escolhidos vieram de setores como a Escola de Excelência (para ajudar na conscientização), Controle de Infecção, Gestão de Pessoas, da área de Enfermagem (maior produtor de resíduos), entre alguns outros. Andreza agrega sua função administrativa no IPq com a coordenação do Fórum: “A ideia do projeto é atuar em várias frentes para oferecer todo um panorama de possibilidades para as pessoas. Para que elas possam ver que várias coisas podem ser feitas nesse sentido”. Uma das principais preocupações do Comitê sempre foi verificar a viabilidade dos processos, sem prejudicar o hospital e o atendimento aos pacientes.

Um dos programas montados especificamente para problemas do hospital foi de conscientização focada no lixo hospitalar. Em casos de dúvida sobre o caráter infectante ou não do lixo, costumava-se descartá-lo como infectante. O programa deixava clara a diferença, reduzindo a margem de dúvida. Desta forma, reduziu-se em cerca de 40% o índice de lixo infectante do IPq. Quanto menos lixo infectante, menor o impacto ambiental, visto que este tem um descarte diferenciado, que envolve processos de incineração, agressivos ao meio ambiente.

Além disso, o hospital implantou postos de recolhimento de papel para reciclagem, de pilhas e baterias para destinação correta, de óleo de cozinha e foram substituidos todos os termômetros de mercúrio.

Além de pilhas e baterias, foram colocados recolhedores de papel para reciclagem e para óleo de cozinha

Entretanto, como ressaltado por Sidionira, o objetivo geral do projeto não se restringe às medidas internas. Os programas de conscientização investem pesado em uma reeducação de pacientes e funcionários para que possam levar os conhecimentos adiante. Para isso, o Comitê preparou palestras com empresas como a Sabesp e Tetra Pak e aulas-flash, de 15 minutos de duração para que não se perca tanto tempo de trabalho (muitos não têm subordinados para deixar encarregados durante a aula). “Demos alguns brindes que incentivem o programa, como sacolas retornáveis, squeezes e canecas, que acabaram diminuindo o consumo de copos descartáveis. Além disso, folhetos educativos para os participantes das palestras”, completa Sidionira.

Para o Comitê, essa reeducação é de cidadãos (não apenas de funcionários). Luciano Patah, diretor executivo do IPq, mostra que essa é a verdadeira importância do projeto: “Entendemos que a cidadania deve ser trabalhada diariamente e as ações de saúde mental, como a mais humana das especialidades médicas, buscam tornar o indivíduo, paciente, familiar ou colaborador, capaz de exercê-la na sua plenitude”.

Seguindo essa lógica, o Comitê acredita fielmente que se pode criar conhecimento de uma atitude responsável com o meio ambiente e passá-lo para frente. “Essa é a construção de um mundo melhor, é quando as pessoas passam a não só escutar, mas a aplicar tudo aquilo no seu dia a dia. Se todos que aderirem aqui, levarem isso para as suas famílias, eu já dou o Ano da Responsabilidade Socioambiental como ganho”, conclui Andreza.