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O respeito pelo conhecimento

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A sensação dos dias de poucas horas

 

Alessandra Goes Alves

Afonso Fleury, professor da Escola Politécnica, conta um pouco de sua vida e a sua relação com a Universidade

Um homem movido pelo conhecimento. Assim pode-se descrever Afonso Carlos Corrêa Fleury, professor do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica (Poli).  Durante o XXXI Encontro Nacional de Engenharia de Produção (Enegep), em outubro deste ano, o docente recebeu a Medalha Honra ao Mérito Abepriano, uma homenagem às pessoas que contribuíram para o fortalecimento da Engenharia de Produção no Brasil. “Fiquei muito feliz, foi uma grande honra ter recebido um prêmio da Abepro (Associação Brasileira de Engenharia de Produção), pois participei das primeiras reuniões que resultaram na criação da Associação, em 1981”. Segundo a Abepro, Afonso Fleury recebeu o prêmio devido à sua contribuição profissional e benemérita no ensino e na pesquisa da Engenharia de Produção no País.

Afonso e André Leme Fleury, professores do Departamento de Engenharia de Produção da Poli, em evento comemorativo dos 50 anos do Departamento, em 2009

Nascido em São Paulo e graduado em Engenharia Naval e Oceânica pela Universidade de São Paulo, Fleury acha que ter trocado de área foi uma das melhores mudanças por que passou. Ele conta que, ao fazer estágios durante a graduação, foi percebendo que os problemas de organização dos estaleiros eram o que ele gostava na Engenharia Naval. Após atuar como trainee em uma empresa automobilística, os rumos de sua vida acadêmica mudaram: “Fiquei absolutamente fascinado com a questão do trabalho na linha de montagem, as condições dos trabalhadores e os problemas relacionados à engenharia implícitos nesse processo. Errei o tiro na primeira tentativa. Depois acertei e fui para a [Engenharia de] Produção”, brinca. Seus estudos enfatizam a gerência de produção, com ênfase no tema organização do trabalho.

Afonso Fleury é mestre pela USP e cursou parte do mestrado na Universidade de Stanford (Califórnia, EUA), em 1975. Segundo ele, essa experiência foi fundamental para a sua vida acadêmica. “Stanford desmistificou a minha visão de que os professores de lá eram gênios. Vi que eles eram pessoas esforçadas, que trabalham muito, como quaisquer outras. Essa ideia de gênio dá um ar pomposo e pode dificultar a relação entre aluno e professor.” Para Fleury, a lição mais importante de Stanford foi que é preciso criar condições para que os estudantes superem os mestres. “Quero que o meu aluno desfaça o que fiz, pois só assim podemos construir e aprimorar conhecimento. O meu orientador de Stanford frisava que, após a minha tese, queria que eu soubesse mais do que ele sobre aquele tema.”

Afonso Carlos Corrêa Fleury, professor de Engenharia de Produção da Poli, foi premiado pela Associaçao Brasileira de Engenharia de Produção

Depois, ao voltar para o Brasil, Fleury fez doutorado (1978) e pós-doutorado (1985) pela USP. “Nessa época, a Poli começou a fornecer cursos de pós-graduação. Fui uma espécie de cobaia (risos) e um dos primeiros a ter o título de doutor pela Poli. Não me arrependo.” Chefe do Departamento de Engenharia de Produção da Poli por três vezes (de 1991 a 1993, de 1995 a 1997 e de 2003 a 2007), Fleury ressalta a importância do departamento na formação de professores para o ensino da Engenharia de Produção no País. “Não pensava que gostaria tanto do modo como a Universidade trabalha. Ela possui um ambiente plural, ótimo para dar opções de ação e oportunidades de criar projetos.”

Afonso Fleury demonstra profunda admiração por sua esposa, a socióloga Maria Tereza Leme Fleury, professora titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) e atual diretora da Escola de Administração de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “Trabalhamos juntos desde que nos conhecemos. Temos uma parceria muito grande e ela sempre me ajudou muito.” O casal se conheceu, ainda adolescentes, em Ilha Bela, no litoral norte de São Paulo, onde passavam as férias. Juntos, Afonso e Maria Tereza Fleury escreveram sete livros, sendo o último deles Brazilian Multinationals: Competences for Internationalization, publicado pela editora Cambridge neste ano. “Adoramos escrever em Ilha Bela. Temos uma história nesse lugar. Meu pai tinha uma casa lá e passei muitos momentos incríveis da minha vida na Ilha.”

Afonso Fleury, em 2007, em Cambridge, onde desenvolve parcerias acadêmicas de projetos e livros com a universidade local

Pai de três filhos, Afonso Fleury diz ter uma família muito unida. Avô de Marina, Gabriela e Leonardo, o professor conta que está adorando essa experiência: “É uma delícia ser avô. Gostaria de mimá-los mais, mas faço isso quando posso”, diz, rindo.

Além de sua vida profissional, a academia também está presente no seu histórico familiar. Filho da bióloga Gilda Correa Fleury e do médico Carlos Toledo Fleury, o professor de Engenharia de Produção diz que nunca se sentiu pressionado pelos familiares a ter uma vida acadêmica. Ele conta que, inicialmente, sua mãe se opôs à ideia do filho dar aulas. “Nunca me imaginei professor, tive sorte de ter mestres muito bons aqui.”

Afonso Fleury possui dois filhos professores: Fernando (a São Paulo Business School) e André (de Engenharia de Produção e Design, na Poli). Segundo Fleury, ele e a mulher sempre incentivaram os filhos a estudar. “Sempre tentamos mostrar a eles a importância do estudo não só no âmbito profissional, mas para nos habilitar a analisar situações e tomar decisões.”

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