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Para além dos muros, pistas e quadras

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A necessidade de quebrar um tabu

 

Por Giovanna Gheller
Uma série de criações coletivas de Ozi, Rafael Highraff e do coletivo Ocupeacidade encontram-se expostas até março no Sesc Vila Mariana

Uma série de criações coletivas de Ozi, Rafael Highraff e do coletivo Ocupeacidade encontram-se expostas até março no Sesc Vila Mariana

Duas exposições disponíveis na programação de verão do Sesc Vila Mariana exibem a realidade da cena urbana em forma de arte

 

As movimentações urbanas que aconteceram no Brasil nos últimos meses inspiraram a organização do Sesc Vila Mariana a incluir o assunto em sua programação de verão, cuja proposta temática é O tempo e as escolhas de lazer da população. Por isso, encontram-se no local as exposições “Em Tempo: Cultura de Rua e seus Movimentos” e “A Cultura de Rua: Ressignificando o Cenário Urbano”, até os dias 9 e 16/3, respectivamente.

A partir do tema genérico da programação de verão, cada unidade do Sesc trabalha dentro de um subtema diferente. Para trazer não só o esporte de rua, mas também sua arte, foram pensadas propostas que abrangessem a questão do deslocamento, principalmente por conta das manifestações pelo preço do transporte, que tiveram seu auge em junho de 2013. Assim, o Sesc Vila Mariana optou por realizar um desdobramento do tema, tendo como foco esses tempos de deslocamento e de usufruto do espaço urbano, mais precisamente do espaço/tempo específico das ruas paulistanas. Ambas as mostras foram organizadas pela equipe de programação do Núcleo da Imagem e da Palavra do local, e contam com a participação de artistas que experenciaram ou ainda vivem o que, de fato, é a rua.

São as imagens em preto e branco feitas pelo fotógrafo e skatista Fábio Bitão que compõem “A Cultura de Rua: Ressignificando o Cenário Urbano”. Segundo Fernanda Perroni, do Núcleo da Imagem e da Palavra, “a ideia era contar com alguém que, além de fotografar, vivesse um pouco do hip hop, do espaço da rua e de seus movimentos”. Nos vidros digitais do espaço Internet Livre, no terceiro andar do Sesc Vila Mariana, estão colocadas 24 fotografias impressas em adesivo vinílico, todas inspiradas no universo urbano. De Tóquio a Los Angeles, passando por São Paulo e outras metrópoles, Bitão captou através de suas lentes as rodas e as pistas de skate cada vez mais presentes e visíveis nas cidades.

Um pouco maior, no Hall de Exposições, está “Em Tempo: Cultura de Rua e seus Movimentos”, que abriga obras de autoria dos artistas Ozi, Rafael Highraff e do coletivo Ocupeacidade. A equipe responsável pela curadoria começou a pesquisa para direcionar o tema tentando levantar diferentes técnicas e vertentes da arte de rua, e foi aí que chegaram nestes três nomes.

Além de fotógrafo, Fábio Bitão é também skatista, e esta temática se faz muito presente em suas imagens

Além de fotógrafo, Fábio Bitão é também skatista, e esta temática se faz muito presente em suas imagens

O artista visual Ozi é referência não só no grafite, mas também no estêncil, aplicação em superfícies de uma figura vazada por meio de tinta. Tendo iniciado suas atividades como grafiteiro em 1985, tem participado ativamente da cena de rua de São Paulo e de exposições no Brasil e no exterior. É adepto de uma linguagem mais figurativa de esportes de rua como o basquete e o próprio skate. O coletivo Ocupeacidade está bastante envolvido com intervenções urbanas e trabalha principalmente com a colagem de lambe-lambes, aqueles pôsteres espalhados por vários lugares públicos que, geralmente, transmitem mensagens significativas via frases curtas e impactantes. O coletivo, em si, lida com a questão do movimento de maneira mais abstrata. Objetiva unir pessoas interessadas em produzir coletivamente ações artísticas e multiplicadoras nos diversos espaços da cidade para criar novas relações com o território vivido cotidianamente pelos habitantes da metrópole paulistana. Rafael Highraff também se vale desse recurso da abstração com seus grafismos, nos quais a combinação das geometrias das formas igualmente contempla a questão do movimento. Da mistura dos três trabalhos resulta uma abrangência bastante interessante do assunto.

Esta segunda exposição conta com um ateliê aberto para que os artistas possam dar continuidade à coletânea de trabalhos já em exposição. A mostra é inaugurada com alguns trabalhos prontos, enquanto o restante é produzido ao longo dos dias, podendo ser acompanhado e apreciado pelo público. É uma exposição aberta. Segundo a organização do evento, esta escolha, inclusive, é muito interessante para ilustrar o movimento e o ritmo urbano, o quão intenso e ininterrupto é o curso das coisas que na cidade acontecem.

Na verdade foi essa, de fato, a intenção crucial de todo o evento. “Quisemos realmente trazer mais essa ambientação da rua”, como conta Sara Cerofante, do Núcleo da Imagem e da Palavra.  Ainda segundo ela, não é uma exposição didática. A intenção não é discutir um tema de uma forma única, é mais mesmo trazer um pouco do clima e do movimento urbano, e possibilitar, ainda, que as pessoas tenham diversas formas de leitura das obras.

 

Serviço

“Em Tempo: Cultura de Rua e seus Movimentos”
Temporada: até 9/3
Horários: terça a sexta, das 10 às 21:30h; sábados, das 10 às 20:30h; domingos, das 10 às 18:30h
Local: Hall de Exposições do Sesc Vila Mariana – rua Pelotas, 141, Vila Mariana, São Paulo
Entrada Gratuita

“A Cultura de Rua: Ressignificando o Cenário Urbano”
Temporada: até 16/3
Horários: terça a sexta, das 13h30 às 21h30; sábados, domingos e feriados, das 10h30 às 18h30
Local: Espaço Internet Livre do Sesc Vila Mariana – rua Pelotas, 141, Vila Mariana, São Paulo
Entrada gratuita

 

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