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Prefeita do Quadrilátero da Saúde/Direito

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Raphael Martins

Faculdade de Saúde Pública

Marcada pela coragem de enfrentar desafios, a nova prefeita tem como meta principal a integração das unidades

Ao final da gestão da reitora Suely Vilela, foi criada na Universidade de São Paulo uma subdivisão administrativa dos campi da capital. Foram designadas prefeituras individuais para os campi Butantã, Leste e Quadrilátero da Saúde/Direito. As quatro unidades da Saúde (Faculdade de Medicina, Faculdade de Saúde Pública, Escola de Enfermagem e Instituto de Medicina Tropical) somadas à Faculdade de Direito formaram um novo campus da USP na cidade.

Em 22 de maio, Wanda Maria Risso Günther, professora da Faculdade de Saúde Pública, foi nomeada prefeita do Quadrilátero da Saúde/Direito. A importância de gerir bem as unidades foi um dos fatores definitivos para que a professora aceitasse o cargo.

Vista aérea do Complexo Saúde

O Quadrilátero da Saúde e a Faculdade de Direito sempre estiveram ligados ao campus da capital em todos os âmbitos. No entanto, já havia uma solicitação de antigos dirigentes para que fosse dada uma atenção diferencial para essas unidades, em especial nas questões administrativas, pois “tudo o que precisávamos, tínhamos que correr atrás da Prefeitura do campus da capital, que já cuida de várias questões.

Mais do que uma descentralização administrativa em relação ao campus Butantã, a Prefeitura do Quadrilátero da Saúde/Direito é uma oportunidade de integrar essas unidades e realizar ações em conjunto, não só administrativas, mas acadêmicas, eventos, entre outras. É nisso que eu acredito, que a gente pode fazer muito mais”, conta Wanda.

Segundo ela, essa é a meta principal, “nos conhecermos mais e trabalharmos em ações conjuntas de ações administrativas, campanhas, eventos e atividades que envolvam participação social. Mais a longo prazo, seriam os projetos acadêmicos entre as unidades de ensino daqui. Integrando todos os setores, pessoas, dialogando e traçando ações visando a um resultado comum”.

Faculdade de Direito

Dentro do planejamento para o mandato estão vários editais, acordos e campanhas de soluções acadêmicas e ambientais, verificando, inclusive, a viabilidade de unir a vida acadêmica em geral dos estudantes, com laboratórios, salas de aula e espaços de convivência englobando a todos. O único problema seria o espaço físico, pois o Quadrilátero possui diversos prédios tombados e enorme falta de local para ampliação.

“O que eu senti que não estava tão apta em outros momentos da vida, estou fazendo agora, com mais esse desafio. Chegam momentos na carreira da gente em que esses convites para participar mais da vida burocrática da Universidade aparecem. Esse é o primeiro que resolvi encarar”, conta Wanda.

As mudanças de rumo são comuns na vida de Wanda. Formada em Engenharia Civil pelo Instituto Mauá de Tecnologia, resolveu prestar Ciências Sociais depois de se graduar: “Eu não fui a única. Na Filosofia tinha alguns engenheiros que também estavam em segunda graduação. Eu fui uma aluna da engenharia dedicada à área de cálculo estrutural. Era uma cabeça matemática, muito quadrada. Sempre tive a preocupação em saber como o povo vive. Eu queria algo que me levasse a pensar, a trabalhar essas questões que me preocupavam, em especial questões políticas, mas nunca pensei em seguir essa carreira. Era algo que eu gostava, não sou socióloga. A sociologia me ajuda muito mais na compreensão da realidade, mas não sou praticante”.

2. “Hoje, as questões que trabalho aqui na Saúde Pública são uma aliança entre a engenharia e a ciência humana de conhecer os problemas ambientais”

Formada em 1981, no ano seguinte, Wanda submeteu um projeto de mestrado para universidades da França, sendo aceita em três escolas. “Estava tudo certo, mas não tive condições financeiras de ir. Na época, o País passava por crise e o CNPq não estava concedendo bolsas para mestrado, só para doutorado”, conta ela.

Frustrada com a impossibilidade de intercâmbio, a engenheira recém-formada desviou sua atenção para o mercado de trabalho: “Fiz meu estágio de engenharia na Mercedez-Benz. Ao final de um ano, eles me convidaram para continuar na empresa, só que eu não teria minha carteira registrada como engenheira. Seria algo como um projetista, pois eu teria que ter um tempo de empresa para, quando livrasse uma vaga, eu pudesse ser propriamente registrada. Por idealismo de jovem, eu acabei jogando o emprego fora, pois estava formada e queria ser engenheira. Pior é que eu ganharia bem mais do que a maioria dos ‘engenheiros’ da época”.

7. Wanda foi representante do Brasil na conferência sobre resíduos da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), no Chile

Ela conta que conseguiu também um emprego em um escritório de cálculo estrutural, mas, como era iniciante, sua função seria conferir cálculos de um engenheiro sênior: “Fui novamente muito idealista e joguei mais esse emprego fora. Fui ser engenheira autônoma”.

Mas o cenário de crise econômica que se expandia no País fez com que o negócio de um engenheiro autônomo não tivesse fins muito prósperos. Wanda iniciou um novo emprego, desta vez no escritório de hidráulica predial do professor Francisco Romeu Landi, da Escola Politécnica (Poli). “Após um tempo nessa área de projetos de instalações prediais, aquilo já não satisfazia mais. É padronizado, uma vez que você faz três ou quatro prédios você já sabe fazer aquilo. Eu queria mais. Falei para o professor Landi que queria projetar as estações de tratamento de esgoto, não só a tubulação predial, queria fazer nas ruas, nas cidades. Ele me indicou um curso que era dado aqui na FSP. Em 1985, eu me inscrevi no curso de especialização em Engenharia de Saúde Pública.”

O curso de especialização tinha muitas falhas de janela, como trocas de aula sem aviso prévio e faltas de professores. Wanda, que precisava trabalhar, ficou conhecida no departamento, pois “era muito crítica quando os professores não vinham e nós perdíamos aulas. Eu trabalhava fora fazendo programação de computadores, então perder aula podia significar perder dinheiro. Certa vez, os diretores da escola me chamaram para ver o que eu poderia fazer para melhorar esse curso”, conta ela.

Nesse momento, de seu ingresso na FSP, a vida da professora tomou novamente outro rumo. Aos poucos, ia surgindo o gosto pela pesquisa e docência: “Eu queria aprofundar um conhecimento, mas quando descobri a questão ambiental e as possibilidades dentro desse campo eu me cativei. Se hoje ainda temos muito a pesquisar, imagina há 25 anos atrás, quando eu comecei”. Ela conta que já costumava dar aulas durante o curso de Engenharia, desde os 17 anos: “Acho que tenho uma determinada vocação para professora, para ensinar. Eu gosto muito de estar em aula, de ensinar, de fazer o aluno refletir sobre diversos temas”.

Em 1986, surgiram duas vagas para docentes na FSP, Wanda foi convidada a prestar o concurso e passou: “Vim inicialmente para dar a disciplina de Química Sanitária, até que se precisou de alguém para dar a matéria Resíduos Sólidos. O professor que dava essa disciplina havia se aposentado e não tinha ninguém para substituí-lo. Então, em 1986 mesmo, eu encarei esse desafio e desde então eu trabalho com essa questão: os resíduos sólidos, os impactos no meio ambiente e os efeitos sobre a saúde da população”.

Depois de tantas mudanças na carreira, Wanda explica que se desviou tanto em sua carreira por tudo que apareceu de novo ao longo de sua trajetória: “Essa especialização dava uma visão ambiental que eu não tive na graduação. Foi aqui que eu tomei conhecimento de questões ambientais que a engenharia não me deu. Abriu-se um mundo novo do qual eu finalmente não quis sair mais”.

Hoje, além da nova função de prefeita do Quadrilátero da Saúde/Direito, a professora dá aulas na graduação, na pós e cursos de especializações na FSP e para o quarto ano de Engenharia Ambiental da Poli, na disciplina Gestão de Resíduos Sólidos. Orienta também o Programa de Ciência Ambiental (Procam), regido por professores de várias unidades, e vem montando um mestrado profissional em Ambiente, Saúde e Sustentabilidade, que será coordenado por ela.

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