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Chamado de Acolhe-USP, o projeto começou a funcionar em 2012 e espera melhorar sua infraestrutura para aumentar a capacidade de atendimento
O uso excessivo de álcool e drogas é uma questão que preocupa toda a sociedade brasileira. O Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad) feito pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas (Inpad) aponta que, entre 2006 e 2012, quase dois terços dos homens jovens bebedores problemáticos já se envolveram em uma briga com agressão física no último ano. O índice sobe para 57% entre os que também usam cocaína. Além disso, foi constatado que mais de duas a cada dez tentativas de suicídio estão relacionadas com o uso de álcool.
Preocupada com essa questão, a Universidade de São Paulo lançou o programa Acolhe-USP, que é destinado para o tratamento e acompanhamento de alunos, docentes e servidores técnico- administrativos com problemas envolvendo entorpecentes e álcool. O superintendente de Assistência Social, Waldyr Jorge ressalta a importância de um programa voltado para essa questão: “É importante estabelecer uma política efetiva de enfrentamento desse problema porque a universidade não pode ignorar um problema tão grave que acontece dentro dela e, em maior escala, na sociedade como um todo”.
Segundo ele, o programa é originário de uma comissão que foi instituída em 2005, chamada “Comissão de política de enfrentamento de uso de álcool e drogas na USP”. A partir dessa instituição, Jorge trabalhou na direção da consolidação do programa, realizando algumas parcerias com o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (IPq), a Superintendência da Saúde (SAU), o Instituto de Psicologia (IP) e o Hospital Universitário (HU). “Queria que passássemos a instituir uma contínua reunião dos membros da comissão para caminhar com o projeto. Com a colaboração dos professores das instituições parceiras, começamos a formular um programa de atendimento e de acolhimento aos usuários de álcool e drogas na USP.”
Como resultado desse processo, um ambulatório foi instalado na SAS e uma equipe de médicos, psiquiatra, psicólogos, enfermeiros e assistentes sociais foi contratada. Os profissionais escolhidos passaram por todas as tramitações legais: “Com a ajuda de nossos parceiros, fizemos uma prova seletiva e selecionamos a equipe que trabalha conosco. Tudo foi feito através de concurso público”. Segundo ele, com a ajuda da SAU, foi realizado convênio de internações externas, para casos específicos que não podem ser tratados no HU.
Waldyr Jorge destaca a mudança que o programa sofreu. “Antigamente havia algumas medidas pontuais. Hoje na comissão nós procuramos envolver todos os atores da Universidade envolvidos nessa questão, para que o Acolhe-USP seja um programa e não uma medida esporádica.” O primeiro atendimento foi no ano de 2012 e o programa já contabiliza mais de 150 atendimentos.
O superintendente explica como foi idealizado o ambiente para que a pessoa atendida se sentisse à vontade para procurar o programa. “Criamos um local o mais discreto possível para que as pessoas que nos procuram não sejam externamente identificadas.” É importante que haja apenas o controle interno. “Quando o paciente chega é feito um prontuário, seguido de um acompanhamento e identificação da dependência. Enfim, é estabelecido todo um protocolo de atendimento.”
A tendência do programa é se expandir para poder aumentar o número de pessoas atendidas. “É importante que tenhamos um local maior que possua jardim e salas individuais para melhorarmos a qualidade do atendimento. Para isso, dentro de um mês, deve ser inaugurada uma sede do Acolhe-USP a 50 metros do Campus, com um espaço maior e mais acolhedor.” Além disso, devido à importância do programa, Jorge revela que há ideias sendo estudadas para a melhoria do programa, como uma diretoria própria, por exemplo.
Ele revela os motivos de tentar sempre melhorar a qualidade do atendimento. “Não podemos estigmatizar o indivíduo viciado. Precisamos aprender a lidar com esse problema que já está enraizado em nossa sociedade.” Um dos maiores méritos do programa, segundo Jorge, é sua abrangência. “Não há discriminação no programa, ele atende toda a comunidade da Universidade e não só alunos, por exemplo.”
A intenção do superintendente é se aproximar das pessoas para que o programa possa identificar e prevenir o problema. “Temos a intenção de fazer palestras nas unidades a cada 15 ou 30 dias para servidores técnico-administrativos, alunos e docentes. Também queremos nos aproximar dos centros acadêmicos. É todo um programa de conscientização que tem que ser feito em conjunto e que demora um pouco para surtir efeito.”
Para Jorge, que também é professor da Faculdade de Odontologia, esse é um problema que tem origem no modo como nossa sociedade se organiza. “Hoje, o ser humano é estimulado a ser bem-sucedido em todas as áreas, porém não dizemos a ele como lidar com os obstáculos que vão aparecer no caminho até o sucesso.” Segundo ele, um indivíduo que não consegue lidar com eventuais insucessos pode caminhar rapidamente para o envolvimento com entorpecentes e álcool como forma de compensar algumas frustrações.
O superintendente entende que esse é o papel de uma universidade pública. “Eu vejo a USP como um corte de nossa sociedade. Portanto, todos os problemas sociais que temos aparecem em alguma proporção por aqui. Nosso dever é lidar com isso da melhor maneira possível. Desde que entrei na SAS, junto com os parceiros, tentamos catalisar a potencialidade da Universidade.”
Para ser atendido no Acolhe-USP, o indivíduo necessita procurar a SAS (rua do Anfiteatro, 295) voluntariamente e preencher uma ficha de inscrição. “Realizamos atendimentos pontuais e encaminhamos casos de emergências para o hospital, se for necessária internação imediata.”
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