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Vice-diretora da ECA consagra carreira de dedicação ao ensino do audiovisual com presidência de centro internacional
Para a vice-diretora da Escola de Comunicações e Artes (ECA), após as eleições para a presidência do Centro Internacional de Ligação das Escolas de Cinema e Televisão (Cilect), ficou claro que a USP tem um nome reconhecido no mundo.
Tudo aconteceu no final de novembro, na cidade de Praga, República Tcheca. Os concorrentes eram dois: ela e Nick Powell, da Escola Nacional de Cinema e Televisão, da Inglaterra. Com uma diferença de sete votos (30 a 23), pode até parecer que a votação foi apertada, difícil. Mas, com o apoio de toda a América Latina, dos Estados Unidos, de toda a África, de parte da Ásia, da Europa Oriental, de Portugal e da Espanha, Maria Dora Genis Mourão tornou-se presidente da associação das maiores escolas de cinema e televisão do mundo, com uma representatividade de votos que surpreendeu a todos. O outro candidato teve apoio concentrado na Europa Ocidental, Oceania e parte da Ásia.
O Cilect foi fundado em 1955, na França, durante o Festival de Cinema de Cannes. O objetivo é o de integrar os membros e promover o ensino de técnicas e linguagens em cinema e televisão. Restrito à Europa em seus primeiros anos, o Cilect cresceu e tornou-se mundial (apesar de manter seu nome em francês: Centre International de Liaison des Écoles de Cinéma et de Télévision). Hoje em dia, congrega cerca de 150 escolas de cinco continentes. “Integram o Centro instituições de ensino superior com alta capacitação profissional e de grande importância em seus países”, destaca a vice-diretora.
A ECA é membro desde 1991 e sempre teve participação ativa nos projetos da entidade. Maria Dora, que também é professora do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão, já desempenhou diversos cargos no Centro. Antes da eleição, era representante da região latino-americana. “Alguns membros questionaram se não gostaria de concorrer à presidência. Não era algo sobre o qual já havia pensado, pois estava feliz com meu cargo. No último instante, porém, resolvi fazer a inscrição. Foi um ato para demonstrar que não existia um consenso entre os membros. E então, aconteceu o que aconteceu”, diz a professora rindo.
“As escolas de cada país se reúnem e definem um voto. Havia 53 países presentes. Eu obtive 30, e meu colega, 23. Mas ninguém esperava que houvesse essa representatividade na minha votação. Isso foi realmente importante”, relata. Para a professora, o fato demonstra que todo o trabalho feito pela Universidade junto ao Cilect nos últimos anos tem sido positivo e mereceu o reconhecimento.
Nascida em Montevidéu, no Uruguai, no ano de 1947, Maria Dora foi criada na cidade de São Paulo desde pequena. Sobre a escolha da profissão, ela relembra, sorridente: “Pensei em ser advogada criminalista, porque adorava ler romances policiais. Mas prestei vestibular para Psicologia e para Filosofia, em 1966. Em 1967 a ECA foi inaugurada e, como eu gosto de coisa nova, me interessei. Comecei fazendo teatro, mas não gostei, e por isso me transferi para o curso de Cinema. Foi aí que eu me identifiquei”.
Logo após terminar a graduação, em 1971, Maria Dora foi convidada para lecionar na faculdade, que estava em formação. Assim, já em 1972, tornou-se docente. Nessa época, surgiu o interesse pela área de montagem. “Não gosto de ir ao set de filmagem. Eu gosto de montar, de armar a história. É onde se constrói a narrativa, onde o filme surge”, relata. Em 1978, iniciou o mestrado e em 1981, o doutorado; ambos relacionados à sua paixão, a montagem. Em 1997, a professora realizou um pós-doutorado na École des Hautes Études en Sciences Sociales, na França. Sua pesquisa refletiu sobre os impactos e transformações proporcionadas pelas novas tecnologias no audiovisual. “Escolhi o tema porque gosto de novidade”, justifica.
O novo mundo digital foi objeto de estudo, mas não caiu nas graças da prática de sua profissão. “Já fiz muita montagem, sempre em projetos de colaboração com a Universidade, de caráter cultural. Mas deixei de montar com a passagem do sistema analógico para o digital. Sempre gostei de ficar em diálogo com o material propriamente dito, de ter a imagem ali, na minha mão. Com o digital, senti uma mudança muito grande de percepção e não me adaptei. Não estou sendo saudosista ou fazendo juízo de valor. É uma questão da minha personalidade”, conta.
Desde 2009, Maria Dora é vice-diretora da ECA. Este é seu último ano na função. Mas, se um trabalho termina, outro surge promissor para os anos seguintes. Entre os principais projetos da professora, agora na presidência do centro internacional, estão: tornar o site do Cilect mais pedagógico, disponibilizando bibliografia, filmografia e material didático; realizar um levantamento sobre as coincidências das grades curriculares das escolas e aumentar a cooperação entre os membros.
“Pensamos em desenvolver projetos de caráter internacional, que congreguem as escolas em algo comum”, revela. Um dos programas envolve a troca de material por meio de um festival, que seleciona as cinco melhores produções entre todas as instituições membros. “A linguagem do cinema e do audiovisual é universal. É claro que há questões culturais, mas enquanto linguagem, ela é sim universal. Então, é muito importante que alunos e professores tenham uma dimensão do que acontece em outros países. Com esse festival, as escolas podem utilizar o material de outros lugares do mundo para desenvolver seus próprios trabalhos”, completa.
Casada, mãe de dois filhos, avó de dois netos – com um a caminho – e há 40 anos dedicando-se ao ensino do audiovisual, Maria Dora Genis Mourão abraça com entusiasmo e dedicação a presidência do Cilect, assim como se devotou e acolheu tantas outras novidades em sua vida.
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