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USP se destaca em rankings internacionais

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USP se destaca em rankings internacionais

 

Por Gabriela Stocco

Para o pró-reitor de Pesquisa, o caminho para evoluir nas avaliações é aliar qualidade a fornecimento de dados

Recentemente a posição de destaque da Universidade de São Paulo no Brasil e na América Latina tem se confirmado por meio de sua posição em rankings internacionais de classificação de universidades. Na lista do QS World University Rankings, por exemplo, a USP aparece na 139ª posição mundial. Já no QS Latin University Rankings, feito pela mesma instituição e que classifica apenas universidades latino-americanas, aparece em primeiro lugar.

O pró-reitor de Pesquisa da Universidade, Marco Antonio Zago, afirma que “para se sair bem nos rankings é preciso ter duas coisas: primeiro, qualidade nas diferentes atividades que realiza, pesquisa, ensino, pós-graduação, extensão, transferência de conhecimento. Segundo, ter os bons números e saber dar informações boas e corretas para as instituições internacionais que realizam esses rankings”.

Ele explica que, muitas vezes, as instituições pedem os dados com certa urgência e, portanto, é preciso estar preparado para fornecê-los de forma rápida e precisa. Para coordenar esse processo, foi criado o Grupo de Pesquisa Permanente de Integração de Dados do Sistema Acadêmico da USP.

“O grupo inclui representantes de diferentes áreas. O que essa comissão faz é coletar cada um dos dados da Universidade, checar e dar as informações conforme os grupos internacionais que fazem os rankings solicitam”, explica o pró-reitor.

Zago continua: “Não basta apenas pegar as informações do anuário estatístico, que são muito boas e bem-feitas, mas nem sempre atendem ao interesse de quem está fazendo os rankings. Eles querem uma informação específica, por exemplo, quanto a Universidade investe por ano em pesquisa, e não apenas seu orçamento”.

Para Marco Antonio Zago, “o que pode ser informativo para nós é se nós olharmos para vários rankings”

Osvaldo Shigueru Nakao, coordenador do grupo, explica que cada ranking usa métodos e critérios próprios de avaliação. Porém, ele atenta para o fato de que alguns rankings realizam a coleta de dados ao invés de solicitá-los às instituições. Portanto, lembra que é “importante definir bem qual é a nossa instituição, que é a Universidade de São Paulo, não uma escola ou faculdade específica. Os artigos que nós publicamos têm que aparecer principalmente com o nome oficial da instituição, em português ou em inglês. Isso evita que essas informações se percam na coleta de dados”.

Nakao ainda afirma que alguns critérios não fazem muito sentido para avaliar todas as instituições, como a quantidade de Prêmios Nobel que seus membros já ganharam ou seu número de pesquisadores estrangeiros. Ele diz: “Para a Europa é muito importante o número de pesquisadores de outros países que estão interagindo em sua instituição. No Brasil, devido à distância, esses números não são significativos”.

Outro aspecto que difere a USP das outras universidades é seu gigantismo. Segundo Zago, “as universidades estrangeiras de ponta são de tamanho médio, com cerca de 17 mil alunos. Já a USP tem 90 mil alunos. Além disso, nas universidades de destaque, cerca de 45% dos alunos são de pós-graduação, enquanto  a USP conta com 25% a 30% dos alunos nessas condições”.

“Isso não quer dizer que nós temos que copiar esse modelo, mas os dados mostram quais são os parâmetros de uma universidade bem-sucedida. E podemos seguir ou não esse parâmetro dependendo do que se entende que é nosso papel”, afirma Zago.

A função dos rankings

Os rankings são feitos para serem úteis para estudantes que estão escolhendo universidades, além de compará-las e apontar medidas bem-sucedidas, que podem ser copiadas pela administração, caso façam sentido para o objetivo e função de cada instituição na sociedade em que se insere.

Sobre a missão das universidades, o pró-reitor explica que “a responsabilidade de formar pessoal qualificado de nível superior é inerente a todas as universidades. Elas devem, em primeiro lugar, cuidar da qualidade do que ensinam e do graduado que sai da universidade, pois isso é o que a sociedade vê”.

“A evolução na posição dos rankings é mérito de todos, pois têm se preocupado em fazer mais que o mínimo. Esse trabalho de equipe aliado à coragem de inovar é fundamental”, explica Nakao

No entanto, ele ressalta que “há universidades, como a USP e algumas outras poucas no mundo, que têm a responsabilidade adicional de servir como motor de desenvolvimento do país. E, portanto, elas precisam ter atividade de pesquisa, de ciência, tecnologia, inovação. Isso explica porque os rankings valorizam muito mais a pesquisa do que a formação de pessoal”.

O pró-reitor explica que é muito difícil comparar universidades, e ainda mais classificá-las. Portanto, nenhum ranking é “perfeito, absoluto, final”. Assim, ele afirma que a utilidade dos rankings é “permitir que, quando olharmos para todos, tenhamos algum tipo de comparação e orientação que possa ser útil principalmente para nós, que somos responsáveis pela administração. É dessa forma que nós procuramos ler os rankings, não como um campeonato”.

Ele explica que as classificações apontam para um grupo de universidades de ponta, que são tradicionais e todos os anos se repetem nas listas, como Oxford, Cambridge, Massachusetts Institute of Technology  e Harvard. “A informação repetida todo ano de que a USP é a universidade líder no Brasil e na América Latina quer dizer que ela está dando certo, qualquer que seja o ranking que você olhe”, explica Zago.

No entanto, Zago diz que alguns setores poderiam ser melhorados. Nakao afirma que “temos problemas na infraestrutura, portanto a terceira fase do programa de incentivo à pesquisa é o infraUSP, pois a Universidade sempre tem necessidade de equipamentos, reformas, reparos, ampliações”.

Já sobre a valorização de docentes e funcionários da USP, partes essenciais para os resultados que aparecem nos rankings, o reitor João Grandino Rodas afirma: “No que tange a questão dos recursos humanos, incluindo aí os servidores técnico-administrativos, foi implementado, em 2011, moderno plano de carreira, baseado no mérito, que os valoriza, além de possibilitar sua permanência na Universidade, com sempre crescente motivação”.

O reitor ainda explica o plano criado para docentes: “Foi implementado o plano de horizontal de progressão na carreira. A progressão no nível da carreira docente resultará em acréscimo salarial, com variação nos percentuais, de acordo com o nível”. Ele continua: “O salário do Professor Doutor 2 terá acréscimo de 9% em relação ao salário do Professor Doutor 1; o de Professor Associado 2 terá acréscimo de 6% em relação ao salário do Professor Associado 1; e o de Professor Associado 3 terá acréscimo de 12% em relação ao salário do Professor Associado 1”.

Rodas avalia que “a maneira como o Brasil vem sendo visto internacionalmente contribui positivamente, não se constituindo, entretanto, um fator determinante para essas boas classificações. O modo como a USP vem perseguindo a modernidade e a internacionalização, aliado a um trabalho coletivo, constitui-se na razão principal”.

Metodologia

Isidro Aguillo, Elizabeth Gibney e Vicente Pablo Guerrero Bote, representantes de rankings internacionais, e Adnei Melges de Andrade, vice-reitor de Relações Internacionais

No Simpósio internacional sobre rankings universitários e impacto acadêmico na era do acesso aberto, ocorrido em 22 de outubro na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), representantes de instituições que realizam rankings explicaram a metodologia de suas classificações.

Elizabeth Gibney, repórter da revista Times Higher Education (THE), afirma que hoje 40% dos artigos são publicados por 200 principais universidades. Assim, ela diz que os rankings são aplicáveis a “esse tipo de instituição, que concorre num mercado global, que quer ser comparada”.

A THE realiza os rankings World University Rankings (WUR), no qual a USP ficou em 158ª posição, e World Reputation Rankings, que mede a reputação das universidades e no qual a USP ficou entre as 70 melhores. Ambos utilizam a base de dados da Thomson Reuters.

Elizabeth diz que os rankings têm muita influência entre estudantes e ações como o Ciência sem Fronteiras (programa de intercâmbio acadêmico do governo federal brasileiro), portanto é preciso transparência e prestação de contas sobre seus métodos. “Há pontos negativos, mas os rankings não deixarão de existir, porque as pessoas querem essas informações”, afirma a repórter.

Ela explica que a metodologia do WUR leva em conta os seguintes critérios: ensino (30%), perspectiva internacional (7,5%), verba da indústria para inovação (2,5%), pesquisa (30%) e citações (30%).

“A reiteração de classificações sempre melhores da USP nos mais variados rankings mundiais nos últimos três anos demonstra que a Universidade é estrela crescente tanto nacional quanto internacionalmente. Isso assegura que a USP se encontra em um caminho certo e ascendente”, afirma o reitor João Grandino Rodas

Vicente Pablo Guerrero Bote, representante do Scimago Lab, que realiza o Iberoamerican Ranking SIR, no qual a USP se classificou na 1ª posição ibero-americana, explica que são considerados sete indicadores para realizar o ranking. Esses critérios são: índice de especialização, produção científica, taxa de colaboração internacional, citação normatizada, taxa de artigos publicados em revistas mais bem posicionadas, taxa de excelência científica e liderança.

Isidro Aguillo, representante do Webometrics Rankings Web of World Universities, no qual a USP aparece em 15º lugar, diz que a internet é a mais completa e principal ferramenta acadêmica. O Webometrics mede exatamente a disponibilização de conteúdo das universidades on-line. Seus indicadores de avaliação se dividem entre impacto (50%), que compreende as citações, e atividade (50%), que inclui presença na internet, documentos abertos e artigos de excelência.

Aguillo recomenda que os artigos sejam publicados no idioma local e também em inglês. Além disso, defende que os trabalhos científicos estejam disponíveis na internet. Ele diz que os repositórios on-line de artigos da USP são muito bons. No entanto, ressalta a importância de atualizar as páginas pessoais dos pesquisadores, pois isso pode contribuir para a avaliação das universidades nos rankings.

Elizabeth destaca que é importante realizar colaborações internacionais, mas não somente com os Estados Unidos ou países europeus. Além disso, ela diz: “Publicar em inglês faz diferença. É fundamental pelo menos colocar referências (palavras-chave do trabalho) em inglês”.

Bote afirma que as universidades devem publicar seus artigos em revistas ligadas a bases de dados. Além disso, ele afirma que é preciso investir em acesso aberto às pesquisas, como a USP já faz, de forma a aumentar a visibilidade e o número de vezes que o artigo será citado, contribuindo para divulgar a produção científica entre o meio acadêmico e a sociedade.

Conheça alguns rankings e a classificação da USP:

Webometrics Ranking Web of World Universities:15ª posição
Este ranking classifica as instituições de ensino superior de todo o mundo de acordo com a relevância de pesquisas disponíveis on-line.

Iberoamerican Ranking SIR 2012: 1ª posição ibero-americana
Realizado pelo Scimago Lab, esse ranking espanhol utiliza quatro indicadores que avaliam o rendimento científico de instituições de ensino superior que publicaram pelo menos um artigo científico indexado na base de dados Scopus no período de 2006 a 2010.

QS World University Rankings: 139ª posição
QS Latin American University Rankings: 1ª posição na América Latina
O Top University realiza avaliação de universidades desde 2004, produzindo diversos tipos de rankings, como o mundial e o latino-americano, que aparecem, respectivamente, acima.

World University Rankings: 158ª posição
World Reputation Rankings: entre as 70 melhores

Realizados peloTimes Higher Education, esses rankings mundiais usam a base de dados da Thomson Reuters. O primeiro tem critérios mais tradicionais, enquanto o segundo se baseia na reputação da instituição entre professores universitários.

Academic Ranking of World Universities: entre as 150 melhores

Elaborado pela Universidade de Xangai, a lista classifica as 150 melhores instituições do mundo e entre elas está a USP, que foi a universidade latino-americana mais bem colocada.

2010 Performance Ranking of Scientific Papers for World Universities: 74ª posição

Realizado pelo Higher Education Evaluation & Accreditation Council of Taiwan, esse ranking classifica as 500 melhores instituições de ensino e pesquisa do mundo a partir de uma análise de dados do Science Citation Index (SCI) e do Social Sciences Citation Index (SSCI).

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