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Professora de São Carlos ganha prêmio internacional

Professora acaba de receber prêmio internacional

Lauralice Canale conta de suas pesquisas na Engenharia de Materiais e destaca seu apreço pela Universidade

Por Clara Roman

Em 1981, quando se formou na graduação, a professora Lauralice Canale era a única mulher de sua turma do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC). Quase 30 anos depois, foi a primeira mulher e a primeira sul-americana a ganhar o prêmio IFHTSE Fellowship, da Federação Internacional de Tratamentos e Engenharia de Superfície.  O prêmio reconhece aqueles que contribuíram para o desenvolvimento da engenharia de superfície e tratamento térmico.Com pai e mãe professores do segundo grau de escolas públicas de São Carlos, Lauralice sempre teve facilidade para estudar, demonstrando maior interesse pela área exata. Ao concluir o ensino superior, enveredou-se para o estudo de metais, área que possuía destaque na Engenharia de São Carlos. Em 82, já fazia parte do mestrado em Bioengenharia (Utilização de Placas de Autocompressão para o Tratamento de Fraturas em Bovinos), concluído em 1985.

Desde então, seguiu esse trilho. O aço, segundo ela, é insubstituível em vários casos. O tratamento térmico é importante no processo de produção desse metal, pois melhora as suas propriedades reduzindo, por exemplo, seu desgaste  e corrosão posterior. Entre os assuntos pesquisados na área, está a dureza invertida, um fenômeno pouco conhecido que nem mesmo é mencionado nos livros de metalurgia e que está sendo profundamente estudado pela professora e seu grupo. A  têmpera intensiva também é outro procedimento estudado por ela, e é relacionado ao processo de resfriamento intenso durante a têmpera de metais.

O aperfeiçoamento dos óleos vegetais para tratamento térmico de materiais (sobretudo metais) também está sendo desenvolvido por ela. Os óleos são utilizados em grande escala nos processos de  tratamento térmico de aços, muito comum nos processos industriais. “Embora os óleos de  origem mineral tenham uma melhor resistência à oxidação durante seu uso, são tóxicos e responsáveis por graves problemas ambientais. Meu trabalho é modificar os óleos vegetais,  pela adição de antioxidantes e pela transformação química, para torná-los mais estáveis.” O objetivo é despertar um interesse maior do mercado consumidor de óleos para têmpera. “Apesar disso, os vegetais, dada a sua composição química,  não alcançarão os níveis dos óleos minerais neste requisito de resistência à oxidação.”

As parcerias com pesquisadores internacionais foram muito importantes, segundo ela, para tornar-se mais conhecida em outros países. Ela, como brasileira, acabou por ampliar a visibilidade do Brasil. Um de seus principais parceiros é o dr. George E. Totten, pesquisador americano de Engenharia de Superfícies e materiais, também homenageado pela IFHTSE. “A pesquisa da professora está na vanguarda desse campo especializado. O prêmio é uma honra não só para a professora, respeitada por seus pares na comunidade internacional, mas para o Brasil também”, diz ele.

“Eu levo uma vida invejável,” diz Lauralice. “Moro a poucos quarteirões do trabalho, almoço em casa todos os dias e tive tempo, durante a vida, para criar meus três filhos, já adultos.” O estudo e formação acadêmica sempre foram muito estimulados, de forma que os três entraram no ensino superior, em psicologia, nutrição e engenharia elétrica. Além disso, seu marido, Antonio Carlos Canale, é professor da EESC. Assim, os dois costumam realizar projetos juntos. Ele a ajuda principalmente na parte de simulações.

“Acredito que a USP não só prepara o aluno para a profissão, mas tem um caráter de formação,” diz ela, que é professora da graduação e da pós, do Departamento de Engenharia Mecânica desde 1988, ministrando atualmente as disciplinas Tratamento térmico e Ciência e engenharia de materiais. Dar aula é uma atividade que exerce com grande prazer. Desenvolve sempre uma boa relação com seus alunos: “Gosto de disseminar conhecimento e tenho muita paciência com meus alunos”. Não é preciso ser professor para saber que essas são duas características essenciais para a função.

Além dos vários trabalhos realizados junto a universidade, ela realizou algumas parcerias com empresas. Ela destaca seu trabalho com a Villares Metals, Sumaré, Shell e a RassiniNHK, indústria de molas automotivas.

Um comentário sobre “Professora de São Carlos ganha prêmio internacional”

  1. Lene disse:

    Parabéns é pouco ao pesquisador que tem mérito a tais prêmios,porém, em minha humilde opinião, devem ser divulgados na mídia a fim da sociedade tomar conhecimento das mentes pensantes da nação e por que não, estimular os cidadãos em busca do conhecimento, do raciocínio e evolução material e espiritual.

    Espero que a contemplada leia esta mensagem, sou uspiana da FFLCH.

    Um abraço,

    Lene

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