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Por Clara Roman
“As construções de Brasília”, mostra inaugurada no dia 28 na Galeria de Arte do Sesi-SP, traz obras diversas sobre a capital federal. São fotografias, cartazes, instalações e vídeos feitos em diversos momentos da história da cidade e que propiciam um panorama não só da construção como também dos aspectos sociais, políticos e simbólicos desse emblema da arquitetura moderna.
“A construção de Brasília foi um marco divisório de comportamento, que trouxe um progresso significativo da arquitetura e um investimento maciço de diversos setores”, afirma Pedro Paulo de Melo Saraiva, arquiteto que teve intensa convivência com a geração que ergueu a capital federal e é professor aposentado da FAU.
A exposição foi montada a partir do acervo do Instituto Moreira Salles sobre o tema. As fotografias e outras obras reúnem dados históricos importantes sobre a cidade. Heloísa Espada, curadora do instituto e responsável também pela mostra, conta que o objetivo era focar em dois aspectos: primeiro, a construção de Brasília e a consolidação da utopia e do símbolo que a cidade representou.
O outro eixo é como esse mito pode ser integrado à realidade e foi transformado ao longo dos anos. “Os fotógrafos refletem a arquitetura contemporânea a partir de Brasília”, diz ela.
A primeira parte da mostra traz as fotos de Marcel Gautherot, imigrante francês que chegou ao Brasil em 1940 e logo se tornou parceiro de Oscar Niemeyer. Gautherot fotografou grande parte dos projetos de Niemeyer. Em Brasília, deu um enfoque bastante arquitetônico no registro da construção da cidade. Além dele, Peter Scheier também captou momentos importantes da formação da cidade, no período de 1958 a 1960. Ele propicia um olhar mais humano e multifacetado do período histórico, tendo retratado também a vida dos primeiros moradores. Dessa fase, estão disponíveis também imagens feitas por Thomaz Farkas que mostram o Núcleo Bandeirante (um dos primeiros assentamentos da região, a poucos quilômetros do Plano Piloto), além de favelas que já surgiam no entorno e a emblemática cerimônia de abertura, em 1961.
A grandiosidade dos monumentos retratados nas obras é fruto de grandes esforços feitos pelos arquitetos desde a abertura dos concursos em 1956 até a finalização em 1961. “Nesses cinco anos, o Brasil assistiu a um grande avanço na área. Quase todos os arquitetos brasileiros da época contribuíram”, conta Saraiva, que se formou no Mackenzie em 1955. “É necessário lembrar que a Segunda Guerra havia terminado há apenas 11 anos. A Europa encontrava-se paralisada, sem uma produção substancial. Muitos intelectuais estrangeiros ficaram impressionados com as obras.” De Mary Vieira, o primeiro cartaz apresentando a construção da cidade na Europa é também exibido no Sesi. De Aloísio Magalhães e Eugene Feldman, é mostrado o álbum Doorway to Brasília que fornece uma dimensão pop para aquele contexto, além de vídeos de Feldman dos canteiros de obras.
Waldemar Cordeiro e Regina Silveira trazem produções do período da ditadura militar e Jac Leirner tem exposta a série Fase Azul, de 1990. Caio Reisewitz, Mauro Restiffe e Rubens Mano têm abordagens contemporâneas da questão. Reisewitz reflete sobre estética e poder a partir do palácio do Itamaraty. Restiffe exibe uma série de fotos da posse do presidente Lula em 2003 e Mano expõe vídeo sobre a rotina no Plano Piloto e nas cidades satélites.
“Como esperar uma cidade perfeita? O urbanismo não pode resolver os problemas de distribuição de renda. As cidades-satélites explicitam a população pobre, de excluídos que existem nas grandes cidades do País. Faz parte do exercício brasileiro de ocupar o espaço”, diz Saraiva.
As construções de Brasília
Galeria de Arte do Sesi-SP
Local: av. Paulista, 1.313
Data: até 16/1/2011
Horário: segunda-feira, das 11h às 20h, de terça a sábado, das 10h às 20h e domingos, das 10h às 19h
Valor: gratuito
Fone: (11) 3146-7405
seg, 29 de junho
dom, 28 de junho
dom, 28 de junho
sáb, 27 de junho
sáb, 27 de junho
sex, 26 de junho
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ter, 2 de junho