comunidade usp

Iniciativas em software livre

Por Maria Clara Matos

Como eixo para a criação da rede Qualipso, estabeleceu-se no Instituto de Matemática e Estatísticas do IME o primeiro Centro de Competência em Software Livre (CCSL) brasileiro. Fábio Kon, professor e diretor do CCSL, conta que os alunos do IME já trabalham com software livre há cerca de 15 anos, mas há mais ou menos cinco anos surgiu a oportunidade efetiva de usar o tema do software de código aberto para organizar os esforços isolados e desconexos.

Somando esforços aos incentivos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Reitoria da USP, em janeiro de 2009 o centro foi admitido como membro oficial da rede internacional Qualipso de competência.

Atualmente são ao todo 12 projetos em software livre, já à disposição para download no site do CCSL. Entre eles está o AcMus que investiga a acústica de salas para a produção musical. Kon esclarece: “Utilizando-o você pode, por exemplo, medir como é a acústica do teatro e até para que tipo de música ele é mais adequado”.

Já o Colméia é, nome do projeto que, utilizando padrões abertos, visa a informatizar e dinamizar as atividades da biblioteca do IME e a atender às necessidades de seus usuários. Nesse caso o software, ainda não implantado completamente, está sendo feito sob medida para o IME, mas nada impede que seja customizado para bibliotecas de outras unidades, destaca Eduardo Colli, professor e coordenador da Comissão de Biblioteca do IME. “As necessidades da biblioteca da Geologia, que possui diversos mapas, são muito diferentes das nossas”.

Eduardo Colli, professor e coordenador da Comissão de Biblioteca do IME

Eduardo Colli, professor e coordenador da Comissão de Biblioteca do IME

Construir uma latinha em que caibam 350ml de refrigerante utilizando a menor quantidade de alumínio possível. Resolver questões de otimização como essa é objetivo do Projeto Tango, desenvolvido em parceria com o grupo de pesquisa da área da Unicamp. Ernesto Birgin, professor do IME e um dos coordenadores do Tango, afirma que ele surgiu para colocar os métodos desenvolvidos pelo grupo a serviço da comunidade. Desde 10 de março de 2007 foram por volta de 13 mil acessos à página do projeto e cerca de 1500 downloads de diversas empresas do mundo, além de Universidades como Harvard, Stanford, Princeton, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), entre outros, exemplifica o docente.

O sistema de saúde também pode se beneficiar dos softwares de código aberto. O Projeto Borboleta, realizado em parceria com o Centro de Saúde Escola Samuel Pessoa do Butantã ligado à Faculdade de Medicina da USP , utiliza as tecnologias de computação móvel para melhorar o atendimento domiciliar em programas de Saúde Pública.

Segundo Kon, coordenador do Borboleta, o projeto prevê também a criação do software livre SAGUISaúde – Sistema de Apoio à Gestão Unificada de Informações de Saúde – para o gerenciamento de postos de saúde no âmbito do SUS. Ele explica: “O SAGUISaúde, que será integrado ao Borboleta, irá armazenar informações históricas sobre milhares de usuários de um centro de saúde oferecendo aos seus profissionais ferramentas de mineração de dados para auxílio à gestão de saúde e à elaboração de políticas públicas regionais”.

As iniciativas do Governo Federal referentes ao software livre também são diversas e têm se expandido. Dentre as iniciativas estão o I-Educar, sistema de gestão escolar que tem como uma de suas principais vantagens a centralização das informações de todas as escolas municipais em um banco de dados único, controlando o cadastro de alunos com seus dados pessoais, familiares e pedagógicos e o Cacic, primeiro software público do governo federal capaz de fornecer um diagnóstico preciso do parque computacional e disponibilizar informações como o número de equipamentos e sua distribuição nos mais diversos órgãos, os tipos de softwares utilizados e licenciados, configurações de hardware, entre outros.

Ernesto Birgin, professor do IME e um dos coordenadores do projeto Tango

Ernesto Birgin, professor do IME e um dos coordenadores do projeto Tango

Alexandre Oliva, co-fundador da Fundação Software Livre América Latina, declara, no entanto, que a utilização do software livre, assim como o estímulo a seu uso, é obrigação constitucional, infelizmente pouco cumprida.

Além do favorecimento relacionado ao ponto de vista econômico, Oliva utiliza como argumento para defesa do uso do software livre pelo governo federal os princípios estabelecidos no artigo 170 da Constituição Federal de 1988, tais como “a soberania nacional – evitar que cidadãos e o próprio estado sejam subjugados e controlados através de software – ; a livre concorrência – evitar que cidadãos e o próprio estado se prendam a monopólios de serviços relativos a software – e a redução das desigualdades regionais e sociais – adotando e promovendo software livre, cada região pode investir em fornecedores de serviços de suporte, customização, adaptação, melhoria, etc. a nível local, ao invés de ser obrigado a recorrer a um fornecedor centralizado”.

Deixe um Comentário

Fique de Olho

Enquetes

As questões nas reuniões do Conselho Municipal de Política Urbana envolvem, indiretamente, transporte e mobilidade. Em sua opinião, qual item seria prioridade para melhorar o transporte público?

Carregando ... Carregando ...

Dicas de Leitura

A história do jornalismo brasileiro

O livro aborda a imprensa no período colonial, estende-se pela época da independência e termina com a ascensão de D. Pedro II ao poder, na década de 1840
Clique e confira


Video

A evolução do parto

O programa “Linha do Tempo”, da TV USP de...

Áudio

Energia eólica e o meio ambiente

O programa de rádio “Ambiente é o Meio” foi...

/Expediente

/Arquivo

/Edições Anteriores