comunidade usp

Projetos antitabaco mostram-se forte aliados no combate ao vício do cigarro

Nova lei associada a tratamentos antitabaco acena a uma nova perspectiva longe do vício

Por Márcia Scapaticio

Em meio à validação da lei que proíbe o fumo em ambientes fechados, os programas antitabagismo da USP ganham destaque. Mas como funcionam tais programas? Quem pode participar? Essas e outras dúvidas foram esclarecidas pelas unidades responsáveis pelo tratamento e pesquisa relacionados ao tabaco na Universidade.

No Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) quem atua é a Comissão de Controle do Tabagismo, existente há nove anos e coordenada pelo médico sanitarista Clésio de Souza Soares. A psicóloga Patrícia Lopes, integrante do grupo, diz que “a comissão realiza campanhas preventivas direcionada aos funcionários e seus familiares, através de reuniões mensais e estabelecimento de objetivos conjuntos, para motivar o paciente na adesão ao tratamento”.

Já no Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da capital está a sede do Programa Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas (Progrea), atuante desde 1981. O Progrea realiza trabalhos de estudos e pesquisas abertos à comunidade interna e externa, auxiliando os usuários de tabaco e outros tipos de drogas.

Verena Castellani

Verena Castellani

Aliás, classificar o cigarro como uma droga pode ser tema de polêmica entre os fumantes, porém, de acordo com a psicóloga do HCFMRP e Verena Castellani, médica assistente do Progrea, tal polêmica se encerra com a inclusão do tabagismo no 10° Código Internacional de Doenças. De acordo com Patrícia Lopes, a utilização de remédios ou adesivos de nicotina será avaliada pelo médico responsável. “É feita uma avaliação individual e então é decidida a utilização de medicamento, desde que ajude o dependente na fase de adaptação do corpo à ausência de nicotina.”

Verena trabalha há três anos no projeto, disponível para funcionários e comunidade externa da USP. “Minha área de pesquisa é investigar até que ponto um pai fumante influencia num futuro vício do filho e, a partir dos resultados, analisamos como o tabaco afeta a vida do chamado fumante passivo.”

Por sinal, o respeito ao não fumante é garantido pela nova lei. Segundo Verena, a questão não é privar nem discriminar o fumante, mas sim garantir a saúde dos que não fazem uso do cigarro e são afetados pela fumaça quando frequentam o mesmo ambiente.

Outro grupo importante realiza suas atividades desde o ano de 2005 no Hospital Universitário (HU) e é coordenado pelo médico João Paulo Becker Lotufo. No HU o atendimento é aberto a todos os interessados e funciona por meio de reuniões comandadas por Lotufo e o médico Frederico Leon Arrabal Fernandes, que tiram as dúvidas e aconselham os pacientes sobre como superar as dificuldades desse processo, além do trabalho de Lázara Ravaglio, enfermeira, e da psicóloga Ednalva Cruz.

Frederico Leon Fernandes e

Frederico Leon Fernandes e João Paulo Becker Lotufo

Ao chegar, os participantes das reuniões assistem à palestra de Fernandes e são confortados em sua ansiedade; relatam a dificuldade de abandonar o primeiro cigarro do dia, a vontade de tomar o cafezinho e o medo de engordar sem o tabaco. Fernandes afirma, com bom humor, que se não houver o primeiro cigarro, não haverá o segundo. Também menciona a importância de evitar o café e o álcool nas primeiras semanas e confirma, para o desespero dos fumantes, principalmente das mulheres, que ao parar de fumar é possível engordar de 2 a 4 quilos. Porém, alerta que não há motivo para desânimo: “Caminhamos juntos e vamos dar um passo de cada vez, primeiro abandonar o vício e, depois, pensar numa reeducação alimentar, disponível no HU”.

A força encontrada nas atividades em grupo é um estímulo aos participantes. Fumante há 30 anos, Renato Campanhã, que trabalha no setor de Comunicação da TV USP, afirma sentir os benefícios do tratamento: “Fumava dois maços de cigarro ao dia, agora só um. Nas reuniões descobri que fumo por ansiedade, mudei meus hábitos, não tomo mais café e, no ambiente de trabalho, a lei fez diferença, já que não podemos fumar no prédio.”

Ednalva Cruz e Lazara Rovaglio

Ednalva Cruz e Lazara Rovaglio

A psicóloga Ednalva Cruz diz que há diferentes níveis de dependência, e quem abraça a proposta de abandonar o cigarro pode continuar com a manutenção do tratamento. “Lembramos que nessa experiência é natural ocorrer até quatro recaídas, mas quem parou mudou de vida, melhorou a saúde física e emocional.”

Considerando a importância de se prevenir para não remediar depois, o tratamento aos fumantes que desejam abandonar o vício e campanhas educativas para os adolescentes mostram-se uma forma eficiente no combate diário a esse problema de saúde pública.

O caminho sem o cigarro dá novo significado à vida daqueles que passam por essa transformação. Guiado por esse raciocínio, Lotufo menciona o efeito de ações contrárias ao tabaco direcionadas às crianças e jovens. “Sou pediatra e atendi jovens com doenças respiratórias causadas pelo vício dos pais; desde então, percebi a necessidade de se prevenir, através da educação, o acesso dos mais novos ao cigarro.”

Serviço:

Programa Antitabagismo HU

Local: av. Prof. Lineu Prestes, 2.565
Fone: (11) 3091-9323
Valor: gratuito
E-mail: antitabagismo@hu.usp.br


Instituto de Psiquiatria

Local: rua Dr. Ovídio Pires de Campos, 785
Fone: (11) 3069-7899

 

 

2 comentários sobre “Projetos antitabaco mostram-se forte aliados no combate ao vício do cigarro”

  1. Maria Perpétu disse:

    Foi com muita força de vontade e coragem que no dia 10 de setembro de 2007 eu e meu marido participamos da 1ª reunião do grupo. Agradeço muito toda a equipe e o carinho e atenção da Lazinha com que sempre nos atendeu.

    Nos sentimos muito bem ao completar 2 anos sem o cigarro, acho que não iria aguentar a pressão da lei anti fumo. Hoje me sinto limpa, cheirosa, antes eu tina vergonha de abraçar alguém…

    Indiquei o grupo para vários colegas.

    Obrigada, espero que esse grupo só deixe de existir quando não existir mais dependentes.

    Perpétua

  2. MARIA ISABEL LIMA CR disse:

    POR FAVOR, COMO FAÇO PARA ENTRAR EM CONTATO COM O GRUPO DE APOIO ANTI-TABACO DO HC, QUE É MAIS PRÓXIMO PARA MIM?? GRATA, AGUARDO INFORMAÇÃO,

    MARIA ISABEL LIMA CRAVEIRO

Deixe um Comentário

Fique de Olho

Enquetes

As questões nas reuniões do Conselho Municipal de Política Urbana envolvem, indiretamente, transporte e mobilidade. Em sua opinião, qual item seria prioridade para melhorar o transporte público?

Carregando ... Carregando ...

Dicas de Leitura

A história do jornalismo brasileiro

O livro aborda a imprensa no período colonial, estende-se pela época da independência e termina com a ascensão de D. Pedro II ao poder, na década de 1840
Clique e confira


Video

A evolução do parto

O programa “Linha do Tempo”, da TV USP de...

Áudio

Energia eólica e o meio ambiente

O programa de rádio “Ambiente é o Meio” foi...

/Expediente

/Arquivo

/Edições Anteriores