suor  

 

 

Quem transpira em excesso pode ter uma doença chamada hiper-hidrose. Apesar de pouco conhecida entre os médicos, a hiper-hidrose é uma disfunção que atinge, segundo levantamentos científicos, cerca de 1% da população. Estudar casos de suor em excesso e curar pessoas que sofrem da doença é a proposta da Clínica do Suor do Hospital das Clínicas, iniciativa dos médicos Ribas de Campos, Paulo Kauffman, Eduardo Werebe, Nelson Wolosker, Laert de Oliveira e Sérgio Kuzniec.

"Pessoas que sofrem de hiper-hidrose suam muito em qualquer situação de estresse, nas mãos, no rosto, nas axilas", explica Ribas de Campos. "É uma situação embaraçosa. Imagine você, nervoso, não conseguir nem mesmo apertar a mão do seu chefe?". Ribas, um dos fundadores do Centro de Diagnóstico e Cura, começou seu trabalho nesta área em 1992. Mas somente em 1995 foi possível alterar, de forma definitiva, os casos de hiper-hidrose dentro de uma sala de hospital.

"Com o avanço da tecnologia, somos capazes de fazer a operação em apenas 20 minutos", comemora o médico. A operação é feita através de dois cortes de meio centímetro nas axilas e abaixo da mama, deixando cicatrizes praticamente imperceptíveis. "Ao entrarmos no corpo do paciente com a microcâmera, podemos cortar a cadeia simpática, que fica ao lado da coluna vertebral e é justamente a região que regula o suor", explica. A cadeia simpática é a parte do nosso sistema nervoso que engloba as glândulas do suor, também conhecidas como glândulas sudoríparas, e determina o quanto a pessoa sua.

Uma das ex-pacientes, Eliete, de 46 anos, conta que, na escola, quando jovem, borrava todos os trabalhos e os desenhos a guache. O suor gelado atrapalhava sua vida normal. "Tudo o que eu tinha que fazer com as mãos era um problema e me constrangia." Eliete procurou muitos médicos, mas nunca encontrou uma solução. Quando seu filho André nasceu, ela percebeu que, desde bebê, o menino também transpirava muito. Mais tarde, quando André já tinha 18 anos, ele quis operar e convenceu a mãe a acompanhá-lo. Hoje os dois se declaram "muito felizes" com os resultados.

E o índice de satisfação dos pacientes operados é mesmo muito alto, informa Kauffman. "Fizemos pesquisas com os nossos pacientes e constatamos que 97% ficam muito satisfeitos com a operação." Mas existe um efeito colateral: a transpiração compensatória. "Nós sempre alertamos nossos pacientes sobre esse efeito antes de operá-los, porque a possibilidade é real. A pessoa pode deixar de transpirar nas mãos, pés, rosto e axilas, mas, às vezes, aumenta o suor no abdome e nas costas." Por outro lado, o fato de apenas 3% dos pacientes se arrependerem de ter tomado a decisão de operar indica que "quem tem problema de excesso de suor na mão troca por qualquer coisa".

Desde que a Clínica do Suor foi inaugurada, já foram atendidas no ambulatório cerca de 1.900 pessoas, sendo que 500 delas já passaram pela operação. Os médicos da clínica também atendem em outros hospitais da capital paulista, como o Israelita Albert Einstein, o Sírio-Libanês, Oswaldo Cruz, São Luiz Morumbi, Santa Paula e Nove de Julho.
No Hospital das Clínicas, interessados em fazer a operação podem pedir apoio ao SUS e convênios médicos particulares, mas também há uma reserva para pessoas que precisam ser atendidas gratuitamente. A fila de espera é de cerca de oito meses.

SERVIÇO
 

CLÍNICA DO SUOR
Telefones e endereços para contatos:

T 3747-3213
Av. Albert Einstein, 627 - cj. 1.213 A

T 3887-8887
Av 9 de Julho, 3.229 - 7º andar cj. 709

T 3885-5361
Rua Bento de Andrade, 586

SERVIÇO
 

Ambulatório de hiper-hidrose do Hospital das Clínicas
T 3086-0152

Funcionamento: sempre às quintas-feiras, das 9h às 12h.

por
Carolina Hungria
 
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