|
|
|
A
Organização
Mundial da Saúde promove no dia 28 de setembro o
Dia Mundial do Coração, com o objetivo de conscientizar
a população das doenças que atingem o sistema
cardiovascular e que são responsáveis por quase
um terço das mortes no globo por ano. A OMS dá
ênfase especial às doenças cardíacas
nas mulheres, pouco divulgadas por organizações
de saúde em todo o mundo.
A
falta de informação esconde um problema grave
entre o sexo feminino. O número de mulheres que morreram
de doenças do coração em 2000 se igualou
ao de homens, segundo relatório da própria OMS
analisado pela revista Espaço Aberto (veja gráfico
ao final da reportagem). Foram 11,8 milhões de falecimentos
entre pessoas de ambos os sexos, divididos exatamente ao meio
entre homens e mulheres: 5,9 milhões em cada grupo. No
Brasil, por ano, morrem cerca de 300 mil pessoas de problemas
cardiovasculares.
|
|
“As
mulheres geralmente têm problemas cardíacos mais
tarde, depois da menopausa”, aponta o médico
Antônio Carlos Palandri Chagas, da Unidade Clínica
de Aterosclerose do Incor.
"Entre os principais motivos das enfermidades estão
as perdas hormonais que fazem falta na proteção
do coração. Outro motivo que fez aumentar o
fator de risco de doença entre as mulheres é
o estresse, causado, entre outros motivos, pela maior participação
no mercado de trabalho. Soma-se a isso o fato das mulheres
fumarem mais do que os homens em praticamente todas as regiões
do País, além do uso de contraceptivos, que
favorecem os mecanismos de vasoconstrição."
Vera Lúcia Afonso de Moura, telefonista da Prefeitura
do campus da USP em Bauru, sofreu um infarto em 1999. Na época,
ela ainda trabalhava como cozinheira na Universidade e tinha
47 anos. "Eu me preocupava com tudo: casa, filhos, comida,
nada me deixava em paz. Um dia, ao sair da cozinha, senti
uma dor estranha no braço. Resolvi ir ao médico
e, assim que ele tirou a minha pressão, já me
colocou na ambulância e disse que eu estava tendo um
infarto", conta.
|
|
|
|
É
consenso entre os médicos que os males cardiovasculares
envolvem muito mais do que apenas o coração. Com
as pesquisas, as chamadas doenças ateroscleróticas,
ou obstrução das artérias, tiveram suas
conseqüências aprofundadas, revelando reflexos no
território cérebro- vascular e na veia aorta,
que distribui sangue para todo o corpo. "As origens das
doenças do coração são as clássicas:
a hipertensão arterial, tabagismo e diabete", resume
Chagas.
Um
dos pontos fundamentais para prevenir qualquer doença
do coração é não ter uma vida sedentária.
"Mesmo quem não fuma, se alimenta bem e não
tem um histórico familiar da doença, mas não
faz exercício, corre mais risco de ter um problema do
coração, se comparado com pessoas que fazem exercícios
regularmente", afirma a especialista em educação
física Maria Urbana Rondon, que coordena a Unidade de
Reabilitação Cardiovascular e Fisiologia do Exercício
do Incor, que existe desde 1979 e funciona em dois programas:
um na Cidade Universitária e outro no Clube Homs, na
avenida Paulista, atendendo homens e mulheres.
|
|
O
exercício é amplamente divulgado por médicos
como uma das principais formas para evitar as doenças
do coração. O condicionamento físico
proporciona uma prevenção ao risco de enfermidade
para pacientes que já tiveram algum problema cardíaco,
ou não.
"Com
o exercício aeróbio, você tem melhora
cardiovascular, respiratória, muscular e esquelética,
por ele ser dinâmico e envolver grandes grupos musculares.
O exercício aeróbio tem uma característica
cíclica, que se repete, como a caminhada e a corrida",
explica Urbana. O ideal é movimentar o corpo ao menos
três vezes por semana, de forma intercalada, como às
segundas, quartas e sextas, por exemplo. "Assim você
tem estímulos contínuos no organismo, com tempo
suficiente para a recuperação."
|
|
|
|
A
falta de tempo é a principal reclamação
das pessoas que precisam fazer exercício. Mesmo depois
de ter sofrido o infarto, Vera diz que não consegue levar
o programa de fitness muito a sério. "Tento caminhar
todos os dias, mas, às vezes, não consigo fazer
nem 15 minutos de esteira", confessa. Leni Pereira, também
do campus de Bauru, que trabalha no departamento financeiro,
sofre de disritmia no coração e também
diz não ter tempo de sobra para se exercitar. "Tento
me manter em forma andando no trabalho, fazendo tudo a pé,
quando vou de um departamento para o outro."
Mas
Urbana lembra que, para quem tem problemas e faz acompanhamento
médico, pequenos esforços físicos não
fazem grandes diferenças. "É claro que fazer
uma atividade é melhor do que nada. Porém, os
estímulos de exercícios rápidos, para aquelas
pessoas que não têm tempo, como descer dois pontos
antes do seu ponto normal de ônibus, às vezes não
são o suficiente para conseguir prevenir uma doença
do coração. Num determinado momento, esse estímulo
já não vai mais trazer benefício algum
e o indivíduo terá que procurar um profissional
para se orientar."
|
|
Outro
lado importante é a alimentação. Tanto
Leni quanto Vera tiveram que mudar seus hábitos na hora
da mesa. "Uma coisa que eu odiava era leite. Agora, tomo
todos os dias, porque os remédios machucam o estômago
e o leite ajuda na proteção", conta Leni.
"Mudar a alimentação é a pior coisa.
Sou cozinheira e sempre gostei de fazer grandes almoços
no fim de semana. Tudo isso acabou. Não faço mais
coisas pesadas em casa e vivo uma vida light: cortei toda a
carne gorda e como muita verdura e fruta", acrescenta Vera,
que também desenvolveu diabete e foi obrigada a diminuir
os carboidratos.
Lis
Proença Vieira, nutricionista especializada em cardiologia
hospitalar, trabalha no Incor e comanda a dieta dos pacientes
que acompanham os programas do instituto. Lis conta que as pessoas
podem e devem se guiar pelos princípios básicos
da pirâmide alimentar para manter uma vida saudável. |
|
|
|
Na
base da pirâmide, são encontrados os alimentos
ricos em energia, os carboidratos, como pão e massas,
que devem ser ingeridos em cinco ou seis porções
por dia. Em seguida, vêm as frutas, em quatro porções
por dia, assim como legumes e verduras. Os alimentos que são
fontes de proteínas devem ser consumidos em menor quantidade,
até três porções por dia, incluindo
aí a carne magra, o frango sem pele e o peixe.
"Nos
últimos anos, enfrentamos mudanças muito radicais
nos hábitos de alimentação e no estilo
de vida das pessoas, que compram muito mais produtos industrializados,
junk-food (salgadinhos e empacotados) e fast-food (como lanchonetes).
Isso tudo contribui para você mudar o perfil de alimentação
para pior", avalia a nutricionista. "E esse fenômeno
não acontece só nos Estados Unidos e na Europa,
mas também no Brasil, onde o índice de obesos
cresce a cada ano."
|
|
Uma
forma prática de descobrir se a pessoas está
obesa ou não é calcular o IMC (Índice
de Massa Corporal): pegue seu peso e divida pela altura, ao
quadrado. Se o número que aparecer estiver acima dos
25 pontos, você está em algum dos grupos de riscos
(veja box no final da reportagem). O cálculo pode ser
feito também pela internet, no site da OMS
(3).
Por
outro lado, Lis lembra que não só os mais gordinhos
devem se preocupar com a alimentação. "O
magro também precisa se cuidar, porque ele pode sofrer
de outros fatores que levam à deficiência cardiovascular,
como colesterol alto ou histórico familiar."
|
|
|
Confira
os gráficos que mostram as mortes por doenças
relacionadas ao coração, segundo relatório
da OMS divulgado em 2000. O levantamento envolve, ao todo,
90 países, incluindo o Brasil |
|
|
|
|
|
|
Serviço |
|
As
doenças reumáticas do coração
são aquelas ligadas às válvulas,
prega de membrana presente dentro do órgão
que regula o fluxo de sangue. O código internacional
de doenças classifica quatro tipos:
1. Doenças reumáticas da válvulas
mitral
2. Doenças reumáticas da válvulas
aórtica
3. Doenças reumáticas da válvulas
tricúspide
4. Doenças de múltiplas válvulas
As
doenças ligadas à hipertensão,
ou elevação acima do normal da pressão
sanguínea dentro da rede arterial, têm cinco
classificações diferentes:
1. Hipertensão essencial (primária)
2. Doença cardíaca hipertensiva
3. Doença renal hipertensiva
4. Doença cardíaca e renal hipertensiva
5. Hipertensão secundária |
|
|
|
|
Serviço |
|
A
doença isquêmica do coração
mais conhecida é o infarto, subdividido em agudo
do miocárdio e do miocárdio recorrente.
O termo “isquemia” significa insuficiência
localizada de irrigação do sangue, causada
por alguma obstrução ou constrição
do vaso.
Já
as anomalias congênitas do coração
estão ligadas a veias, vasos linfáticos
e gânglios, gerando trombose, varizes e outros transtornos.
Saiba
mais no site: www.geocities.com/HotSprings/1613/cardiova.htm |
|
|
|
|
Alimentação
correta: o que evitar |
|
-
Refrigerantes, doces e bolos.
- Comidas com alto índice de gordura e colesterol,
como carnes gordas e leite integral, óleos tropicais,
como de coco e margarinas tradicionais, prefira sempre
as lights.
- A fritura. Prefira o forno ou a grelha.
- O sal, que não é saudável para
pessoas que têm pressão alta.
- Se você bebe álcool, limite-se a um drink
por dia, para mulheres, e dois por dia, para homens.
Fonte:
Organização Mundial da Saúde |
|
|
|
|
Alimentação
correta: o que comer |
|
-
Coma bastante peixe, que contém gordura poliinsaturada,
denominada de ácidos graxos ômega-3, que
diminuem a incidência de doenças cardiovasculares.
- O chá-verde contém antioxidantes naturais
que ajudam na redução das doenças
coronárias.
- Uma taça de vinho por dia faz bem, já
que a bebida contém flavonóides. Mas só
para quem não tem diabete ou sofre de alcoolismo.
Fonte:
Faça do alimento o seu medicamento, livro
da doutora Jocelem Mastrodi Salgado, editado pela Madras
– 173 páginas, R$ 23,90 |
|
|
|
|
Adolescente
só come hambúrguer e batata frita |
|
Um
levantamento feito no Rio pela nutricionista Vera Chiara,
que elabora tese de doutorado na UERJ, revela que a grande
maioria dos adolescentes cariocas se alimenta à
base de batata frita, refrigerante, hambúrguer
e biscoito. Entre as verduras, só costumam comer
alface. Resultado: jovens obesos, sedentários e
com riscos de doenças cardiovasculares no futuro.
A pesquisa foi feita com 526 pessoas entre 12 e 18 anos,
que representam, por amostragem, 400 mil adolescentes
– ou 80% dos jovens da cidade. Vera descobriu que
18% dos meninos e 13% das meninas são obesos, e
só 20% fazem algum tipo regular de exercício.
A dieta fast-food independe de classe social. |
|
|
|
|
Endereços
e telefones |
|
Instituto
do Coração – Incor
Avenida Dr. Enéas de Carvalho Aguiar,
44
Cerqueira César – São Paulo
t: 3069-5043
Unidade
Fitness Paulista
Clube Homs
Avenida Paulista, 735
Jardim Paulista – São Paulo
t: 288-3139
Unidade
Fitness USP
Escola de Educação Física
e Esporte
Avenida Prof. Mello de Moraes, 65
Cidade Universitária – São Paulo
t: 3091-3183 |
|
|
|