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A
vida em uma grande metrópole como São Paulo, com
a violência, os congestionamentos, a poluição,
a pressa e a preocupação constante com o trabalho,
é um verdadeiro manancial para a proliferação
de distúrbios de ansiedade. O estresse provocado pela
correria urbana, no entanto, atinge cada pessoa de uma maneira
diferente. Alguns conseguem lidar bem com a ansiedade e até
tiram dessa maratona uma satisfação. Outros sofrem
mais, podendo desenvolver problemas graves de ansiedade, como
fobias, a síndrome de pânico e o transtorno obsessivo-compulsivo. |
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Mas
como se traça a linha que separa as pessoas normais,
que têm um nível de ansiedade compatível
com seu estilo de vida, e os ansiosos patológicos?
Para Márcio Bernik, coordenador do Ambulatório
de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas,
a resposta é simples: "Hoje em dia se considera
patológico o comportamento ansioso que cause incapacitação
ou sofrimento excessivo no paciente. Por exemplo, eu tratei
de uma pessoa que não conseguia sair de casa há
30 anos. Isso é um caso óbvio de incapacitação,
pois a pessoa deixa de realizar suas atividades normais".
Mas há situações mais sutis. "Um
jovem que tenha um nível de fobia social, apesar de
ser inteligente e estudioso, nunca vai ocupar posições
de liderança em sua profissão. Isso também
pode ser considerado incapacitação." O
psiquiatra ainda diz que um certo nível de ansiedade
é não apenas inofensivo, mas importante. "A
ansiedade faz parte dos sistemas cerebrais de defesa. O medo
diante de um predador é um legado evolutivo e sem ele
nossa espécie estaria muito mais vulnerável",
explica.
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Bernik
concorda que os distúrbios de ansiedade são cada
dia mais freqüentes, mas descarta que esse seja um fenômeno
típico dos tempos modernos. "Desde os primórdios
da medicina são registrados casos de ansiedade exagerada,
que antigamente era diagnosticada como neurose", afirma.
"Além disso, as pesquisas mostram que apenas 30% dos
fatores que podem levar a um transtorno de ansiedade são
determinados pelo ambiente, e o índice de casos não
varia muito entre metrópoles e cidades menores. A única
diferença é que hoje em dia os distúrbios
ansiosos têm um diagnóstico mais preciso e medicamentos
mais eficazes para seu tratamento, muito mais evoluídos
que as técnicas agressivas utilizadas até meados
dos anos 70." |
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O
pesquisador também garante que a exposição
excessiva de transtornos como a síndrome de pânico
na mídia não é motivo de preocupação.
"Muitas pessoas chegam até mim achando que têm
problema depois de ler uma matéria numa revista sobre
os transtornos de ansiedade. Alguns foram auto-sugestionados,
claro, mas muitos realmente têm problemas e só
se deram conta depois de verem casos parecidos com os seus na
imprensa."
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Bauru
é uma cidade de médio porte do interior de São
Paulo e considerada um lugar com boa qualidade de vida. Apesar
disso, Luis Carlos Garcia, funcionário do Conjunto Residencial
do campus de Bauru da USP, tem o que pode ser considerada uma
fobia: medo de altura. "Começou quando eu trabalhava
na Brahma, e tinha que subir naqueles tambores de fermentação
de cerveja. Sentia uma tontura e um mal-estar muito grande. Tive
que mudar de emprego por causa disso", afirma. Contudo, ele
não considera seu problema grave. "O meu medo só
se manifesta quando tenho que enfrentar a altura, por isso evito
subir em lugares altos. Se precisar, subo, mas sempre fico com
aquele temor", diz Garcia. |
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Em
certos casos é bem fácil perceber a diferença
entre um distúrbio de ansiedade e um nível de
ansiedade saudável. Por exemplo, uma pessoa que verifica
diariamente todas as portas e janelas da casa antes de dormir
é apenas precavida, enquanto quem passa meia hora abrindo
e trancando a fechadura de uma porta ou checa inúmeras
vezes se um interruptor está desligado, mesmo sendo
óbvio que a luz se apaga, claramente é vítima
de um transtorno de ansiedade do tipo obsessivo-compulsivo.
O caso de Garcia e seu medo de altura, apesar de não
ser incapacitante, pode ser considerado uma fobia pois ele
apresenta reações físicas quando exposto
à altura (tremores, sudorese, etc.).
Mas
nem sempre é tão fácil identificar esse
problema. Nesse caso, o mais indicado é procurar um
especialista, que irá realizar uma série de
testes antes de chegar a um diagnóstico. O site
do Ambulatório de Ansiedade tem explicações
detalhadas sobre cada tipo de distúrbio e testes que
podem indicar se a pessoa está com o problema, além
de informações sobre o tratamento.
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Ansiedade |
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Ambulatório
de Ansiedade
do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas
Rua
Dr. Ovídio Pires de Campos s/n.º
5º andar – Cerqueira César
t. 3069-6988
www.amban.org.br
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