ansiedade

 

 

por
Paulo Noviello


 

A vida em uma grande metrópole como São Paulo, com a violência, os congestionamentos, a poluição, a pressa e a preocupação constante com o trabalho, é um verdadeiro manancial para a proliferação de distúrbios de ansiedade. O estresse provocado pela correria urbana, no entanto, atinge cada pessoa de uma maneira diferente. Alguns conseguem lidar bem com a ansiedade e até tiram dessa maratona uma satisfação. Outros sofrem mais, podendo desenvolver problemas graves de ansiedade, como fobias, a síndrome de pânico e o transtorno obsessivo-compulsivo.

Mas como se traça a linha que separa as pessoas normais, que têm um nível de ansiedade compatível com seu estilo de vida, e os ansiosos patológicos? Para Márcio Bernik, coordenador do Ambulatório de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, a resposta é simples: "Hoje em dia se considera patológico o comportamento ansioso que cause incapacitação ou sofrimento excessivo no paciente. Por exemplo, eu tratei de uma pessoa que não conseguia sair de casa há 30 anos. Isso é um caso óbvio de incapacitação, pois a pessoa deixa de realizar suas atividades normais". Mas há situações mais sutis. "Um jovem que tenha um nível de fobia social, apesar de ser inteligente e estudioso, nunca vai ocupar posições de liderança em sua profissão. Isso também pode ser considerado incapacitação." O psiquiatra ainda diz que um certo nível de ansiedade é não apenas inofensivo, mas importante. "A ansiedade faz parte dos sistemas cerebrais de defesa. O medo diante de um predador é um legado evolutivo e sem ele nossa espécie estaria muito mais vulnerável", explica.

Bernik concorda que os distúrbios de ansiedade são cada dia mais freqüentes, mas descarta que esse seja um fenômeno típico dos tempos modernos. "Desde os primórdios da medicina são registrados casos de ansiedade exagerada, que antigamente era diagnosticada como neurose", afirma. "Além disso, as pesquisas mostram que apenas 30% dos fatores que podem levar a um transtorno de ansiedade são determinados pelo ambiente, e o índice de casos não varia muito entre metrópoles e cidades menores. A única diferença é que hoje em dia os distúrbios ansiosos têm um diagnóstico mais preciso e medicamentos mais eficazes para seu tratamento, muito mais evoluídos que as técnicas agressivas utilizadas até meados dos anos 70."

O pesquisador também garante que a exposição excessiva de transtornos como a síndrome de pânico na mídia não é motivo de preocupação. "Muitas pessoas chegam até mim achando que têm problema depois de ler uma matéria numa revista sobre os transtornos de ansiedade. Alguns foram auto-sugestionados, claro, mas muitos realmente têm problemas e só se deram conta depois de verem casos parecidos com os seus na imprensa."

 

Bauru é uma cidade de médio porte do interior de São Paulo e considerada um lugar com boa qualidade de vida. Apesar disso, Luis Carlos Garcia, funcionário do Conjunto Residencial do campus de Bauru da USP, tem o que pode ser considerada uma fobia: medo de altura. "Começou quando eu trabalhava na Brahma, e tinha que subir naqueles tambores de fermentação de cerveja. Sentia uma tontura e um mal-estar muito grande. Tive que mudar de emprego por causa disso", afirma. Contudo, ele não considera seu problema grave. "O meu medo só se manifesta quando tenho que enfrentar a altura, por isso evito subir em lugares altos. Se precisar, subo, mas sempre fico com aquele temor", diz Garcia.

Em certos casos é bem fácil perceber a diferença entre um distúrbio de ansiedade e um nível de ansiedade saudável. Por exemplo, uma pessoa que verifica diariamente todas as portas e janelas da casa antes de dormir é apenas precavida, enquanto quem passa meia hora abrindo e trancando a fechadura de uma porta ou checa inúmeras vezes se um interruptor está desligado, mesmo sendo óbvio que a luz se apaga, claramente é vítima de um transtorno de ansiedade do tipo obsessivo-compulsivo. O caso de Garcia e seu medo de altura, apesar de não ser incapacitante, pode ser considerado uma fobia pois ele apresenta reações físicas quando exposto à altura (tremores, sudorese, etc.).

Mas nem sempre é tão fácil identificar esse problema. Nesse caso, o mais indicado é procurar um especialista, que irá realizar uma série de testes antes de chegar a um diagnóstico. O site do Ambulatório de Ansiedade tem explicações detalhadas sobre cada tipo de distúrbio e testes que podem indicar se a pessoa está com o problema, além de informações sobre o tratamento.

Ansiedade
 

Ambulatório de Ansiedade
do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas

Rua Dr. Ovídio Pires de Campos s/n.º
5º andar – Cerqueira César
t. 3069-6988

www.amban.org.br

 
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