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Personagem
ilustre da história da Universidade de São Paulo,
o bem-humorado professor Oswaldo Fadigas Fontes Torres, 82 anos,
faz questão de continuar fazendo parte do presente da USP.
Primeiro colocado no vestibular de 1939 da Escola Politécnica,
já então incorporada à Universidade, o jovem
Oswaldo iniciaria uma brilhante carreira acadêmica que o
conduziria ao posto de diretor da Poli em 1968. Aposentado há
16 anos, com dois filhos e quatro netos, até hoje Fadigas
leciona nos cursos de pós-graduação da escola
e confessa qual é sua paixão e o segredo da boa
forma: "Eu gosto de dar aulas. Às vezes estou cansado,
mas entro na sala de aula e o cansaço logo acaba". |
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Nascido
em Taquaritinga, interior de São Paulo, logo mudou
com a família para Santos, onde entraria, aos sete
anos, no Externato Brás Cubas. Foi nesse período
que sua vocação para engenheiro começava
a dar os primeiros sinais. "Na praia do Gonzaga, onde
eu morava, queria fazer uma ponte ligando a ponta da praia
a um morro que tinha um grande anúncio luminoso de
uma bebida italiana".
Em
1928, devido à crise cafeeira, sua família precisou
mudar-se para uma fazenda em Jaboticabal. O menino passou
a estudar em casa, com livros comprados pelo pai. Três
anos depois, mudou para Catanduva e fez um cursinho de admissão
para a primeira série do ginasial no Colégio
Rio Branco, onde cursou três dos cinco anos do ginásio
da época. Os últimos anos foram completados
no Colégio Arquidiocesano, em São Paulo. "Naquele
tempo eu falava francês, toda a educação
era dada em francês. Ao fim do curso ginasial, tínhamos
o diploma de bacharel em Ciências e Artes", relembra.
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O
curso equivalente ao ensino médio de hoje era dado em
dois anos. Foi nesse período que Fadigas iniciou sua
estreita e longa relação com a Escola Politécnica,
quando foi admitido no Colégio Universitário,
que funcionava no mesmo endereço da Poli de então,
na praça Lineu Prestes. Ali ele permaneceria por sete
anos, até completar seus estudos superiores, em 1943.
A
formação acadêmica de Fadigas ainda passou
pelo Massachusetts Institute of Technology, nos EUA, e pela
Faculdade de Economia e Administração da USP,
que funcionava na avenida Dr. Vila Nova. "Fui o primeiro
aluno já formado que conseguiu terminar o curso inteiro
sem pedir dispensa". Seu esforço teve rápida
recompensa: após dois anos de formado, já estava
dando aulas como professor assistente na FEA. |
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A
prática da profissão de engenheiro foi exercida
na Companhia de Aeronáutica Paulista (CAP) e na Viação
Aérea São Paulo (VASP), emprego que só
deixou para dedicar-se em período integral no Instituto
Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São
José dos Campos.
Em
1966 Fadigas conquistou a vaga de professor na Poli, e dois
anos depois seria escolhido para assumir a direção
da Escola. "Fiz uma carreira fulminante. Houve até
quem pensasse que eu era um agente dos militares, porque vinha
do ITA, mas isso não tinha razão de ser".
Apesar do difícil começo, logo Fadigas já
estava mais seguro para realizar uma administração
marcada por importantes realizações. Ele lembra
com orgulho da criação do vestibular unificado
para as faculdades Mauá, Poli e FEI, o MAPOFEI; de
ter promovido o aumento de vagas na Poli, que de 450 passou
a receber 600 alunos; e do esforço na condução
do projeto que criou o primeiro computador brasileiro, o Patinho
Feio.
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O
computador recebeu esse nome em alusão ao dado no projeto
desenvolvido pela Unicamp, Cisne Branco - título do hino
mercante. "O computador era extremamente limitado,
ilegal e irregular, porque não usei nenhuma verba do
orçamento. Também tivemos apoio da IBM, que nos
cedeu o professor Glen Langdon por um ano".
Os
anos de agitação política e de efervescência
do movimento estudantil coincidiram com a direção
de Fadigas (1968 – 1972) mas não atrapalharam
as aulas na Poli. Seu antecessor já havia reprimido
os participantes das freqüentes greves da época
de tal forma, que os alunos jamais entrariam em outras "brincadeiras",
conta o professor.
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Ainda
durante o mandato como diretor, Fadigas concluiu a transferência
da Poli para o Campus da Cidade Universitária no Butantã.
Faltava o curso de engenharia civil, e a verba para a construção
do prédio só foi obtida após uma delicada
operação financeira.
Ele conseguiu dinheiro vendendo as instalações
da velha Politécnica ao Governo do Estado para nela
se instalar a FATEC. "Eu participava como presidente
da comissão de criação dos cursos de
tecnologia, e briguei para que o curso fosse criado na capital".
E mais uma briga foi vencida.
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Pouco
antes de se aposentar, ele ainda particupou da criação
do Curso Experimental Cooperativo da Escola Politécnica
em Cubatão, do qual guarda boas recordações
até hoje. O curso funcionava como uma espécie
de estágio, onde os alunos passavam por todas as funções
dentro da empresa. "O resultado era fantástico.
Alunos saíam mais interessados, ganhavam disciplina
e voltavam cobrando mais dos professores".
Hoje,
morando com a mulher Haydeé num apartamento em Higienópolis,
Fadigas continua dedicando tempo à preparação
de aulas. Apesar de nunca ter imaginado a possibilidade de
uma rede como a Internet, sua fonte de trabalho, ele não
ficou para trás. "A Internet é uma praga!
Ajuda a gente, mas é preciso estar sempre mudando.
Acabou o tempo em que um livro era usado por dez anos e continuava
atualizado".
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