Nos
últimos meses a Espaço Aberto tem feito uma série
de reportagens sobre a Informática dentro da Universidade
de São Paulo. Neste mês, o enfoque cai sobre a
Comissão Central de Informática. Criada em 1981,
foi presidida inicialmente pelo professor Oswaldo Fadigas Fontes
Torres, que à época era presidente da Comissão
Supervisora do Centro de Computação Eletrônica.
A CCI nasceu no meio de uma disputa entre a USP e o Conselho
Estadual de Processamento de Dados (Ceped), órgão
que na época controlava toda a verba destinada à
computação no Estado de São Paulo. "A
Comissão foi um dos primeiros passos para a autonomia
fincanceira dentro da USP. Nós queríamos controlar
os investimentos em informática da Universidade para
melhor gerir esses recursos. É bom lembrar que estávamos
na época da Reserva de Mercado para Informática,
o que tornava difícil a aquisição de equipamentos
modernos", lembra Imre Simon, professor do Instituto de
Matemática e Estatística que presidiu a Comissão
entre 1994 e 1998.
Inicialmente,
a CCI era um conselho de professores que informava ao Ceped
quais equipamentos de informática a Universidade iria
adquirir, seguindo diversas políticas. Na época
era também intenso o debate entre centralização
ou descentralização dos serviços de informática
dentro da USP. "Até então, todos os computadores
da Universidade iam para o CCE, num sistema centralizado que
era razoável em uma época em que computadores
eram imensos, caros e de utilidade restrita. Essa política
foi adotada até 1984. A partir daí com a proliferação
dos microcomputadores, a comissão decidiu incentivar
a descentralização dos recursos para informática",
afirma Simon. A CCI se tornaria responsável pela aquisição
de grandes lotes de microcomputadores (inicialmente, IBM PCs
e Apple IIs), repassando esses equipamentos para as unidades
e prestando assessoria técnica a elas.
No
entanto, a CCI era um órgão um tanto informal,
formado por um conselho de professores que assessorava a Reitoria
nas questões ligadas à computação.
Somente a partir de 1994, a Comissão ganhou caráter
mais oficial. Seu conceito e administração foi
bastante modificado, passando a ter papel mais ativo dentro
da Universidade. No entanto, sua atribuição
principal ainda é a elaboração do orçamento
anual para a aquisição de equipamentos de informática
para toda a USP.
Esse
orçamento é feito pelo presidente da Comissão,
que a submete aos demais membros (reitor, vice-reitor, os
quatro pró-reitores e o coordenador de Adiministração
Geral), que pode aprovar a proposta ou não. "Dentro
desse orçamento nós estabelecemos as prioridades
que, em última análise, são a política
de informática. Por exemplo, nos últimos anos
a nossa prioridade foi a implantação e constante
atualização da USPNet, a rede interna da Universidade",
afirma Paulo César Masiero, atual predidente da Comissão.
A USPNet foi um projeto iniciado na gestão de Simon,
em 1994. "Nós ainda tínhamos uma rede muito
obsoleta e incipiente, que quase não funcionava. Não
havia roteadores
para o fluxo de informações na rede. Nós
iniciamos a ligação por fibra óptica
em todos os quase 500 prédios da USP. Além disso,
estabelecemos a ligação de 2 Mb/s entre os campi
do interior e da capital, possibilitando a rápida comunicação
entre os vários campi", diz Simon.
Mas
a USPNet não foi a única prioridade da CCI nestes
últimos anos. Ainda na gestão de Simon, a USP
caiu na Rede Global, a Internet. "Um projeto muito importante
da minha gestão foi o USP Online, o Portal da Universidade
na Internet. A USP foi pioneira na Internet no Brasil. Em
1993, instalamos o primeiro terminal de acesso à World
Wide Web na Universidade, e dois anos depois nosso portal
já estava no ar. Era um projeto complicado, pois tinha
que abranger todas as unidades da USP, em uma hierarquia ‘solta’,
pois em informática, principalmente em um Portal deste
tamanho, a independência de cada pedaço tinha
que ser alta, porém não comprometer a estrutura
geral do portal", conta o ex-presidente.
"Nestes
nove anos, a cultura de
informática dentro de cada
unidade evoluiu muito(...) e hoje o portal
da USP é um dos sites acadêmicos mais
acessados do mundo"
"Nestes
nove anos, a cultura de informática dentro de cada
unidade evoluiu muito. Algumas delas estão menos atualizadas,
como pode se ver pela diferença de qualidade entre
seus sites. Mas evoluímos muito, e hoje o portal da
USP é um dos sites acadêmicos mais acessados
do mundo", orgulha-se Simon.
Ainda
na gestão de Simon, houve a preocupação
de usar tecnologias baratas e amplamente difundidas, o que
resultou na substituição dos caros e obsoletos
equipamentos Unisys por PCs genéricos, de fácil
adaptação para qualquer uso. Além disso,
ampliou-se o acesso dos alunos aos computadores, com a criação
do projeto Pró-Aluno. "Mas o projeto mais trabalhoso
foi a informatização da parte administrativa
da USP. Todas as informações financeiras, de
aquisições, de recursos humanos, matrículas,
disciplinas oferecidas, foram passadas para uma nova base
tecnológica, um processo muito complexo", explica
Simon. Também nessa época foram criados os Centros
de Computação em cada campus do interior.
Na
atual gestão, a prioridade continuou sendo a rede.
"Acabamos de finalizar o upgrade da rede para a velocidade
de 1 GB/s, extremamente alta", afirma Masiero. Com o
upgrade completo, a prioridade passou a ser a modernização
dos serviços de telefonia da USP. "Recentemente
a Divisão de Telecomunicações da Universidade
foi incorporada pela nossa jurisdição. Imediatamente
começamos um projeto para substituir as centrais telefônicas
obsoletas, utilizar novas tecnologias que aliam telefonia
e informática, como detector de chamadas, chamada em
espera, teleconferência e outros, e a expansão
da rede telefônica interna, para que todas as unidades
possam se comunicar através de ramal, o que será
uma grande economia. Além disso, estamos vendo a viabilidade
de ligar por rede dedicada os telefones de todos os campi,
o que será uma grande economia em interurbanos",
explica o atual presidente.
"Além
disso, a partir de 94 a Comissão passou a coordenar,
de maneira mais sólida, o Departamento de Informática
da Reitoria, que cuida da parte administrativa. Também
começamos a supervisionar os Departamentos de Informática
de cada unidade, sempre com a preocupação de
manter a independência de cada departamento", completa.Apesar
de tudo isso, a CCI está com os dias contados. Já
foi aprovada pelo Conselho Universitário a implantação
da Coordenadoria de Tecnologia da Informação,
que irá substituir a atual comissão. "Como
o nome indica, será uma coordenadoria, por isso terá
papel muito mais ativo dentro da estrutura da Universidade,
além de contar com mais recursos para suas atividades,
que esperamos, serão cada vez mais presentes em toda
a Universidade. Esperamos que até o final deste ano
a Coordenadoria esteja totalmente implantada", antecipa
Paulo César Masiero. |