cci

 

 

por
Paulo Noviello

Nos últimos meses a Espaço Aberto tem feito uma série de reportagens sobre a Informática dentro da Universidade de São Paulo. Neste mês, o enfoque cai sobre a Comissão Central de Informática. Criada em 1981, foi presidida inicialmente pelo professor Oswaldo Fadigas Fontes Torres, que à época era presidente da Comissão Supervisora do Centro de Computação Eletrônica. A CCI nasceu no meio de uma disputa entre a USP e o Conselho Estadual de Processamento de Dados (Ceped), órgão que na época controlava toda a verba destinada à computação no Estado de São Paulo. "A Comissão foi um dos primeiros passos para a autonomia fincanceira dentro da USP. Nós queríamos controlar os investimentos em informática da Universidade para melhor gerir esses recursos. É bom lembrar que estávamos na época da Reserva de Mercado para Informática, o que tornava difícil a aquisição de equipamentos modernos", lembra Imre Simon, professor do Instituto de Matemática e Estatística que presidiu a Comissão entre 1994 e 1998.

Inicialmente, a CCI era um conselho de professores que informava ao Ceped quais equipamentos de informática a Universidade iria adquirir, seguindo diversas políticas. Na época era também intenso o debate entre centralização ou descentralização dos serviços de informática dentro da USP. "Até então, todos os computadores da Universidade iam para o CCE, num sistema centralizado que era razoável em uma época em que computadores eram imensos, caros e de utilidade restrita. Essa política foi adotada até 1984. A partir daí com a proliferação dos microcomputadores, a comissão decidiu incentivar a descentralização dos recursos para informática", afirma Simon. A CCI se tornaria responsável pela aquisição de grandes lotes de microcomputadores (inicialmente, IBM PCs e Apple IIs), repassando esses equipamentos para as unidades e prestando assessoria técnica a elas.

No entanto, a CCI era um órgão um tanto informal, formado por um conselho de professores que assessorava a Reitoria nas questões ligadas à computação. Somente a partir de 1994, a Comissão ganhou caráter mais oficial. Seu conceito e administração foi bastante modificado, passando a ter papel mais ativo dentro da Universidade. No entanto, sua atribuição principal ainda é a elaboração do orçamento anual para a aquisição de equipamentos de informática para toda a USP.

Esse orçamento é feito pelo presidente da Comissão, que a submete aos demais membros (reitor, vice-reitor, os quatro pró-reitores e o coordenador de Adiministração Geral), que pode aprovar a proposta ou não. "Dentro desse orçamento nós estabelecemos as prioridades que, em última análise, são a política de informática. Por exemplo, nos últimos anos a nossa prioridade foi a implantação e constante atualização da USPNet, a rede interna da Universidade", afirma Paulo César Masiero, atual predidente da Comissão. A USPNet foi um projeto iniciado na gestão de Simon, em 1994. "Nós ainda tínhamos uma rede muito obsoleta e incipiente, que quase não funcionava. Não havia roteadores para o fluxo de informações na rede. Nós iniciamos a ligação por fibra óptica em todos os quase 500 prédios da USP. Além disso, estabelecemos a ligação de 2 Mb/s entre os campi do interior e da capital, possibilitando a rápida comunicação entre os vários campi", diz Simon.

Mas a USPNet não foi a única prioridade da CCI nestes últimos anos. Ainda na gestão de Simon, a USP caiu na Rede Global, a Internet. "Um projeto muito importante da minha gestão foi o USP Online, o Portal da Universidade na Internet. A USP foi pioneira na Internet no Brasil. Em 1993, instalamos o primeiro terminal de acesso à World Wide Web na Universidade, e dois anos depois nosso portal já estava no ar. Era um projeto complicado, pois tinha que abranger todas as unidades da USP, em uma hierarquia ‘solta’, pois em informática, principalmente em um Portal deste tamanho, a independência de cada pedaço tinha que ser alta, porém não comprometer a estrutura geral do portal", conta o ex-presidente.

 

"Nestes nove anos, a cultura de
informática dentro de cada
unidade evoluiu muito(...) e hoje o portal
da USP é um dos sites acadêmicos mais
acessados do mundo"

 

"Nestes nove anos, a cultura de informática dentro de cada unidade evoluiu muito. Algumas delas estão menos atualizadas, como pode se ver pela diferença de qualidade entre seus sites. Mas evoluímos muito, e hoje o portal da USP é um dos sites acadêmicos mais acessados do mundo", orgulha-se Simon.

Ainda na gestão de Simon, houve a preocupação de usar tecnologias baratas e amplamente difundidas, o que resultou na substituição dos caros e obsoletos equipamentos Unisys por PCs genéricos, de fácil adaptação para qualquer uso. Além disso, ampliou-se o acesso dos alunos aos computadores, com a criação do projeto Pró-Aluno. "Mas o projeto mais trabalhoso foi a informatização da parte administrativa da USP. Todas as informações financeiras, de aquisições, de recursos humanos, matrículas, disciplinas oferecidas, foram passadas para uma nova base tecnológica, um processo muito complexo", explica Simon. Também nessa época foram criados os Centros de Computação em cada campus do interior.

Na atual gestão, a prioridade continuou sendo a rede. "Acabamos de finalizar o upgrade da rede para a velocidade de 1 GB/s, extremamente alta", afirma Masiero. Com o upgrade completo, a prioridade passou a ser a modernização dos serviços de telefonia da USP. "Recentemente a Divisão de Telecomunicações da Universidade foi incorporada pela nossa jurisdição. Imediatamente começamos um projeto para substituir as centrais telefônicas obsoletas, utilizar novas tecnologias que aliam telefonia e informática, como detector de chamadas, chamada em espera, teleconferência e outros, e a expansão da rede telefônica interna, para que todas as unidades possam se comunicar através de ramal, o que será uma grande economia. Além disso, estamos vendo a viabilidade de ligar por rede dedicada os telefones de todos os campi, o que será uma grande economia em interurbanos", explica o atual presidente.

"Além disso, a partir de 94 a Comissão passou a coordenar, de maneira mais sólida, o Departamento de Informática da Reitoria, que cuida da parte administrativa. Também começamos a supervisionar os Departamentos de Informática de cada unidade, sempre com a preocupação de manter a independência de cada departamento", completa.Apesar de tudo isso, a CCI está com os dias contados. Já foi aprovada pelo Conselho Universitário a implantação da Coordenadoria de Tecnologia da Informação, que irá substituir a atual comissão. "Como o nome indica, será uma coordenadoria, por isso terá papel muito mais ativo dentro da estrutura da Universidade, além de contar com mais recursos para suas atividades, que esperamos, serão cada vez mais presentes em toda a Universidade. Esperamos que até o final deste ano a Coordenadoria esteja totalmente implantada", antecipa Paulo César Masiero.