No
mês em que se comemora o Dia Internacional da Água,
todos estão atentos para as notícias que falam
do nível de água do sistema Cantareira, manancial
responsável por abastecer 9 milhões de pessoas
na capital paulista. Em dezembro do ano passado, o Cantareira
atingiu o nível mais baixo de sua história,
chegando a operar com 1,6% de sua capacidade, deixando os
moradores abastecidos pelo sistema à beira do racionamento.
Segundo a Sabesp – Sistema de Abastecimento de Água
do Estado de São Paulo – o nível ideal
para operação do sistema é de 40% de
sua capacidade total.
Para
José Galizia Tundisi, presidente do Instituto Internacional
de Ecologia (IIE) e professor aposentado da Escola de Engenharia
de São Carlos, as pancadas de chuva que ocorreram na
semana do carnaval não são suficientes para
alterar de maneira consistente a crise de água na cidade
de São Paulo. "Há muitas medidas emergenciais
a serem tomadas pelo governo, além da campanha de mobilização
social que utiliza a frase ‘Olha o nível’
– muito feliz por sinal", enfatiza Tundisi.
O
problema é que como, literalmente, a água cai
do céu, muitos não ligam para questões
básicas de economia e conscientização.
De acordo com dados da Sabesp, de toda a água disponível
no planeta, 97,5% é salgada, 2,5% é doce e apenas
0,8% é aproveitável para o consumo. O uso irracional
da água, contaminação por poluentes domésticos
e industriais e ocupação de áreas de
mananciais, são alguns dos fatores que vêm causando
um grave problema ambiental comprometendo a qualidade da água
na capital.
Segundo
Tundisi, em razão da degradação crescente,
o tratamento da água fica mais caro, porque é
necessário o desenvolvimento de novas tecnologias que
a tornem um produto confiável. "É necessário
que os mananciais tenham maior proteção e que
se priorize a captação das chuvas diminuindo
os custos de tratamento, revertendo o quadro atual",
diz.
Várias
são as iniciativas feitas nessa direção.
Mas especialistas garantem que a população precisa
se envolver radicalmente no assunto. Tal é a seriedade
da situação, que a Campanha da Fraternidade
deste ano tem como tema "Fraternidade e Água"
e o lema "Água, Fonte de Vida". "A participação
popular é fundamental. Ainda existe muito desperdício
e há necessidade de se iniciar, imediatamente, uma
campanha ‘Sede Zero’", afirma Tundisi.
A
questão da captação da água de
chuva deve ser um hábito natural. Segundo o pesquisador,
o projeto de novas construções deve contemplar
espaços destinados à coleta das chuvas como,
telhados e poços. Essa água poderá ser
utilizada, por exemplo, na lavagem de quintais, roupas e carros.
Pensando
na questão da informação, foi criado,
neste ano, o projeto Escola da Água, que consiste num
centro de informações e estudos, com o objetivo
de conscientizar a população sobre os riscos
de escassez da água na natureza. Elaborado pela Associação
Internacional de Ecologia e Gerenciamento Ambiental, e idealizado
por Tundisi que, inicialmente pensava em criar uma rede nacional
de informações sobre o tema e, hoje, já
planeja uma rede mundial.
O
projeto visa a atender um público formado por professores
e estudantes de todos os graus que queiram entender desde
o ciclo hidrológico mundial até a qualidade
e as características das águas regionais, mapas
aqüíferos e até mesmo a fauna aquática.
Qualquer pessoa ou instituição poderá
fazer parte do projeto, desde que tenha um espaço onde
possa funcionar o centro de informações. Os
interessados em participar do projeto deverão procurar
o IIE, que fornecerá todo o material didático.
No
próximo dia 15 de maio será lançado o
livro do professor Tundisi – Água no século
XXI: enfrentando a escassez – que destaca os principais
problemas a serem enfrentados e propõe novas soluções
hídricas. "O uso excessivo da água e a
retirada permanente para diversas finalidades têm diminuído
a disponibilidade de água potável e produzido
inúmeros problemas de escassez em muitas regiões
e países", afirma ele.
Instituto Internacional de Ecologia
e-mail: iie@iie.com.br
t. (16) 271-5726
rua Bento Carlos, 750
São Carlos . SP
CEP 13560-660
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Lançamento
do livro
Água no século XXI: enfrentando
a escassez
José Galizia Tundisi
15/5/2004
Horário: 18h30
Local Livraria Cultura – Paulista
Av. paulista, 2.073
Conjunto Nacional. |
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