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por
Júlia Tavares



E
m comemoração aos 70 anos da USP, a Revista Espaço Aberto está fazendo uma série de reportagens sobre a história da informatização na Universidade. A série foi inaugurada com o Sistema de Arquivos da USP, seguida pela criação do Centro de Computação Eletrônica, em fevereiro. Na nossa última edição, o destaque foi a Comissão Central de Informática , que elabora o orçamento anual para a aquisição de computadores para todos os órgãos e unidades. Desta vez, veremos a história do Departamento de Informática (DI), órgão ligado à Coordenadoria de Administração Geral (Codage), criado em 1993 para promover uma importante modernização da informática administrativa na USP.

O DI é responsável pela criação e manutenção de softwares para agilizar o dia-a-dia de alunos, funcionários e professores, tais como os famosos sistemas Júpiter, que cuida da vida acadêmica dos alunos da graduação, o Fênix, para a pós-graduação, o Marte, que controla a folha de pagamentos, o Mercúrio, para a requisição de compras e pedidos no almoxarifado, e o Proteos, que acompanha o andamento dos protocolos. "Todos esses Sistemas são integrados, e esse é um diferencial da nossa instituição de ensino", afirma o professor Luiz Natal Rossi, diretor do departamento. Com a integração, cada pessoa passou a ter um único número para todos os sistemas. "A transação das informações custava caro e existia risco de erro", diz Natal.

"Todos esses Sistemas são integrados, e esse é um diferencial da nossa instituição de ensino"
Luiz Natal Rossi

Antes do surgimento do DI, o gerenciamento de sistemas corporativos ficava a cargo do Centro de Computação Eletrônica, que era formado por duas coordenadorias: uma administrativa e outra científica. Em 1993, a administrativa foi transferida para a Codage, onde passou a se chamar Departamento de Informática. "A idéia foi vir para o prédio da Reitoria e ficar mais próximo dos nossos principais usuários, que são as Pró-reitorias e o pessoal da administração geral", diz Natal, e acrescenta que essa transição organizacional correspondeu a uma grande mudança tecnológica, a saída da utilização do Main Frame para o cliente-servidor. "Main Frame eram os computadores grandes centralizados, em torno do qual ficam todos os usuários operando nos terminais, os 'computadores burros'. A nova fase, do cliente-servidor, veio com a microinformática e opera com sistemas descentralizados", explica ele. O projeto que gerou essa mudança foi chamado de MTIA, Modernização da Tecnologia da Informática Administrativa. O MTIA foi idealizado e implantado pelo professor Imre Simon , do Instituto de Matemática e Estatística.

 
Sérgio Roberto
Um dos funcionários que acompanharam a criação do DI foi Sérgio Roberto Poltronieri. Há 22 anos na área de suporte e administração do ambiente de banco de dados, ele disse que a transição para o prédio da Reitoria não foi tão simples. "A infra-estrutura ficou ruim no início, porque ficamos longe do ambiente das máquinas servidoras. Contudo, com o avanço do implante da rede com fibra óptica, esse problema foi minimizado", recorda.

Na época do Main Frame, os sistemas administrativos eram o Quiron (alunos), Siap (pessoal), Siaf (financeiro) e Proteos (protocolo). A partir de 1.995, o MTIA passou a viabilizar os novos sistemas com a tecnologia cliente-servidor. "Nessa época começaram os trabalhos para transformar o Quiron em Fênix e Júpiter, o Siap em Marte, e o Siaf em Mercúrio", conta Luiz Carlos Moreira Gomes, assistente técnico de direção do DI. Em 1999, deu-se início à readaptação dos sistemas para a Internet, como o Fênix Web , o Júpiter Web , o Marte Web e o Mercúrio Web . "Já o Proteos foi recriado para essa nova tecnologia", diz Moreira.


Luiz Carlos Moreira Gomes

Segundo Natal, "em geral o pessoal da informática costuma escolher uma linha de nomes parecidos", mas a origem de todos eles permanece desconhecida. Uma história curiosa está por trás do nome dado ao sistema de alunos de pós-graduação, o Fênix. "Ele não saía de jeito nenhum. Estava sendo desenvolvido desde 1986, e só em 1995, com iniciativa do DI, ele foi finalmente implantado. Por isso foi batizado como a ave que ressurge das cinzas", recorda Moreira.

A equipe do DI, composta hoje de 50 funcionários, passa constantemente por momentos de tensão. "Um deles é quando todos os alunos resolvem fazer matrícula na última hora. Se há algum problema no sistema, temos que ficar aqui no fim de semana para fazê-lo funcionar. Isso cria uma nova rotina de trabalho e gera novas expectativas", assegura Natal. "Às vezes, o governo muda uma regra no pagamento dos funcionários e é preciso correr contra o tempo para não pagarmos multa", lembra.

Tanto para Moreira quanto para Natal, toda essa correria não se compara com a adrenalina dos seis meses que antecederam o bug do milênio, na virada de 1999 para 2000. Nessa época, o mundo temia uma grande pane nos computadores que não estivessem programados para fazer a correta leitura dos dígitos 00, representando o ano 2000. Moreira conta que os sistemas administrativos da primeira geração do Main frame corriam o perigo do bug e por isso foram reformulados, "mas na véspera da virada o Siaf ainda não estava totalmente adaptado para entrar como Mercúrio". Para Moreira, "seu lançamento não podia ser adiado. Dava um frio na barriga, passamos apertado, mas felizmente deu tudo certo", diz.

Dessa forma, a Universidade escapou de problemas tais como ter o sistema acusando alunos há mais de 90 anos na graduação. "Trabalhar no DI é viver perigosamente, porque o nosso público-alvo é muito grande", finaliza Moreira
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