osteoporose

 

 
por
Marcos Jorge


P
ara muitas pessoas, a terceira idade é tempo de se desligar das responsabilidades e dos compromissos profissionais e preencher o tempo livre com as atividades que dão mais prazer ao indivíduo. Entretanto, tão importante quanto o lazer é o cuidado com a saúde nesse período da vida. Um dos males que mais atingem o idoso é a osteoporose, doença que diminui a massa óssea deixando os ossos porosos e frágeis.

A perda óssea característica da doença começa a chegar bem antes da idade avançada. Nas mulheres ela começa já por volta dos 35-40 anos, mas é na terceira idade que as conseqüências da doença passam a afetar mais drasticamente o indivíduo.

Segundo dados apresentados em maio deste ano no Congresso Mundial de Osteoporose, ocorrido no Rio de Janeiro, cerca de 10 milhões de brasileiros sofrem com a doença. A maior parte desse grupo é formado por mulheres que já passaram pela menopausa, pois é nesse período que o estrógeno, hormônio que entre outras atividades regula a perda e o ganho ósseo, diminui, fragilizando o osso.

Para o reumatologista Flávio Calil Petean, do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, o maior risco que a doença apresenta é a fratura. “A fratura acarreta muita dor, limita a capacidade física do idoso e representa risco de vida por causa das complicações cirúrgicas”, afirma. De fato, estatísticas do congresso afirmam que a doença causa 2,4 milhões de fraturas por ano; desses pacientes, 200 mil morrem em decorrência dessas fraturas.

Apesar de ser a grande vilã entre as mulheres após a menopausa, a osteoporose atinge também o homem, principalmente aqueles com mais de 60 anos. Uma pesquisa da Universidade do Arizona (EUA) constatou um dado importante: por apresentarem o problema numa idade mais avançada que as mulheres, o índice de mortalidade por conseqüência de fratura no fêmur é de 31% entre os homens, enquanto para pessoas do sexo feminino, esse número cai para 17%.

As quedas representam o maior risco para o indivíduo que sofre de osteoporose devido à fragilidade de sua estrutura óssea. É o que afirma Angélica Yamaguchi, geriatra do Núcleo de Assistência Domiciliar Interdisciplinar (Nadi), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. “Um acidente que leve a uma fratura de bacia, por exemplo, acarreta um prejuízo não só fisico, mas também emocional”, afirma. “É muito difícil cuidar de um paciente com uma fratura dessas e a família muitas vezes acaba deixando-o num asilo, provocando um isolamento do mundo”, completa a médica.

Sendo o cálcio a principal substância que constitui o osso, uma das maneiras mais eficazes de prevenir a osteoporose é criar uma dieta rica nessa substância, como faz Cristina Aparecida Nunes, secretária do ambulatório da Ubas de São Carlos. Desde que foi diagnosticada a doença, quatro anos atrás, leite, legumes verdes, peixes e outros alimentos ricos em cálcio estão sempre na sua mesa. Foto crédito:Cecília Bastos

Cristina Aparecida Nunes

A funcionária descobriu que tinha o problema quase que por acaso, quando sentiu dores no braço durante o trabalho. “O médico achou que fosse uma LER (Lesão por Esforço Repetitivo), mas assim mesmo pediu um exame de raio-X, que acusou a osteoporose”, conta. Aos 41 anos, Cristina foi diagnosticada com osteoporose antes mesmo de ter passado pela menopausa, um caso relativamente raro, que os médicos atribuem ao fato dela ter amamentado dois filhos sem se preocupar com a reposição de cálcio.

O exame mais indicado atualmente para identificar o risco ou a presença da osteoporose é a densitometria. Ele avalia a densidade da coluna, bacia ou qualquer outro osso do esqueleto humano, comparando os resultados com os de uma pessoa da mesma faixa etária. Foi dessa forma que dona Alzira de Oliveira Corsalleti descobriu que tinha osteoporose, há cerca de dez anos. Desde então, dona Alzira, mãe da secretária do Jornal da USP, Cristina Corsalleti, está se tratando e já não sente mais as dores que a atingiam antigamente. Foto crédito:Cecília Bastos

Cristina Corsaletti

 
Como tratamento, além de já ter feito reposição hormonal, ela procura realizar exercícios pelo menos três vezes por semana. “Pela manhã, enquanto pratico uma caminhada em uma escola perto de casa, aproveito também para tomar sol”, conta dona Alzira. A exposição ao sol aumenta a síntese de vitamina D, fundamental para a absorção de cálcio pelo organismo. Evitar os excessos de tabaco e álcool também ajuda no tratamento. arquivo pessoal

Dona Alzira

Uma outra alternativa para saber o risco de desenvolver a osteoporose é um teste on-line em português disponível no site da International Osteoporosis Foundation (Fundação Internacional de Osteoporose) - uma organização não-governamental internacional que promove a prevenção, diagnóstico e tratamento da osteoporose no mundo. Ele consiste num questionário com cerca de dez perguntas que avaliam a sua propensão em desenvolver osteoporose até o fim da vida. Uma nota importante: apesar de recomendado pela IOF, o exame pela internet não dispensa a avaliação de um médico.