Dia de matrícula

 

 
por
Júlia Tavares


Uma multidão invade a FFLCH:

foto:Cecília Bastos



comportamento
Pessoas desaparecidas

 

Mesmo antes das nove horas, horário marcado para o início do primeiro dia de matrícula na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, a fila já está extensa. Acompanhados dos pais, os calouros vivem uma avalanche de emoções, um misto de alegria com nervosismo. Mal conseguem esperar para assinar toda a papelada e poder comemorar, finalmente, a entrada na USP. O que poucos imaginam é que, por trás das portas fechadas, um time de 21 funcionários da sessão de graduação da FFLCH já está trabalhando desde as 8h para garantir que tudo corra bem neste grande dia.

“Tem uma tensão especial, porque envolve a vida de uma pessoa que entrou no vestibular. Trabalhamos com a atenção redobrada, não pode haver erros, se não ela perde a vaga”, resume Hilton José Soares. Desde 1987, ele é o chefe do setor de graduação e coordena o trabalho nos três departamentos da FFLCH (Geografia e História, Ciências Sociais e Filosofia e Letras), bem como a organização dos dias da matrícula. Neste ano, a maior e mais antiga faculdade da USP deve receber 1.678 novos alunos.

foto:Cecília Bastos
Um time de 21 funcionários da sessão de graduação trabalha desde cedo para garantir que tudo corra bem neste dia especial para quase 1700 alunos

“A primeira tarefa é distribuir formulários aos calouros. Depois de preenchidos, eles entram na fila para entregar os documentos (histórico escolar do ensino médio e RG), que devem ser conferidos por nós. Então pegam uma segunda fila, para assinarem a lista da Fuvest e receberem o cartão provisório de aluno”, explica Rosely de Sá Oliveira, que é da sessão de alunos de Letras. Para ela, “a época de matrícula muda radicalmente a rotina de trabalho”. “Normalmente temos dois turnos de trabalho: manhã e tarde. Agora todos estão convocados das 8h às 16h”, conta Rosely.

foto:Cecília Bastos

“No dia da matrícula, trabalhamos com a atenção redobrada.” Hilton José Soares, chefe do setor de graduação da FFLCH.


Soares acrescenta que, no dia seguinte ao encerramento da matrícula, a correria continua: até as 11h, as listas de presença e dos pedidos de remanejamento de curso têm que ser entregues à Fuvest . “Temos que organizar fichas, colocar em ordem alfabética e conferir diversas vezes. É muita responsabilidade”, reconhece.

Para Thiago Ribeiro, funcionário da sessão de graduação de Geografia e História, os dias mais puxados do ano são os de retificação de matrícula, porque “junta a matrícula dos calouros com a dos veteranos numa época só”, diz. Aliás, fazer com que os calouros se lembrem da retificação é um grande desafio dos funcionários. “Deixamos todos os procedimentos bem explicados, procuramos oferecer o melhor”, reforça Maria Júlia Macedo, funcionária da mesma sessão com maior tempo de USP: 21 anos.

Esta é a terceira vez que as matrículas deixaram de ser feitas nas próprias unidades para se concentrarem no anfiteatro de Geografia, reservado para os calouros do curso de Letras, e o anfiteatro de História, com os demais cursos. O atendimento também foi dividido por ordem alfabética dos nomes: no 1 o . dia, de A a L, no 2 o ., de M a Z. “Antes dessa medida, quase 80% dos calouros vinham no primeiro dia. Agora a matrícula ficou mais tranqüila”, avalia José Eduardo Batista, chefe da sessão de alunos de Ciências Sociais e Filosofia.

Apostando na diminuição do tempo de conferência dos documentos por parte dos funcionários, Soares conta que, em 2006, a divisão dos dias será por período de curso: um dia vespertino, outro noturno. Essas mudanças partem de sugestões da equipe, diz ele, que começou a efetuar matriculas ainda antes da implantação do sistema informatizado Júpiter, em 1998.

E tanto trabalho para melhorar o atendimento aos alunos se mostra reconhecido. “Foi tudo bem claro e lúcido, sem demora e tranqüilo”, elogia Ancelmo Barreto, animado calouro de Geografia. Acompanhada dos pais corujas, a sorridente caloura de Letras Beatriz Fraga Pistinizi leva ótimas recordações. Nem mesmo o banho de tinta no rosto parecia tirar o bom humor da menina.
“Foi tudo bem claro e lúcido, sem demora e tranqüilo”. Ancelmo Barreto, calouro de Geografia Beatriz Fraga, caloura de Letras, com os pais Nicola e Márcia Cristina

“Barrar” alguns pais que querem entrar com os filhos no anfiteatro é tarefa que os funcionários precisam encarar algumas vezes. “Já vi gente acompanhada de pais, tios e avós, mas acho natural: eles querem saber onde o garoto está entrando”, conta Soares, que consegue manter a calma mesmo quando alguém o procura dizendo ter perdido o RG ou esquecido o histórico escolar.

Rosely Oliveira, da sessão de alunos da Letras, ressalta que, a partir daqui, começa o esforço para tratar os alunos de forma individualizada. “Cada nova carinha traz a perspectiva de novos relacionamentos. Dentro das possibilidades, a sessão de alunos procura trabalhar de forma humanizada, para que o aluno não se sinta um número dentro da Universidade”, diz.

Entusiasmo e expectativa também tomaram conta dos funcionários da USP Leste, mais novo campus da Universidade, que em 2005 recebe a primeira turma nos seus dez cursos: Lazer e Turismo, Tecnologia Têxtil e da Indumentária, Gestão Ambiental, Licenciatura em Ciências da Natureza, Sistemas da Informação, Gestão em Políticas Públicas, Ciências da Atividade Física, Marketing, Gerontologia e Obstetrícia. No total, são 1.020 vagas.

“Cada nova carinha traz a perspectiva de novos relacionamentos. Dentro das possibilidades, a sessão de alunos procura trabalhar de forma humanizada.” Rosely Oliveira, sessão de alunos da Letras.

“A matrícula aqui não é tão grande e tentamos organizar para não haver filas, mas infelizmente sempre acontece um pouquinho”, reconhece Andréa Pedroso, que é parte da equipe de 25 funcionários da USP Leste, toda transferida de outras unidades. Ela é moradora do Tatuapé e foi uma das interessadas em sair do Butantã para economizar tempo de locomoção até o trabalho: ao invés de gastar 1 hora, ela agora faz o trajeto em 20 minutos. “Estou muito contente. A expectativa da mudança e do início das atividades é grande em todo mundo, tem todo o novo que gira em torno da USP Leste”, diz ela, que veio do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas para ser assistente acadêmica no novo campus.


 

 

   


 
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