Postos de gasolina

 

 
por
Marcos Jorge


Um olho no carro, outro na bomba



comportamento
Pessoas desaparecidas

 

GASOLINA ADULTERADA NÃO É A ÚNICA IRREGULARIDADE EM POSTOS, PREVINA-SE


  Os proprietários de postos de gasolina que praticam irregularidades e adulteram combustível que se cuidem. Desde novembro do ano passado, o Procon/SP, o Instituto de Pesos e Medidas e a Secretaria da Justiça e Defesa do Consumidor juntaram forças para fiscalizar e combater práticas ilegais nesses estabelecimentos. De lá para cá, postos na Grande São Paulo, Baixada Santista, Jundiaí e Guarulhos já foram visitados pelos fiscais, numa ação chamada Operação De Olho na Bomba.
A medida já não era sem tempo, no final daquele mesmo ano, o Departamento de Inteligência da Polícia Civil visitou 238 postos na cidade de São Paulo e constatou um dado alarmante: 60% desses estabelecimentos vendiam gasolina adulterada.

“Encontramos postos que continham até 75% de álcool em sua gasolina, ao invés de ser álcool na gasolina era gasolina no álcool.”


Em poucos meses de operação, a fraude mais comum constatada pelos fiscais foi a adulteração do combustível. Atualmente, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) permite que a gasolina tenha 25% de álcool em sua composição. “Na operação, encontramos postos que continham até 75% de álcool em sua gasolina”, conta Sérgio Gianella, diretor de fiscalização do Procon. “Na verdade, ao invés de ser álcool na gasolina era gasolina no álcool.” Outra maneira de adulterar o combustível é acrescentar solvente à gasolina, foi o que aconteceu com Alcides Alves Soares, técnico administrativo da Coseas. Pouco antes de fazer uma viagem de 450 quilômetros, o funcionário abasteceu seu gol num posto desconhecido. “Percebi que o desempenho do carro piorou e passei a viagem inteira sentindo um cheiro muito forte de solvente no carro”, conta.


Foto: Cecília Bastos
“Na operação, encontramos postos que continham até 75% de álcool em sua gasolina”
Sérgio Gianella,diretor de fiscalização do Procon

Além do risco de ficar parado na rua ou passar uma viagem de quatro horas cheirando solvente, encher o tanque com combustível adulterado pode sair bem caro. Segundo o Francisco Nigro, professor da Escola Politécnica e diretor técnico do IPT, essa gasolina contém sujeiras que podem estragar o catalisador, corroer a parte metálica, prejudicar a bomba de combustível, entre outros prejuízos. É bom ficar atento porque alguns problemas no automóvel podem indicar gasolina ruim. “Em carros mais velhos, o excesso de álcool na gasolina faz o carro falhar e, no caso de solvente, pode atrapalhar na hora da partida do automóvel”, observa.

Essa gasolina contém sujeiras que podem estragar o catalisador, corroer a parte metálica, prejudicar a bomba de combustível, entre outros prejuízos.


Segundo o diretor de fiscalização do Procon, outra irregularidade encontrada é a adulteração da própria bomba do posto. “Além da qualidade, existe a questão da quantidade. Nesses casos a bomba é alterada para apresentar uma quantidade diferente de combustível da indicada no mostrador”, diz. A equipe de fiscais chegou a encontrar postos em que a cada vinte litros indicados na bomba, eram colocados na verdade 16,5 litros. “É uma defasagem de 18% a menos de combustível”, alerta.

Nesse caso o consumidor fica numa situação difícil, pois não tem como identificar esse tipo de fraude facilmente. Ainda assim, recomenda-se que o motorista saia do carro e confira se a bomba está zerada antes de abastecer o tanque, evitando pagar pela gasolina que não vai ser colocada no automóvel. Outra dica importante é estabelecer uma relação de fidelidade com o posto que você abastece. É o que faz a funcionária Maria Inês Cardillo, secretária da sessão técnica de informática do Instituto de Química. “Eu e meu marido abastecemos o monza sempre no mesmo lugar porque conhecemos bem o posto e nunca tivemos problemas com a gasolina colocada no carro”, afirma. “Com essa fidelidade, o motorista tem mais capacidade de controlar a qualidade do combustível colocada no automóvel. Se ele encheu o tanque e deu problema, é melhor mudar de posto”, explica Gianella, diretor do Procon.

O site da Secretaria da Fazenda disponibiliza a lista de postos autuados na Operação De Olho na Bomba, vale a pena conferir se o lugar onde você abastece o carro é tão confiável quanto se imagina.


Outra dica é pedir que o posto faça o teste da proveta, que analisa a quantidade de álcool que foi adicionado à gasolina. É obrigação dos postos ter o kit para fazer o teste, e um direito do cidadão pedi-lo. Outra dica é, na medida do possível, tentar evitar abastecer o carro em postos sem bandeira. Não que eles necessariamente ofereçam gasolina adulterada, mas durante a operação, o maior número de postos autuados não tinha bandeira. O site da Secretaria da Fazenda disponibiliza a lista de postos autuados na Operação De Olho na Bomba, vale a pena conferir se o lugar onde você abastece o carro é tão confiável quanto se imagina.

 

   


 
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