No Dia Mundial da Saúde, comemorado em abril, a Organização Panamericana de Saúde e a Organização Mundial da Saúde irão lançar uma campanha pela redução das mortes de crianças, principalmente aquelas relacionadas com complicações na gravidez e no parto. Segundo dados da OMS, a cada ano morrem cerca de 11 milhões de crianças no mundo, sendo que 40% dessas mortes ocorrem no primeiro mês de vida. “No Brasil, a mortalidade até o primeiro ano de vida ainda é alta, mas as causas podem ser evitadas com uma boa assistência à saúde da gestante e do recém-nascido”, alerta Lílian Santos, pediatra do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas.

“No Brasil, a mortalidade até o primeiro ano de vida ainda é alta, mas as causas podem ser evitadas com uma boa assistência à saúde da gestante e do recém-nascido”

Segundo Lílian, a morte dos recém-nascidos normalmente está relacionada à prematuridade, baixo peso, infecções, insuficiência respiratória e asfixia perinatal (ou próxima ao parto). “É no primeiro mês que o bebê está mais suscetível às infecções, e o risco só diminui depois de um ano”, afirma, lembrando que o aleitamento materno é essencial para levar anticorpos que irão proteger o organismo do bebê.

“A gravidez melhor é aquela super planejada, em que o casal procura o ginecologista, faz exames e investiga o status imunológico para possíveis infecções ou outras doenças”

Mário Burlacchini, obstetra do HC, lembra que as causas de morte das crianças começam com complicações maternas como pressão alta, diabetes, artrite grave, desnutrição e falta de vitaminas, uso de drogas ilícitas e cigarro, ganho de peso acima do normal (cerca de oito quilos) e infecções por doenças como a rubéola. “A gravidez melhor é aquela superplanejada, em que o casal procura o ginecologista, faz exames e investiga o status imunológico para possíveis infecções”, recomenda ele, explicando que, mesmo antes de engravidar, a mulher já pode tomar suportes de polivitamínicos como o sulfato ferroso e o ácido fólico, famoso por prevenir anemia e má-formação grave do feto.
“Procurei uma dieta mais balanceada. Antes, não costumava comer frutas. Também cortei os lanches”

Ana Lúcia de Mello, do setor de eventos do centrinho de Bauru , já é “mãe de segunda viagem”. Ela engravidou a primeira vez há três anos e teve outro bebê faz sete meses. Nas duas vezes, não houve planejamento, mas ainda assim, ela fez todos os processos do pré-natal e logo começou a tomar o ácido fólico. Entre as mudanças de hábito durante os meses em que esteve grávida, Ana Lúcia conta que parou de fumar e melhorou a alimentação. “Procurei uma dieta mais balanceada. Antes, não costumava comer frutas. Também cortei os lanches”, diz.

A melhora na alimentação também foi a principal mudança no dia-a-dia de Cristina Vilela, diretora técnica do serviço de biblioteca da Escola Politécnica. Apesar disso, ela passou por dificuldades no parto. “Há 30 anos não existia tanta facilidade em fazer cesariana, e meu médico sugeriu que tivesse o parto normal. Mas a bolsa estourou quando estava com oito meses e pouco de gravidez, e eu nem sabia o que estava acontecendo. Fiquei das 8h às 19h em trabalho de parto, foi um sofrimento”, lembra.

No segundo parto, Cristina teve uma hemorragia. “Quem correu risco de vida fui eu”, diz, mostrando que, apesar de ter feito o pré-natal com um ótimo especialista e ter seguido todas as recomendações médicas, em alguns casos as reações do organismo não estão sob controle. Por isso, Lílian reforça a importância de continuar com um acompanhamento periódico do pediatra (preferencialmente mensal), quando a mãe

será inclusive orientada para seguir corretamente o esquema completo de vacinas. No dia 7 de abril, a Opas e a OMS pretendem promover recomendações como estas a governos, empresas, ONGs, comunidades e indivíduos, na luta em comum para que toda mulher tenha o direito de uma gravidez e um parto fora de risco e que as crianças tenham direito a uma vida saudável.