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por
Marcela Delphino


A maioria das pessoas considera o mau humor um defeito, mas não é sempre assim. Ele pode ser símbolo de poder e, até mesmo, ser usado como artifício de sedução. Passageiro ou crônico, existem diversas atitudes simples que minimizam os efeitos dessa bomba armada, para benefício do mal-humorado e daqueles que o cercam.

Baixa auto-estima, estresse, hábitos de família, estas são algumas das origens possíveis para o mau humor. Além dessas razões, a professora Ana Cristina Limongi, do Departamento de Administração da FEA em São Paulo, explica que essa postura “pode estar relacionada com a posição ocupada ou a imagem que a pessoa quer passar no ambiente de trabalho”. E, ainda, “pode ser uma forma de sedução. Na hora da conquista, a pessoa fica emburrada para chamar a atenção”, completa. Além da reação a acontecimentos isolados, “existe o mau humor crônico, quando ocorre com grande freqüência e a pessoa não tem uma visão crítica da situação”, explica a especialista em comportamento humano e qualidade de vida. Diante de circunstâncias tão distintas, as maneiras de lidar com o mau humor variam bastante. Em alguns casos, a cura depende da ação conjunta, promovendo palestras e grupos de discussão, ou de uma mudança cultural.

foto:Cecília Bastos
Essa postura “pode estar relacionada com a posição ocupada ou a imagem que a pessoa quer passar no ambiente de trabalho”
Ana Cristina Limongi

Há diversos motivos particulares para ficar mal-humorado, assim como existem inúmeras estratégias para suavizá-lo, especialmente em um ambiente como o espaço de trabalho. “Tenho paciência, discutir não é vantagem. O melhor é levar as coisas numa boa”, afirma João Mosta, jardineiro na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto.

Para algumas pessoas, o melhor é tomar uma atitude, afinal passamos a maior parte do nosso tempo no trabalho. “Eu prefiro sempre tomar a iniciativa de conversar, porque às vezes você acha que o problema é com você e não é”, afirma Cláudia Lieri, locutora da Rádio USP em São Carlos.

“Tenho paciência, discutir não é vantagem. O melhor é levar as coisas numa boa”
João Mosta

Responder com maturidade, propor que a conversa aconteça em outro momento e nunca acusar o mal-humorado de seu comportamento são as saídas para escapar das suas reações. Além disso, existem outras estratégias, “oferecer um chiclete, fazer menos movimentos possíveis, falar em um tom de voz gostoso”, esses são os conselhos de Ana Cristina. Algumas culturas têm abertura para o uso do toque, como segurar a mão da pessoa, é o caso dos latinos, o que não acontece com povos nórdicos e do Extremo Oriente. “Aqui no trabalho eu espero, costumo ficar quieto e deixar a pessoa avaliar o problema, mas se tiver mais intimidade dou algum conselho”, conta Jean Pierre Chauvin, técnico para assuntos administrativos no Instituto de Biociências. Relacionar-se com pessoas mal-humoradas é apenas uma parte do problema, pois ninguém está livre de tornar-se uma delas a qualquer momento.

“Eu prefiro sempre tomar a iniciativa de conversar, porque às vezes você acha que o problema é com você e não é”
Cláudia Lieri

Neste caso, as principais táticas são repousar, praticar atividades físicas e ter um relacionamento amoroso. “Ter um relacionamento amoroso gostoso ajuda a aliviar o mau humor, pois resgata a energia da vida”, afirma Ana Cristina. Respirar profundamente, andar, tocar algum instrumento, desenhar e beijar muito, são seus conselhos.

“Aqui no trabalho eu espero, costumo ficar quieto e deixar a pessoa avaliar o problema, mas se tiver mais intimidade dou algum conselho”
Jean Pierre Chauvin

Não esquecer de dormir, comer e descansar é essencial para a manutenção de um ambiente de trabalho saudável. Ações simples podem fazer parte do cotidiano de quem quer evitar o mau humor, em seus colegas e nele próprio. Caminhar até o trabalho no dia em que sentir o mau humor chegando é um exemplo disso. Existem, ainda, grupos que discutem o tema, como a Associação Brasileira de Qualidade de Vida, fundada por Ana Cristina e que completou dez anos no dia 27 de abril. Na USP, funciona também o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gestão de Qualidade de Vida no Trabalho , que através de reuniões temáticas promove debates sobre assuntos como humor e trabalho.

 

 
 
 
 
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