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por
Marcela Delphino

foto:Nelson Kon

O LONGO E TORTUOSO CAMINHO PERCORRIDO PELO MUSEU, DE PEQUENA GALERIA A MILHARES DE OBRAS


O
mais antigo museu de arte brasileiro tem muitos motivos para comemorar os seus cem anos, afinal de contas não é sempre que uma pequena galeria se transforma em um acervo superior a 6 mil obras, em diversas técnicas e de autoria de mais de mil artistas. A intenção é incentivar o exercício da cidadania, pela educação do olhar e a sensibilização do espírito, através de um vasto panorama da arte brasileira dos séculos 19 e 20.

Ao longo do último século, a Pinacoteca acompanhou as mudanças na atuação dos museus, começou como um espaço restrito a especialistas e, hoje, recebe vários segmentos da sociedade. Muitas pessoas são atraídas por suas mostras, que podem ser temporárias ou de longa duração, quando é exposto seu próprio acervo, modesto na época de sua fundação.


Quando foi inaugurada, em 14 de novembro de 1905, a Pinacoteca contava com doações de obras de Almeida Júnior, Pedro Alexandrino e Oscar Pereira da Silva, dentre outros. Todas abrigadas em uma única sala no terceiro piso do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, projetado e administrado pelo arquiteto e engenheiro Francisco de Paula Ramos de Azevedo e onde funcionava também o Gymnásio do Estado.

A Pinacoteca só se tornou um órgão autônomo em 1911, quando a Lei nº 1.271 definiu-a como museu estatal. Um mês depois, em dezembro de 1911, foi inaugurada sua primeira grande exposição coletiva, “I Exposição Brasileira de Belas Artes”. No ano seguinte, recebeu a produção de vários artistas que eram Pensionistas do Estado no exterior, como Vitor Brecheret, Anita Malfatti, Túlio Mugnaini e outros. Essas doações para o Estado eram feitas em troca de bolsas de estudo em outros países e deveriam mostrar o aperfeiçoamento artístico dos autores.
foto:Clóvis França
 
A partir de 1930, o museu ficou fechado por dois anos. O período conturbado que envolveu a ascensão de Getúlio Vargas ao poder levou o prédio a abrigar um grupo escolar e, até mesmo, a transformar-se em alojamento militar. Em 1931, o acervo foi reunido e instalado na sede da Imprensa Oficial do Estado, dividindo o espaço e a direção com a Escola de Belas Artes de São Paulo até 1939, ano em que foi criado o cargo de diretor técnico da Pinacoteca do Estado.

O prédio do Diário Oficial foi desapropriado em 1947 e a Pinacoteca transferida novamente para o edifício do Liceu. Durante esses anos, a Pinacoteca voltou-se para a complementação de seu acervo em uma linha clássica por excelência, abrigando a arte do século 19. Em 1970, foi criado o Conselho de Orientação da Pinacoteca e, a partir daí, os critérios de escolha das obras foram redirecionados.


O tombamento do prédio foi oficializado em 1982, visando à preservação de um dos componentes do conjunto arquitetônico do bairro da Luz, característico da passagem do século em São Paulo. A recaracterização da Pinacoteca para conservação estrutural do prédio, bem como as adequações em suas instalações para abrigar um museu de artes plásticas, é incentivo para a revitalização de todo o seu entorno. Nele se inclui a Estação da Luz, A Estação Júlio Prestes e o Museu de Arte Sacra, entre outros. O antigo prédio do Dops, projetado por Ramos de Azevedo para servir de armazém da Cia. Sorocabana, foi totalmente restaurado e renasce como parte da Pinacoteca. Haverá espaço para um Centro de Memória, destinado à pesquisa e preservação de um acervo documental sobre a história da instituição, além de exposições e outras atividades, como a capacitação de professores.

exposição “Henry Moore – Uma Retrospectiva/Brasil 2005” . A maior mostra do artista já realizada fora da Europa

O centenário do museu inicia suas comemorações com a exposição “Henry Moore – Uma Retrospectiva/Brasil 2005” . A maior mostra do artista já realizada fora da Europa permanece em cartaz de 12 de abril a 12 de junho. As obras produzidas entre 1920 e 1980 evidenciam a inspiração que Moore busca nos elementos da natureza, em especial na figura feminina. Esta é a primeira de uma série de mostras que se estenderão até setembro de 2006, homenageando um século da Pinacoteca na tentativa de formar melhores cidadãos através da cultura.

Pinacoteca do Estado
Pça. da Luz, 2
T. (11) 3229-9844
H. de terça a domingo, das 10h às 18h
Ingressos: R$ 4 e R$ 2 (estudante com carteirinha), entrada franca aos sábados
 

 

 
 
 
 
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