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exposições
por
Claudia Costa e
Gabriela Sylos

Nave dos Insensatos

A exposição atual do MAC reúne os principais artistas brasileiros contemporâneos e aproveita para atualizar o acervo do museu

Estilos diferentes de fazer arte encontram uma unidade na exposição que está em cartaz no Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP. Em “Nave dos Insensatos” estão artistas brasileiros como Amílcar de Castro, Arcângelo Ianelli, Carlos Vergara, Claudio Tozzi, Luiz Paulo Baravelli, Maria Bonomi, Tomie Ohtake e Guto Lacaz. Em comum, o início da carreira a partir da década de 50 e a geração de uma rica produção até hoje. A exposição é fruto de uma parceria inovadora entre artistas e pesquisadores da casa, por meio de encontros que acontecem desde 2002 (Amílcar chegou a participar do projeto, mas faleceu no final do mesmo ano).

A mostra traz trabalhos de cerca de 17 artistas que, juntamente com os pesquisadores, escolheram obras recentes para acompanhar as que pertencem ao acervo do MAC. O intuito é retratar a produção artística continuada desses artistas ao longo das décadas, e iniciar uma campanha de atualização do acervo do museu, que se restringe a obras produzidas entre as décadas de 60 e 80. A idéia de atualização surgiu dos próprios artistas, que viam lacunas nas representações de seus trabalhos. A diretora do MAC e coordenadora-geral da mostra, Elza Ajzenberg, diz que a exposição é um incentivo às doações, para que assim o museu possa continuar mantendo seu caráter contemporâneo.

Mais do que continuar produzindo arte, os artistas escolhidos têm em comum a participação em mudanças importantes no Brasil. Ao fazer arte desde os anos 50, eles contestaram imposições políticas e sociais e/ou lançaram vanguardas ousadas e irreverentes na produção artística. “A grande maioria desses artistas passou pelo amadurecimento da arte brasileira, o Amílcar (de Castro) e a Tomie (Ohtake), por exemplo, fizeram parte do processo de abstração da década de 50”, comenta a pesquisadora e curadora Kátia Canton. Daisy Peccinini, outra das curadoras, cita o exemplo de Luiz Paulo Baravelli, que, na década de 80, fez pinturas que transgrediram o suporte convencional do quadro, transformando a própria imagem como suporte de si.

Nave dos Insensatos?

O título da mostra, sugerido pela diretora do MAC, soou estranho até para os próprios artistas quando o ouviram pela primeira vez. Mas logo ficou claro que “insensatos” aqui seria usado de forma simbólica. A expressão foi criada pelo pintor holandês que viveu na segunda metade do século 15, Hieronymus Bosch, mas pode ser analisada sob outros aspectos. Como uma associação ao mito da caverna de Platão, por exemplo, como diz Elza, quando era considerado insensato o homem que tinha visto a luz verdadeira além das sombras da caverna. O mesmo se pode dizer do próprio ato de ser artista, de resistir e insistir na atividade apesar da resistência da sociedade. “Todos estão no mesmo barco”, completa Elza.

Para que a discussão a respeito das obras e da evolução dos artistas não fique somente na exposição, palestras e debates estão sendo programados para ocorrer durante a temporada. O público terá a oportunidade de conhecer por meio dos próprios artistas e curadores a trajetória desses “insensatos”, que foram, e continuam sendo, importantes representantes da arte brasileira.


Museu de Arte Contemporânea
Rua da Reitoria, 160, Cidade Universitária
T. 11 3091-3039
Terça a sexta, das 10h às 19h, sábados, domingos e feriados, das 10h às 14h
Entrada gratuita
Até 3 de julho



Carlos Fajardo

Um dos mais importantes nomes da arte contemporânea, conhecido por misturar pintura com escultura, fazer uso da arquitetura e da fotografia, Carlos Fajardo não gosta de nomear sua arte e apresenta seu mais recente trabalho. É uma instalação interativa – em um jogo montado com cerca de 64 espelhos e luzes coloridas, os visitantes vão fazer parte da obra ao serem iluminados e suas imagens refletidas pela sala. Aliás, a imagem, a presença, o reflexo, são temas que vêm sendo trabalhados pelo artista ao longo de suas últimas obras.

Centro Universitário Maria Antonia
R. Maria Antonia, 294, Vila Buarque
T. (11) 3255-5538
H. segunda a sexta, das 12h às 21h, e sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h
Entrada gratuita
Até 12 de junho

A Herança dos Czares

Pela primeira vez no Brasil, uma seleção de obras vindas de vários museus do Kremlin de Moscou, algumas jamais exibidas em outros países, mostra a riqueza das cortes dos czares da dinastia Romanov, que liderou o Império Russo por mais de 300 anos. A mostra “A Herança dos Czares – Obras dos Museus do Kremlin de Moscou” reúne cerca de 200 peças datadas do século 16 ao 20 – são trajes da corte, jóias e objetos do cotidiano, além de suntuosas vestimentas sacerdotais e ornamentos religiosos, mostrando a importância da Igreja Ortodoxa, e ainda uniformes e adereços do exército.
Museu de Arte Brasileira da Faap
R. Alagoas, 903, Higienópolis
T. (11) 3662-7198
H. de terça a sexta, das 10h às 21h, e sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h
Entrada gratuita
Até 26 de junho

 

 

 
 
 
 
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