Em maio do ano passado Maria Guiomar Malheiro assumiu a função de assistente técnica de direção na Divisão de Recursos Humanos da Reitoria e reuniu sua equipe para um projeto nada fácil. Responsável pela área de treinamento e desenvolvimento na unidade, Guiomar e sua equipe queriam elaborar uma nova proposta para a destinação da verba de capacitação de funcionários na unidade.
foto:Francisco Emolo
Maria Guiomar, em pé, e sua equipe

Apesar da boa vontade e disposição da equipe, havia dúvidas sobre quais cursos seriam mais necessários e o que deveria ser priorizado. O consenso dentro da equipe era que a aplicação dessa verba deveria ser o mais abrangente possível. “Precisávamos ver como destinar essa verba para atingir o maior número de pessoas, para aproveitar melhor esse dinheiro. A questão seria como agir para que esse investimento chegasse a esses quase mil funcionários da Reitoria”, recorda.

A solução foi recuperar os formulários de avaliação de desempenho – um questionário onde os funcionários, entre outros dados, apontam as suas principais necessidades – e conseguir a autorização para usá-los. A partir daí, esses dados foram cruzados com as informações do MarteWeb, fornecendo nome, setor, função e a necessidade apresentada nos formulários. O produto final foi um verdadeiro dossiê que, atualizado pelos dirigentes, apresenta as principais demandas dos funcionários da Reitoria. Dessa forma, foi possível levantar cursos mais procurados e as áreas de serviço em que eles são requisitados. “Alguns cursos são bastante pedidos, como informática, mas nós temos que estabelecer alguns critérios. O principal é que o curso tenha uma aplicabilidade imediata com a atividade”, explica Guiomar. “Assim, nós abraçamos o maior número de pessoas, maximizamos a verba de treinamento e barateamos os custos.”

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Ana Maria Santana
É o caso de Ana Maria Santana, funcionária da USP há 19 anos, quatro deles trabalhando como recepcionista na Reitoria. Freqüentando as aulas de inglês há três meses, ela já teve a oportunidade de aplicar aquilo que aprendeu na sala de aula. “Algumas semanas atrás chegou um professor americano e eu tive que adicionar suas
informações para o cadastro no sistema. Ele até falava um pouco de português, mas o inglês foi muito útil para mim nesse dia porque além das perguntas, tive que encaminhá-lo até a sala de pesquisa”, relata a funcionária, orgulhosa.

Além do inglês que Ana Maria cursa, já existem turmas de espanhol e português, voltado mais para a prática, redação e interpretação de textos. Os professores integram o curso de idiomas da Faculdade de Letras, a maneira encontrada para usar recursos da própria USP. Dolores Braga é mestranda em Letras e uma das professoras de inglês que lecionam para os funcionários da Reitoria. Com experiência em aulas dentro e fora da Universidade, ela ressalta a característica desse grupo de alunos. “O interesse desses alunos é grande pois existe uma motivação interna, eles têm contato com estrangeiro e precisam dessa ferramenta para se comunicar”, explica.

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Dolores Braga  

O modelo usado pela equipe da Reitoria está dando certo e começa a se tornar referência dentro de toda USP. É o caso do curso de Direção Defensiva, que surgiu a partir das demandas dos relatórios e hoje já foi estendido para motoristas e agentes de vigilância de outras unidades. Mauro Marcos Lopes, motorista do Instituto de Geociências, é um dos muitos “estrangeiros” que fizeram os dois dias de curso. “Foi muito proveitoso e deu para ver pequenas coisas que a gente se esquece no trânsito, mas que fazem diferença”, conta. “Eles ensinam a dirigir não só para você, mas pelos outros também.”

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Mauro Marcos Lopes
As atividades de treinamento começaram em abril, e os primeiros funcionários foram convocados de acordo com a demanda dos formulários. Mais para frente, a intenção é abrir inscrições e criar novos cursos. Nos planos da equipe estão cursos sobre trabalho em equipe, aproveitamento do tempo e a criação de uma brigada de incêndio.