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ginástica laboral
por
Marcela Delphino

EXERCÍCIOS SIMPLES SÃO A SOLUÇÃO PARA QUEM FICA VÁRIAS HORAS REALIZANDO A MESMA TAREFA, NA MESMA POSIÇÃO

Ombros tensos e dores na região do pescoço, braços, mãos e coluna são sintomas familiares àqueles que passam o dia sentados em frente ao computador. A ginástica laboral pode ser a resposta para o fim desses incômodos. Dez a quinze minutos de alongamentos e relaxamentos trazem benefícios consideráveis. “A pessoa sedentária tem um grande ganho com esse tipo de exercício, que nada mais é do que uma atividade física realizada no ambiente de trabalho”, afirma Patrícia Sakai, professora do Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepeusp).

foto:Cecília Bastos

Patrícia Sakai
“Além da melhora física, há integração entre os participantes e aumento da auto-estima”, completa. No ano de 2003, “a Reitoria e o Cepeusp uniram forças para difundir a atividade pela USP”, afirma Patrícia, que coordena o Projeto Ginástica Laboral, com o professor Christian Klausener. Na Reitoria, “a ginástica laboral surgiu com um projeto no
curso de Multiplicadores de Qualidade, visando melhorar a qualidade de vida do funcionário no ambiente de trabalho e, hoje, tem cerca de 200 participantes”, conta Olga Miranda, presidente da Comissão de Qualidade e Produtividade da Reitoria do campus de São Paulo, que agrega diversos Grupos de Ação de Melhorias (GAM's). “Havia muita gente com tendinite, dor de cabeça, dor no punho, nós queríamos cuidar dessas pessoas”, afirma Rosana Simone, coordenadora do GAM Qualidade de Vida no Trabalho da Reitoria (QVTR), que engloba as atividades de ginástica laboral.

foto:Francisco Emolo

“O aumento da produtividade é inevitável, depois de praticar a atividade, voltamos para o micro mais acesos, rende mais”

Rosana Simone

A partir da Reitoria, outras unidades começaram a se interessar em ter o projeto desenvolvido com os seus funcionários. “Esse é o segundo ano em que a Comissão de Qualidade contrata estagiários da Escola de Educação Física e Esporte para aplicar a ginástica nas unidades que solicitam ao Cepeusp para integrarem o programa”, afirma Olga.
foto:Francisco Emolo

A ginástica laboral surgiu com um projeto no curso de Multiplicadores de Qualidade, visando melhorar a qualidade de vida do funcionário no ambiente de trabalho e, hoje, tem cerca de 200 participantes”

Olga Miranda
“Faço os exercícios duas vezes por semana e, também, quando sinto dores nas mãos, no punho e nas costas”, conta Kênia Camargo Goulart Stella, supervisora administrativa na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.


foto:Cecília Bastos

Faço os exercícios duas vezes por semana e, também, quando sinto dores nas mãos, no punho e nas costas”

Kênia Camargo Goulart Stella

Os estagiários são responsáveis por passar a seqüência de exercícios aos funcionários duas vezes por semana. Para ter efeito, a atividade deve ser praticada todos os dias, por isso são escolhidos líderes setoriais na unidade.
foto:Cecília Bastos

Renata Prates
“Quando o estagiário vai embora, eu escrevo tudo, porque toda semana mudam os exercícios, que são básicos, tanto que a gente consegue fazer com a roupa que vem para o trabalho”, conta Renata Prates, analista de sistemas e líder do Departamento de Informática (DI).

“O aumento da produtividade é inevitável, depois de praticar a atividade, voltamos para o micro mais acesos, rende mais”, comenta Rosana. “O pessoal se tornou adepto porque viu que fazia diferença no alívio físico e, ainda, tem a parte psicológica. De manhã todo mundo está meio de mau humor, depois da ginástica sempre voltamos a trabalhar melhor”, afirma Renata. “Mesmo assim, algumas pessoas não querem fazer, talvez por timidez”, completa.

foto:Cecília Bastos

Ginastica Laboral

“Não faço porque acho, do ponto de vista de exercício, que é pouco tempo, mas acredito que tem um valor social muito bom. Além disso, tenho um pouco de preguiça”, afirma Rubens Lucco, analista de sistemas no DI. “Se for feito com regularidade, todos os dias, esses 15 minutos serão suficientes para amenizar o problema. Agora, as pessoas que possuem a lesão já instalada precisam procurar um médico para identificá-la, tratá-la com fisioterapia e depois iniciar a ginástica laboral, que eu encaro como uma atividade preventiva”, alerta Patrícia.

foto:Cecília Bastos

Não faço porque acho, do ponto de vista de exercício, que é pouco tempo, mas acredito que tem um valor social muito bom. Além disso, tenho um pouco de preguiça”

Rubens Lucco

“Achei bem legal essa idéia da ginástica, ajuda a aliviar a tendinite causada pelo trabalho com informática e ainda dá disposição e é muito divertido”, afirma Márcio Kaneko, analista de sistemas do DI. Os exercícios são diferentes de acordo com o momento em que são feitos. Antes do expediente a ginástica é preparatória, aquece e
foto:Cecília Bastos

Márcio Kaneko
prepara o corpo para a atividade que vai desenvolver ao longo da jornada de trabalho, feita durante o expediente é compensatória, alonga a musculatura que foi muito solicitada e ao final é relaxante.

Infelizmente, “acontece muito de uma unidade querer participar desse projeto, mas quando as atividades começam a freqüência vai caindo. Se há desinteresse da unidade pelo número de pessoas que participam, nós a eliminamos, porque há outras na fila”, explica Olga. “A Física começou bem no ano de 2004, mas em 2005 nós fizemos várias tentativas para reanimar o grupo e não houve resposta. Então, no segundo semestre vamos ter que deslocar o funcionário para atender a uma nova unidade, o Centro Computação Eletrônica (CCE)”, afirma.

foto:Cecília Bastos

Christine e Alexandre


a atividade é praticada há aproximadamente dez anos e atinge vários setores do campus, onde cerca de 50% dos funcionários participam”

Christine Habib

Será realizado, no dia 17 de agosto, na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), o 12º Encontro de Qualidade e Produtividade da USP, em que será lançado um manual com detalhes sobre a ginástica laboral.No evento, Patrícia apresentará estatísticas numéricas que revelarão os efeitos dos exercícios na vida dos funcionários. Entre os índices estão dor, socialização, saúde física, aspectos emocionais, entre outros. “A integração entre os funcionários foi um dos índices que mais aumentaram com a laboral”, revela.

foto:Cecília Bastos


“O objetivo de tudo isso é levar o funcionário para o Cepeusp, que muitos nem sabem que existe. A ginástica laboral é uma atividade básica, mas quem quer manter um condicionamento físico precisa se integrar a uma atividade mais ‘forte'”, afirma Patrícia. Nas férias o funcionário pára de ir até as unidades e as aulas acontecem no Cepeusp pela manhã ou no fim da tarde.


Gisele de Cássia
Os projetos de ginástica laboral não se restringem à capital. “No campus de São Carlos, começou há três anos no Instituto de Física e hoje existe na maioria das unidades”, afirma Gisele de Cássia Martins, professora do
Centro de Educação Física, Esportes e Recreação (Cefer). Em Bauru, “a atividade é praticada há aproximadamente dez anos e atinge vários setores do campus, onde cerca de 50% dos funcionários participam”, revela Christine Habib, chefe da Seção de Eventos Culturais e Esportivos. No campus de Ribeirão Preto, “a ginástica laboral existe há cerca de cinco anos, hoje é feita na Seção de Parques e Jardins e na Prefeitura”, afirma Ângelo Bataglion Neto, professor do Cefer. Em Piracicaba, “a atividade é realizada desde 1998 e está associada a estudos de ergonomia, ou seja, como o homem pode trabalhar sem que haja agressões à sua saúde”, afirma Vera Lúcia Martinez Vieira, fisioterapeuta do Hospital Universitário.

 

 

 
 
 
 
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