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ioga
por
Marcela Delphino


O VERDADEIRO PAPEL DESSA PRÁTICA MILENAR, QUE, ALÉM DE TRANQÜILIZAR A MENTE, FAZ BEM AO CORPO

"A
ioga se vale dos exercícios físicos para acalmar as agitações da mente”, afirma Danilo Forghieri Santaella, professor de ioga no Centro de Práticas Esportivas (Cepe). O estresse gerado pelas situações a que estamos diariamente sujeitos resulta em males psicossomáticos, os músculos ficam tensionados, a respiração ofegante e o coração acelera. “Quando pratico ioga sinto relaxamento e seus efeitos, como diminuição da ansiedade, calma e paz interior”, conta Ednalva Souza, psicóloga do HU, que pratica há vinte anos.

foto:Cecília Bastos

Danilo Forghieri Santaella
“Através de alongamentos do corpo, estando com a coluna saudável, a musculatura tranqüila e os órgãos internos funcionando corretamente, provoca-se uma reação fisiológica de diminuição da freqüência cardíaca e respiratória”, explica Santaella. “Um problema na coluna me levou a fazer ioga, com isso melhorei bastante, inclusive a postura”, conta Silvana Macedo, técnica administrativa no Instituto de Geociências.“Comecei buscando os benefícios físicos, mas acabei descobrindo os psicológicos, eu era muito ansiosa e tensa”, completa. A ioga não precisa ser praticada numa sala de aula, seus princípios podem ser aplicados no dia-a-dia. “O objetivo é que os praticantes desenvolvam autonomia”, afirma Santaella. “Não faço ioga para ter um corpo bonito, busco qualidade de vida. Aprendi as posturas no Cepe e agora pratico em casa todas as manhãs”, conta Denize Stumpf, secretária do curso de graduação do Departamento de Administração da FEA.

 

foto:Cecília Bastos
“Quando pratico ioga sinto relaxamento e seus efeitos, como diminuição da ansiedade, calma e paz interior”

Ednalva Souza

A ioga mais tradicional, Ashtanga Yoga, se divide em oito preceitos, que são normas éticas de ser e estar no mundo. Esses princípios envolvem verdade (yamas), não-violência (niyamas), posturas (asanas), exercícios respiratórios (pranayamas), abstração dos sentidos (pratiahara), concentração (dharama), meditação (dhyana) e iluminação (samadhy).

foto:Cecília Bastos
“Comecei buscando os benefícios físicos, mas acabei descobrindo os psicológicos, eu era muito ansiosa e tensa”

Silvana Macedo

Todos conduzem a um único objetivo, relaxar a mente. Ao praticar as posturas, a pessoa não pode ser violenta ou mentirosa consigo mesma, se machucar ou querer chegar onde a sua flexibilidade não deixa, tem que estar estável e confortável. Isso faz com que module a respiração, deixe de prestar atenção no que está acontecendo à sua volta e concentre-se em si mesma. Eventualmente, pode ocorrer algum estado meditativo.

foto:Cecília Bastos
“Não faço ioga para ter um corpo bonito, busco qualidade de vida. Aprendi as posturas no Cepe e agora pratico em casa todas as manhãs”

Denize Stumpf

Atualmente, a confusão entre fundamentos e conseqüências da ioga leva muitas pessoas a praticar o power yoga, yengar yoga ou ashtanga viniasa yoga. “Nós que acreditamos na tradição não os consideramos ioga de verdade, isso é ginástica disfarçada de yoga”, afirma Santaella. Essas práticas são tidas como deturpações do Hatha Yoga, aquele que começa pelas posturas. “A cobra é uma postura que foi muito deturpada. Você já viu cobra com braço? Só se for mutante”, brinca Santaella. “Uma postura da cobra que depende do braço, não tem alinhamento nenhum e não massageia os órgãos não é uma postura de cobra”, completa.

foto:Cecília Bastos
“Pratico há um ano e meio, após a aula sinto bem-estar e melhora da disposição geral”

Maria Lúcia Vital Abib

As posturas invertidas, que colocam a maior parte do corpo acima do nível do coração, se praticadas com assiduidade, geram efeitos saudáveis ao sistema cardiovascular e respiratório, aumentando o consumo de oxigênio. A ioga, em que tudo está integrado, é um sistema filosófico-prático que possibilita ao praticante dedicado um melhor funcionamento do corpo e da mente, como diminuição das alterações do humor. “Nada deve ser imposto, pode-se começar por qualquer um dos oito fundamentos e os outros serão decorrentes”, acredita Santaella.

“Pratico há um ano e meio, após a aula sinto bem-estar e melhora da disposição geral”, afirma Maria Lúcia Vital dos Santos Abib, professora da Faculdade de Educação. Os praticantes, descalços ou de meia, não devem fazer as aulas de estômago cheio e a roupa deve ser confortável. No Cepe há classes para a terceira idade, para a comunidade interna em geral e para a comunidade externa entre 30 e 50 anos. No interior, as aulas são oferecidas através de projetos ligados aos campi de Bauru, Piracicaba e Ribeirão Preto.

 

 

 
 
 
 
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