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inverno
por
Marcos Jorge


Ao contrário do que ocorreu nas últimas vezes, este ano o inverno chegou com pontualidade – e intensidade – inglesas. Um dia depois do início da mais fria das quatro estações, os termômetros paulistanos registraram a madrugada mais fria do ano, em que a mínima chegou aos 11,7 graus. Há quem diga que o inverno tem um glamour por ser a estação mais romântica do ano, argumentando que essa é a época ideal para os namorados ficarem juntinhos, mas os médicos não compartilham da mesma opinião. Para eles, o inverno é o período de aumento nas internações nos prontos-socorros por conta de gripes, resfriados e outros problemas respiratórios.

“Há um aumento de atendimentos por problemas respiratórios nos prontos-socorros com a chegada do inverno”, afirma o médico Oswaldo Moreira Leal, clínico geral do Hospital Universitário da USP. Em geral, são de crianças e idosos os grupos que mais sofrem na época do frio, mas indivíduos com problemas respiratórios também precisam ficar atentos. “Nós atendemos muitos asmáticos, por exemplo, mas não só no inverno, às vezes esses pacientes pioram só por conta da mudança de temperatura”, explica.

foto:Cecília Bastos
Na hora de dar aulas, às vezes, ela atrapalha, é um pouco desconfortável, mas não chega a ser um tormento”

Mariana Cabral de Oliveira

A professora Mariana Cabral de Oliveira sabe bem o que é isso. Ela já aprendeu a conviver com a asma e há muito tempo não tem crises, mas a rinite ainda insiste em atacar quando a temperatura cai. “Na hora de dar aulas, às vezes, ela atrapalha, é um pouco desconfortável, mas não chega a ser um tormento”, afirma a professora, que em suas aulas no Departamento de Botânica do IB tenta, na medida do possível, trocar o giz e o quadro-negro pelas transparências e datashows. “Morar em São Paulo também é outro problema para mim por causa da combinação entre frio e poluição”, explica. De fato, o inverno em São Paulo é um período muito seco e, sem a chuva, não há dispersão de poluentes.

Mas o inverno também é um período em que as pessoas mudam os hábitos, e alguns deles ajudam a complicar a nossa saúde. “As pessoas ficam mais reclusas e mais próximas, o que facilita o contágio. Por isso nessa época acontecem epidemias de gripe, de resfriados, infecções virais, etc.”, explica Leal. Ainda sobre a mudança dos hábitos, o médico afirma que a saúde de muitos pacientes piora no inverno porque retiram do guarda-roupa agasalhos, malhas de lã e cobertores que não foram devidamente protegidos e passaram todos meses de calor acumulando pó. A solução é simples. Basta, alguns meses antes do inverno, lavar as roupas, principalmente lãs, deixá-las secando ao sol e ensacar as peças antes de guardá-las no armário novamente. Isso evita que o pó se acumule na roupa.

 
As pessoas ficam mais reclusas e mais próximas, o que facilita o contágio. Por isso nessa época acontecem epidemias de gripe, de resfriados, infecções virais, etc.”

Oswaldo Moreira Leal

Como se pode ver, o inverno, em função das conseqüências que traz à saúde do indivíduo, exige alguma prevenção. Não é à toa que o governo federal incentiva uma campanha de vacinação para idosos entre os meses de abril e maio. Dessa forma, o organismo já desenvolveu uma resposta conveniente para a vacina e está “fortalecido” quando o frio chegar. “Apesar de direcionada para idosos, os demais cidadãos, os pacientes com doenças respiratórias e causadas pelo cigarro, como enfisema, também deveriam se imunizar”, explica Leal.

foto:Cecília Bastos

Departamento de RH da Politécnica
 

Pensando assim que a Escola Politécnica realiza há quatro anos vacinação contra a gripe entre seus funcionários. “Não houve uma orientação por parte da Reitoria ou de ninguém, foi uma iniciativa do RH da Politécnica como benefício para o nosso funcionário”, explica Kátia Maria Ferlin, responsável pelo Recursos Humanos da unidade.

foto:Cecília Bastos
Não houve uma orientação por parte da Reitoria ou de ninguém, foi uma iniciativa do RH da Politécnica como benefício para o nosso funcionário”

Kátia Maria Ferlin


A campanha aconteceu em duas etapas durante o mês de abril e atingiu um total de 450 funcionários. Um deles foi Neusa Maria Bertozi da Silva, 49 anos, que a vida inteira sempre sofreu no inverno com gripes e resfriados e que em abril tomou a terceira dose da vacina. “Antes das vacinas costumava pegar gripes fortes, tinha que tomar remédios e cheguei inclusive a ter pneumonia um pouco antes de tomar a primeira vacina. Depois disso, quando fico doente, são só resfriados pequenos e alguns espirros”, conta a funcionária que também acha a USP um lugar “muito gelado” no inverno.

 

 
 
 
 
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