“Nós já tínhamos algumas ações isoladas, mas em 2000 o Ministério da Saúde lançou o Programa Nacional de Humanização Hospitalar, pedindo que os hospitais da rede pública tivessem representantes para sistematizar essas ações”, conta Nísia do Val Rodrigues Guimas, diretora do serviço social do HC. “O que nós fizemos foi juntar todas essas iniciativas e criar algumas outras.” Uma dessas ações partiu da equipe de nutrição. Nas visitas diárias que faz aos quase mil leitos do HC, a equipe percebeu uma certa aversão à figura do médico, principalmente com relação às crianças. “Elas tinham um pouco de medo da enfermeira ou de qualquer pessoa de branco, porque na cabeça delas isso já remetia a coisas ruins, dor, etc.”, explica Nídia Denise Bucci, uma das nutricionistas.
Foi no setor de internação de queimados, onde a alimentação é fundamental para a recuperação do paciente, que Luciana Solino, colega de Nídia, teve a idéia de criar um teatro de fantoches para “convencer” as crianças, de forma divertida, da importância de comer bem. “Nesse setor a maior parte dos pacientes tem entre um e dez anos de idade e chega a passar até dois meses internada”, conta. As nutricionistas, que até então se viravam para convencer os pacientes a comer bem, agora se vêem envolvidas na elaboração de histórias e exercícios de interpretação para levar adiante o projeto que já foi apresentado em congressos e está se tornando referência para outros hospitais.
“A profissão de músico é um mercado muito concorrido e hostil. A tendência dos alunos é de se isolar dentro de seu próprio mundo e atentar apenas para os problemas técnicos e da orquestra”, afirma o maestro, que leciona na USP há vinte anos e logo em sua primeira apresentação na direção da Ocam levou a orquestra para tocar na Casa do Zezinho, uma organização que atende adolescentes de baixa renda no Campo Limpo. “Eu sempre achei importante não perder a noção de quem você atende com a sua arte. ” A característica do projeto é se adaptar a estrutura do hospital em que vai tocar. Às vezes pode haver um auditório, mas em outras ocasiões os músicos se apresentam no corredor, hall de entrada e mesmo dentro dos quartos dos pacientes. Cerca de quinze dias antes da apresentação, os pacientes, na maioria crianças, já vão criando seus próprios instrumentos para “acompanhar” a orquestra. Chocalhos, latas e apitos são ouvidos ao lado de violinos, violoncelos e instrumentos de sopro, tocando músicas de desenhos animados, sítio do pica-pau-amarelo ou folclóricas. Os resultados dessas iniciativas não são medidos por tabelas de recuperação ou trabalhos científicos, mas sim pelo sorriso no rosto de cada criança atendida, como foi o caso de uma paciente de sete anos do Hospital São Camilo que, após acompanhar a Ocam, disseram os médicos, saiu de um caso de depressão profunda. “A música vira um bálsamo para todos no hospital. Por ali passa o paciente, passa o funcionário, a enfermeira, os pais e todo mundo pára para ouvir a música”, conta Andréa (?), funcionária da orquestra. Doutores da Alegria – o filme A diretora Mara Mourão conta a história dos Doutores da Alegria, ,transporta o espectador para o dia-a-dia dos hospitais e registra a transformação provocada no ambiente com a chegada desses especialistas em “Besteirologia”. O encontro entre o palhaço e a criança altera as relações sociais, fazendo rir e pensar ao mesmo tempo. São cenas divertidas, depoimentos tocantes registrados em hospitais como Hospital das Clínicas, Hospital da Criança e em lugares distintos como Bolsa de Valores, Mercado Municipal e fábricas. A trilha sonora foi especialmente composta pelo músico Arrigo Barnabé. |