cultura
 
 

Casa das Caldeiras
por
Marcela Delphino

 foto:Francisco Emolo

O CONTRASTE ENTRE ANTIGO E NOVO FAZ DA CASA DAS CALDEIRAS UM LOCAL DIFERENTE E INSPIRADOR


A Casa das Caldeiras, que serviu por muito tempo como espaço gerador de energia, foi construída para abrigar as caldeiras do antigo parque industrial Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo. Em 1986, houve o tombamento do prédio, considerado patrimônio histórico e, hoje, além de eventos sociais, incentiva a produção cultural principalmente através de residências de companhias de arte. A importância histórica da Casa se deve ao fato de ter participado do primeiro parque industrial brasileiro, que inaugurou a idéia de verticalização da produção no País.

foto:Francisco Emolo

Karina Saccomano Ferreira
De 1920 até a desativação das caldeiras, entre os anos 50 e 60, a prédio passou por inúmeras obras e ganhou alguns anexos. “Foi sendo construído e remanejado ao longo
de seu funcionamento”, afirma Karina Saccomano Ferreira, diretora da Casa e arquiteta. Quando já não estava mais no auge de seus negócios, a família Matarazzo pensou, até mesmo, em transformar o terreno em um shopping center e, em função disso, derrubou todo o parque industrial de 100 mil m². Restaram apenas a Casa das Caldeiras e a Casa do Eletricista, espaço que também abriga produções artísticas.

O projeto urbanístico responsável pela construção de prédios e avenidas no entorno da Casa cuidou também de iniciar sua recuperação. Desde então já se pensava em desenvolver alguma atividade cultural no local e a primeira experiência foi com o Arte Cidade em 1998, projeto de Nelson Brissac, que trabalha com intervenções urbanas e questionamentos da cidade. Com o restauro aconteceram eventos esporádicos e a Casa sofreu adaptações mais adequadas a esse novo mundo. A promoção de eventos comerciais e sociais possibilitou autonomia ao local, que passou a trabalhar com as portas abertas para projetos artísticos.

foto:Francisco Emolo


Em 2002, “duas experiências nos fizeram enxergar uma possibilidade interessante, da qual a cidade tinha uma carência forte, que é trabalhar com residências, ou seja, abrigar companhias em processo de criação”, explica Karina. O Coletivo Cavallaria, grupo de dança contemporânea, e o Enteléquia, grupo performático, ensaiavam e montavam suas apresentações na Casa. Normalmente, os artistas estão interessados na comunicação da peça com o espaço, que é o cenário e muitas vezes o personagem do espetáculo. Depois de receber esses dois grupos, aconteceram algumas peças de teatro, exposições soltas e lançamentos de livros.

foto:Francisco Emolo
“Temos flexibilidade e zero de burocracia. Sentamos, discutimos e saímos fazendo”, conta Karina. A coreógrafa Luciana Brites, uma das bailarinas do Coletivo Cavallaria, trouxe da França a idéia de trabalharmos com residências e começamos a fazer parte das artfacturies, rede internacional que promove esse tipo de trabalho com os artistas. Inserido nessa iniciativa, a Cia. Vu-ha, da Escola de Comunicações e
Artes, iniciou desde o ano passado um trabalho de residência com o projeto Evergreen, cujo objetivo era montar um espetáculo numa fábrica, como parte da ficção e do cenário.

Ravel Cabral Jorge e Adriana La Selva, diretores da Vu-ha, fizeram debates, palestras, criaram discussões, “a peça nasceu aqui e esta é a base do nosso projeto”, garante Karina. “Não temos interesse comercial, queremos que os artistas tenham um espaço de convívio e convergência de diferentes projetos, onde possam aprofundar suas pesquisas”, completa. A Casa do Eletricista, local de muitos ensaios, funciona como sede das residências, coordenadas pelo Núcleo Cultural Casa das Caldeiras.

foto:Francisco Emolo



No dia 31 de agosto, Tom Zé se apresenta através do projeto Trama Universitário, que pretende reunir a comunidade acadêmica em torno de três pilares: música, informação e trabalho. O show acontece como numa peça de teatro, com histórias narradas em canções que falam sobre a segregação da mulher e o amor. O evento, gratuito e exclusivo para estudantes universitários, começa às 22h com o DJ Jorge Du Peixe e os interessados devem se cadastrar no site www.tramauniversitario.com.br do projeto e seguir suas instruções. A Casa das Caldeiras não está aberta à livre visitação, mas quem deseja conhecer o lugar pode telefonar para 3873-6696 ou enviar um e-mail.

Casa das Caldeiras
Av. Francisco Matarazzo, 2.000
Água Branca
T. 3873-6696

 

 
 
 
 
O Espaço Aberto é uma publicação mensal da Universidade de São Paulo produzida pela CCS - Coordenadoria de Comunicação Social.
Todos os direitos reservados®
e.mail: espaber@edu.usp.br