esportes
 
 

beisebol
por
Marcos Jorge



A
pesar de extremamente popular nos Estados Unidos, Japão e em países da América Central, o beisebol ainda é visto como um esporte excêntrico em terras brasileiras. Porém, na Universidade de São Paulo, especificamente, ele goza de certa popularidade e as faculdades com maior número de alunos já têm equipes formadas, é o exemplo da Medicina, FEA, Poli, entre outras.


A razão desse sucesso dentro da USP talvez se explique pelo número de descendentes de japoneses que freqüentam a Universidade e que herdaram da família a prática do beisebol. “No Japão, ele é extremamente popular e é exibido constantemente na televisão”, aponta o professor de História da Arquitetura da FAU José Eduardo Assis Lefèvre. Uma exceção à regra, Lefèvre teve contato com o esporte aos dez anos, num acampamento para crianças, e aprendeu as regras, posições e um pouco da tática do jogo. Contudo, foi em 1983, numa viagem ao Japão por conta de uma bolsa de estudos, que o professor teve idéia da popularidade do esporte naquele país. Algo semelhante à paixão que os brasileiros dedicam ao futebol. “O beisebol tem uma tensão que não existe no futebol. A ação acontece poucas vezes e é concentrada em alguns momentos, diferente de futebol em que a bola praticamente não pára de rolar”, destaca o professor.


O beisebol tem uma tensão que não existe no futebol. A ação acontece poucas vezes e é concentrada em alguns momentos, diferente de futebol em que a bola praticamente não pára de rolar”

José Eduardo Assis Lefèvre


Se entre os alunos ele é bastante praticado, entre funcionários e docentes também é possível encontrar pessoas envolvidas com o esporte. Para não fugir à regra, eles têm também seus vínculos com a Terra do Sol Nascente, sendo filhos ou netos de japoneses. Jorge Maruta, editor de fotografia do Jornal da USP, é um desses funcionários envolvidos com o beisebol. Tudo começou em 1994, quando o filho Fabio resolveu dar as primeiras “tacadas”. “Ele tinha uns oito anos e um amigo da escola o convidou para jogar beisebol. Ele nunca tinha praticado, mas gostou do esporte de primeira”, lembra. De lá para cá a relação de Jorge com o beisebol só cresceu, e o sucesso do filho também. Fabio chegou a integrar a seleção brasileira que disputou o Pan-Americano quando tinha 15 anos.

O talento do filho é reconhecido pelos amigos e até por colegas da USP. Terezinha Tizuko Iamamura, funcionária do IEA, é uma das amigas que admiram a habilidade de Fabio no beisebol. O marido de Terezinha também jogou beisebol anos atrás, em Mogi das Cruzes, e o filho vez por outra ainda participa de alguns campeonatos, mas, atualmente, é a mãe quem se arrisca no campo. Ela pratica o softbol, uma espécie de “versão feminina” do beisebol em que as principais diferenças são o tamanho da bola (um pouco maior e mais leve) e o modo como ela é lançada (por baixo do ombro, quase como uma bola de boliche).

Todas as quartas-feiras à noite, Terezinha e suas colegas de equipe se reúnem no campo da Acenbo (Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira de Osasco) para jogar softbol e, principalmente, se divertir. “Acompanhando o dia-a-dia do filho e do marido no esporte, acabei me envolvendo, começando a jogar uma bolinha ou outra, dar umas rebatidas. Aí começa a dar aquela vontade de aprender”, conta a funcionária, que não se considera uma fanática. “Eu gosto mesmo é de torcer pela família e pelos amigos.”

Acompanhando o dia-a-dia do filho e do marido no esporte, acabei me envolvendo, começando a jogar uma bolinha ou outra, dar umas rebatidas. Aí começa a dar aquela vontade de aprender”

Terezinha Tizuko Iamamura


Por ter pouco apoio de empresas e exposição na mídia, o beisebol no Brasil ainda é um esporte bastante amador. No caso de categorias de base, como alguns times da Acenbo, são os próprios pais que se envolvem na “cartolagem” e cuidam desde a inscrição dos atletas até o transporte e preparação de um jogo. Tal característica deu ao beisebol uma cara de esporte-integração, raro de se ver em outras modalidades. Os atletas e suas famílias quando vêm jogar na Acenbo, por exemplo, têm direito a um alojamento simples, porém confortável, e durante os jogos são os pais quem preparam toda a papelada e outros detalhes que antecedem as partidas. Enquanto isso, as mães estão preparando o lanche que será servido aos garotos após as partidas, tudo no maior espírito esportivo, que certamente encheria o glorioso Barão de Coubertin de orgulho

 

 
 
 
 
O Espaço Aberto é uma publicação mensal da Universidade de São Paulo produzida pela CCS - Coordenadoria de Comunicação Social.
Todos os direitos reservados®
e.mail: espaber@edu.usp.br