foto:Cecília Bastos

PROJETO LEVA CRIANÇAS DE DIVERSAS INSTITUIÇÕES AO MUNDO DIVERTIDO E CURIOSO DOS LIVROS

O acesso à leitura não é garantido pela simples presença de uma biblioteca. Para levar as crianças ao mundo dos livros é também necessário um incentivo extra, especialmente no princípio, quando ler ainda não é um dos hábitos do dia-a-dia. Foi pensando nisso que um grupo de escritores, ilustradores e profissionais ligados ao público infanto-juvenil se juntou para dar os primeiros passos rumos à concretização do Projeto Biblioteca Viva (PBV). Com 11 anos de vida, o programa alcançou cerca de 300 unidades espalhadas no País, onde se desenvolve a proposta de aliar leitura e recreação dentro dos centros educativos, de saúde e instituições sociais.
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As unidades públicas ligadas à rede do Sistema Único de Saúde com atendimento pediátrico, como é o caso do Instituto da Criança (ICr) do Hospital das Clínicas da USP, recebem a vertente Projeto Biblioteca Viva em Hospitais.

A organização acontece desde 2001, com parceria do Ministério da Saúde, Citibank e Fundação Abrinq. No ambiente hospitalar, em espaços reservados ou nos próprios leitos, os pacientes têm a chance de vivenciar o universo das histórias divertidas e curiosas presentes nos livros, esquecendo por instantes o incômodo da internação.

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“Procuramos deixar a criança chegar às suas próprias conclusões, mas tiramos dúvidas quando perguntam durante a leitura. Assim elas podem fazer a viagem que imaginarem”

Aidê Mitiê Kudo

A coordenadora-geral do programa no ICr, Aidê Mitiê Kudo, conta que 21 centros de saúde na cidade de São Paulo adotaram o PBV, pois a experiência tem sido bastante positiva. A primeira etapa na implantação do projeto é providenciar a capacitação de funcionários e demais voluntários que freqüentem a comunidade. Depois da passagem por um curso incluso no programa, eles se tornam os mediadores das histórias para os pacientes. “O mediador procura fazer a leitura sem interferências no conteúdo. Já o contador de histórias é mais subjetivo, faz mil caras e bocas, e transmite a sua interpretação”, explica Aidê. “Procuramos deixar a criança chegar às suas próprias conclusões, mas tiramos dúvidas quando perguntam durante a leitura. Assim elas podem fazer a viagem que imaginarem”.

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Os livros selecionados são coloridos e garantem interatividade com a meninada. Mais de 140 exemplares provenientes de doações fazem parte do acervo e se revezam para serem levados dentro de carrinhos próprios até os pacientes. Ao chegar perto das crianças, elas mesmas escolhem a leitura ou ficam com a sugestão do mediador. “A
melhor parte é ver as crianças felizes porque a gente está chegando”, diz Carla Guedes dos Santos, recreacionista no ICr. “Fazemos de tudo para não deixar ninguém triste. Os adolescentes não querem pegar um livro, mas ficam de olho quando estamos por perto com as crianças. Depois mudam de idéia e lemos para eles também”, completa.

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“A melhor parte é ver as crianças felizes porque a gente está chegando. Fazemos de tudo para não deixar ninguém triste”

Carla Guedes dos Santos

Patrícia Dantaleão da Silva, colega de trabalho de Carla, pensa, faz as contas e chuta um resultado aproximado: pelo menos 500 histórias lidas ao longo de um ano e meio participando do projeto. “Eu aprendo a cada história que leio para as crianças. É muito bom ver aqueles olhinhos e sentir a emoção deles. Mas é importante respeitar também os momentos de tristeza e dor, comuns nos hospitais.

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“É muito bom ver aqueles olhinhos e sentir a emoção deles. Mas é importante respeitar também os momentos de tristeza e dor, comuns nos hospitais.”

Patrícia Dantaleão da Silva

Além desses momentos com as recreacionistas, o projeto está em expansão para a creche do ICr. O novo acervo está quase pronto, foi selecionado e só precisa receber um reforço nas capas dos livros. Ao mesmo tempo, mais profissionais estão em processo de capacitação através do curso. “O grande ponto positivo do projeto na creche é que os funcionários treinados estarão prestando um serviço para seus próprios filhos e dos colegas de trabalho”, explica a coordenadora Aidê.

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“Gostava de fazer uma pausa no trabalho e poder me dedicar às crianças”

Sandra Regina Teixeira

Sandra Regina Teixeira trabalha no ICr e já foi mediadora. “Gostava de fazer uma pausa no trabalho e poder me dedicar às crianças. Sem contar que é uma ótima ajuda também aos pais e a nós mesmos, funcionários.” Valéria Duarte, também funcionária do ICr, tem dois filhos. Ela passou a ler bem mais para os pequenos, inspirada no projeto. “A leitura aguça a atenção e os deixa mais calmos e concentrados”, diz. O mais velho, de sete anos, já consegue ler sozinho, enquanto o mais novo ainda está na creche, pois nem chegou aos dois anos, mas prende seu olhar às páginas quando a mãe estende um livro à sua frente. “Acho ótima a idéia de contarem histórias para meus filhos. Tenho certeza de que ajuda muito no desenvolvimento deles.”

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“Acho ótima a idéia de contarem histórias para meus filhos”

Valéria Duarte

COLABORAÇÕES

O Projeto Biblioteca Viva em Hospitais aceita doações de livros infantis para o acervo da creche do Instituto da Criança. Os exemplares de qualidade e em bom estado de conservação podem ser encaminhados de acordo com as instruções da Assessoria de Comunicação e Relações Públicas da entidade. Mais informações no telefone (11) 3069-8531.
Mais sobre o PBV no site da Fundação Abrinq Pelos Direitos da Criança .