Também peças infantis participam da programação, entre elas Jorge, o Pescador Cego

A CIDADE DE SÃO PAULO TEM INFINITAS POSSIBILIDADES DE DIVERSÃO E OPÇÃO DE LAZER, MAS CERTAMENTE OS CENTROS CULTURAIS TÊM A VANTAGEM DE REUNIR EM UM MESMO ESPAÇO A VARIEDADE PAULISTANA.

O espaço cultural “oficial” da cidade, o Centro Cultural São Paulo, foi concebido inicialmente para abrigar uma extensão da Biblioteca Mário de Andrade, mas tornou-se um dos primeiros espaços culturais multidisciplinares do País. Inaugurado em 1982, oferece em seus quatro pavimentos (uma área total de 46.500 m 2 ) espetáculos de teatro, dança e música, mostras de artes visuais, projeções de cinema, oficinas e cursos. Além disso, tem um acervo rico de obras de arte e bibliotecas, incluindo a coleção da Missão de Pesquisas Folclóricas de Mário de Andrade.
Cena de Infiéis , uma das montagens que participam da maratona teatral este mês no CCSP
Em 2006 o CCSP começa concentrando suas forças no teatro. Além da reestréia de três peças que fizeram sucesso no ano passado, também promove a estréia nacional de Infiéis , do dramaturgo chileno Marco Antonio de La Parra , e A Construção , com texto de Franz Kafka. Infiéis , encenado pelo Teatro Kaus Companhia Experimental da Cooperativa Paulista de Teatro, com estréia prometida para o dia 6 de janeiro, entrecruza memórias de dois casais para discutir a infidelidade humana. Enquanto a performance solo de Wilson Julião em A Construção – que foi apresentada recentemente em Gênova e cidades italianas e estréia em São Paulo dia
13 – é sobre um estranho animal que constrói uma toca para se proteger do resto do mundo, apesar de ter consciência de que em algum momento terá que se deparar com seus medos e fantasmas.

Já as reestréias trazem de volta aos palcos dois indicados ao Prêmio Shell 2005. Um deles é Lourenço Mutarelli, indicado na categoria melhor autor por O Que Você Foi Quando Era Criança? , a primeira montagem da Companhia da Mentira, formada por atores do Centro de Pesquisa Teatral, coordenado por Antunes Filho. Em um cenário semelhante ao de história em quadrinhos, personagens peculiares, como um palhaço e uma mulher invisível, compartilham suas neuroses e incertezas. O outro é Henrique Schafer, indicado ao prêmio de melhor ator por O Porco que, com direção de Antonio Januzelli, retrata as lembranças de um porco prestes a ser sacrificado em um matadouro. As peças entram em cartaz respectivamente dias 10 e 18.

Em época de férias escolares, o CCSP não poderia deixar de lado a programação infantil; esta também teatral. São duas peças, A Vaca Lelé e Jorge, o Pescador Cego . A primeira está em cartaz a partir do dia 7 e narra a história do personagem Espantalho, que recorda em prosa e música a amizade da vaca Matilde, que sonhava em ter asas para voar. Enquanto Jorge... brinca com a imaginação ao retratar dois meninos relembrando as histórias do avô sobre um garoto que quer ser caçador e um pescador cego que, navegando pelo maior rio do mundo, encontra alguns protetores mitológicos da floresta – estréia dia 14.

Outro espaço cultural de destaque na capital é o Centro Cultural Banco do Brasil. Apesar de relativamente novo – foi inaugurado em 2001 – o CCBB abriga uma das melhores programações da cidade, valorizando o centro da capital. Além da programação cultural recheada, o prédio tombado de cinco andares e 4.183 m 2 oferece aos visitantes a oportunidade de conhecer uma arquitetura histórica de 1901, preservada até hoje.


Alô Alô Carnaval: Alô Alô Carnaval integra a mostra Cinédia 75, homenagem a produtora brasileira da década de 30.
Na programação de janeiro está a mostra de cinema que começa no dia 4: Cinédia 75 Anos, uma homenagem a uma das produtoras mais importantes da história da cinematografia brasileira. Serão exibidos filmes com figuras que marcaram a época, como Carmem Miranda que atua em Alô, Alô Carnaval (1936) e Grande Otelo em Romance Proibido (1944), ambos de Adhemar Gonzaga, que foi quem, inclusive, fundou a Cinédia em 1930, após estágios em Hollywood.

Entre as atrações musicais, o CCBB promove durante as terças de janeiro (a partir do dia 10) o Fenômeno das Novas Orquestras. A proposta é explorar iniciativas diferenciadas e novos conceitos de experimentação musical. Entre os convidados estão Barbatuques, grupo de percussão corporal, Siri, orquestra que alia música, performance, instalação e vídeo, e a Orquestra Popular de Câmara, que reúne instrumentos tradicionais (violino, piano) e populares (bandolim, acordeão).


A obra La nostalgia , de Sandra Ramos está na exposição Arte de Cuba, que estréia no fim do mês no CCBB

Fechando o mês, será inaugurada no dia 31 a exposição “Arte de Cuba”, que aborda desde o surgimento das vanguardas – quando a produção artística cubana ganhou de fato uma identidade própria – até as manifestações contemporâneas do país. É o mais significativo conjunto de peças já visto fora da ilha, totalizando 117 obras assinadas por 61 artistas, entre eles Wifredo Lam, Marcelo Pogolotti e Luis Martínez Pedro; a curadoria é de Ania Rodríguez. A nova mostra vem substituir “Erotica” e “Henfil do Brasil”.

A programação nos dois espaços é extensa; os outros centros culturais da cidade estão neste mês reestruturando o cronograma e reiniciam suas atividades em fevereiro.

Centro Cultural São Paulo
R. Vergueiro, 1.000, Paraíso
T. (11) 3277-3611

Centro Cultural Banco do Brasil
R. Álvares Penteado, 112, Centro
T. (11) 3113-3651