Pesquisa da Poli no centro da cidade mostra especulação imobiliária


P
esquisa de mestrado, do Departamento de Engenharia e Construção Civil da Escola Politécnica mostrou que é possível fazer com que a região central de São Paulo volte a ser valorizada sem prejudicar os donos de imóveis ou excluir a população de baixa renda.

De acordo com a pesquisa, o elevado número de imóveis vagos no centro antigo da cidade paulista não se deve a degradação da região, mas sim a especulação imobiliária. Para a pesquisadora e arquiteta Valéria Cusinato Bomfim, com a migração de grandes empresas para outras regiões como Paulista, Faria Lima e Berrine, o centro da cidade se popularizou e os preços caíram, mas isso não implicou queda no interesse pelos imóveis, contudo os proprietários preferem apostar no mercado futuro.

Valéria estudou o histórico e o perfil de ocupação nos distritos da Sé e República. Usando dados do Cadastro Territorial e Predial de Conservação e Limpeza (TPCL), da Prefeitura de São Paulo, ela fez um levantamento do total de área construída e do tipo de ocupação. A informação obtida através do TPCL foi cruzada com o resultado da pesquisa de campo feita pela arquiteta, na qual foram verificadas, por amostragem, a quantidade de imóveis vagos e as causas da vacância.

O resultado mostra que existem cerca de 1,8 milhão de metros quadrados de área construída, dos quais aproximadamente 18% dos imóveis estão vagos. Do total de imóveis vagos, 77% se destinam ao uso de comércio e serviços e apenas 21% para residência. No passado os proprietários alugavam o edifício inteiro, hoje a procura é por espaços menores, que possam atender pequenas empresas ou profissionais liberais. Para os proprietários isso se torna um problema, aumentar o número de locatários em um mesmo edifício gera um aumento de despesas administrativas.


Pesquisa da Medicina comprova aumento de casos de Tireoidite de Hashimoto

Estudo epidemiológico realizado pela Faculdade de Medicina e a Unidade de Tireóide do Hospital das Clínicas, em 2004 e 2005, constatou um aumento do número de casos de Tireoidite Crônica Auto-Imune, conhecida por Tireoidite de Hashimoto (TH), em função do consumo excessivo de iodo contido no sal de cozinha.

O estudo foi realizado em duas áreas da Grande São Paulo: São Bernardo do Campo e área vicinal do Pólo Petroquímico de Capuava (Mauá, Capuava e Santo André). O que motivou a escolha do lugar foi a suspeita levantada por uma médica de Santo André, de que estaria ocorrendo um aumento de casos de TH na região do Pólo Petroquímico de Capuava, devido a fatores ambientais locais (poluentes industriais). O episódio repercutiu entre as autoridades ligadas ao meio ambiente, que pediram à Secretaria de Estado da Saúde para investigar o caso.

A Tireoidite de Hashimoto é uma doença auto-imune que atinge mais mulheres, cujo organismo produz anticorpos contra a glândula tireóide, levando a uma inflamação crônica que pode acarretar o aumento de seu volume (bócio) e diminuição de seu funcionamento (hipotireoidismo).

Entre 1998 e 2003, os brasileiros consumiram mais iodo em decorrência de uma resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que aumentou a proporção de iodo no sal de 40-60 mcg/kg (microgramas por quilo) para 40-100 mcg/kg. Outra pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina, em 2001, com escolares (7 a 14 anos) de oito Estados brasileiros constatou o excesso de sal na população. Essa comprovação levou a Anvisa a rever a resolução de 1998. Em 2003, o órgão reduziu novamente o teor de iodo de 20-60mcg/kg de sal.

A adição de iodo ao sal é obrigatória no Brasil desde 1995. A carência de iodo no organismo é considerada um problema de saúde pública, podendo levar a doença como bócio e, no caso de gestantes, ocasionar o nascimento de crianças com rebaixamento mental e surdez congênita. Por outro lado, o excesso pode ter como conseqüência o aumento de TH e hipotireoidismo. O nível ideal recomendado pela Organização Mundial da Saúde é de 100 a 300 mcg/l (microgramas por litro).