Estudo epidemiológico realizado pela Faculdade de Medicina e a Unidade de Tireóide do Hospital das Clínicas, em 2004 e 2005, constatou um aumento do número de casos de Tireoidite Crônica Auto-Imune, conhecida por Tireoidite de Hashimoto (TH), em função do consumo excessivo de iodo contido no sal de cozinha.
O estudo foi realizado em duas áreas da Grande São Paulo: São Bernardo do Campo e área vicinal do Pólo Petroquímico de Capuava (Mauá, Capuava e Santo André). O que motivou a escolha do lugar foi a suspeita levantada por uma médica de Santo André, de que estaria ocorrendo um aumento de casos de TH na região do Pólo Petroquímico de Capuava, devido a fatores ambientais locais (poluentes industriais). O episódio repercutiu entre as autoridades ligadas ao meio ambiente, que pediram à Secretaria de Estado da Saúde para investigar o caso.
A Tireoidite de Hashimoto é uma doença auto-imune que atinge mais mulheres, cujo organismo produz anticorpos contra a glândula tireóide, levando a uma inflamação crônica que pode acarretar o aumento de seu volume (bócio) e diminuição de seu funcionamento (hipotireoidismo).
Entre 1998 e 2003, os brasileiros consumiram mais iodo em decorrência de uma resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que aumentou a proporção de iodo no sal de 40-60 mcg/kg (microgramas por quilo) para 40-100 mcg/kg. Outra pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina, em 2001, com escolares (7 a 14 anos) de oito Estados brasileiros constatou o excesso de sal na população. Essa comprovação levou a Anvisa a rever a resolução de 1998. Em 2003, o órgão reduziu novamente o teor de iodo de 20-60mcg/kg de sal.
A adição de iodo ao sal é obrigatória no Brasil desde 1995. A carência de iodo no organismo é considerada um problema de saúde pública, podendo levar a doença como bócio e, no caso de gestantes, ocasionar o nascimento de crianças com rebaixamento mental e surdez congênita. Por outro lado, o excesso pode ter como conseqüência o aumento de TH e hipotireoidismo. O nível ideal recomendado pela Organização Mundial da Saúde é de 100 a 300 mcg/l (microgramas por litro). |